eu fico ༻

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Eu já estava um pouco constrangido porque o de cabelos bagunçados ficou me encarando como se não me reconhecesse, mas logo veio em minha direção.

Pude reparar em como seus pelos do braço estavam arrepiados por causa do frio. Ele abriu e me convidou para entrar.

Do caminho do portão até eu sentar no sofá eu me perguntava o porquê eu tinha ido. Queria voltar porque estava muito envergonhado.

A sala onde estávamos era bem confortável. Havia dois sofás marrom escuro, um grande e outro pouco maior que uma poltrona. Na frente do sofá uma mesinha de centro um tanto quanto grande com livros, revistas e agora a chave que o menino jogara lá.

Havia uma porta alta cor de madeira e ao lado uma prateleira com alguns comprimidos e umas correspondências. A casa parecia silenciosa, mas antes que eu pudesse perguntar se havia alguém ele me surpreende.

Disse que ouviu as músicas que lhe indiquei e que ouviu em específico a música que eu havia cantado no dia que nos conhecemos. Paper Hearts.

Na hora não sabia onde enfiar minha cara porque eu gostava de cantar, mas me envergonhava quando fazia isso fora do banho.

O garoto pediu desculpas por não estar arrumado. Os seus cabelos estavam sim com uns fios bagunçados, estava com roupas muito confortáveis e descalço. Nunca na vida tinha visto alguém tão lindo quanto ele naquele momento.

Ele estava com uma cara de cansado, então me lembrei que ele estava doente e faltara uma semana na aula logo quando ele tossiu.

Perguntei o que ele tinha, mas não quis me explicar, ele mudou de assunto na verdade.

Kim Taehyung pegou o celular e começou a mandar mensagens para mim com músicas escritas. Uma delas me chamou atenção o nome. Singularity. Eu já estava ansioso para ouvir.

Por um momento esqueci que estava nervoso com a pergunta que ele queria me fazer, e comecei a pensar em como eu estava realmente afim dele.
Nunca saímos para um encontro de fato, não nos conhecíamos a mais que duas semanas, mas eu tinha certeza que ele mexia comigo.

Até que então ele interrompeu meus pensamentos apontando para a porta e entendi que precisava ir embora.
Na hora eu levantei e assim que abri a porta o de pés no chão riu de mim

O que estava acontecendo?

– Preciso tomar meus remédios – apontou para a prateleira que se situava quase encostada na porta – Não estou te expulsando.

Por Deus, que alívio.

– Ah – quase morri de constrangimento – Mas se precisar posso ir.

Ele discordou

– Eu não sei se você gosta de fotos, mas tenho algumas para te mostrar se quiser – coçou a nuca com alguns cabelos – Tenho vários álbuns e alguns cds de músicas.

– Claro, eu iria adorar – concordei porque qualquer coisa que eu fizesse ali com ele eu já estava satisfeito.

– Vem – segurou meu pulso com seus dedos gelados e andou ligeiro.

Chegamos a um quarto estreito que parecia menor com os móveis.

Havia uma cama de casal com uma manta bagunçada na cor amarela. Um travesseiro por cima de outro. Essa cama estava quase encostada em uma parede que havia uma janela. Em cima da cama perto da cabeceira estava um interruptor que facilitava acender e apagar a luz estando deitado. Na parede de frente à cama tinha uma escrivaninha com bastante coisa e uma cadeira giratória com rodinhas na cor vinho.

Na parede em que a porta estava tinha uma prateleira que ia quase do chão até o teto. Livros e cds nos andares perto do chão, mais nos do meio e alguns álbuns de fotografias e no último estava a câmera que ele me fotografou e uma bolsa do tamanho dela.

Ele pegou alguns álbuns e sentamos na cama. Comecei a passar cada foto

– Essa aqui eu tirei das árvores perto da casa do meu pai. Lá tem árvores lindas – apontando e mudando as folhas – Agora essa aqui é do vinhedo que tinha perto da minha antiga faculdade.

Ele explicava tudo com tanta empolgação que eu queria ver todas. Queria ver tudo o que ele podia me mostrar

– Esses aqui são de Jimin, alguns álbuns exclusivamente para fotos dele – disse ele rindo do amigo que reconheci da faculdade – Ele é todo charmoso. Olha. – apontando – consegue ficar bonito até fazendo careta.

Rimos, mas ele na última gargalhada mostrou um ar de cansaço.

Se acomodou, mas disse que eu poderia continuar vendo.

Eu olhava uma foto e olhava para seus olhos que estavam para o álbum, mas às vezes piscavam fortes.

Até que ele me perguntou

– Você me escreveu um bilhete no meu primeiro dia de aula?

Caramba. O bilhete

Eu já não conseguia mais olhar para seus olhos, eu estava muito constrangido. Tentei buscar conforto na janela semi aberta no céu escuro iluminado apenas por um poste de luz um pouco distante.

– Sim, foi eu – finalmente respondi. eu me odiava

Continuei olhando a parede até que finalmente me toquei que era minha hora de ir embora. Eu não podia ficar ali. O garoto sequer disse que gostou, ele não estava sorrindo nem nada.

– Eu sou um idiota – cochichei pra mim. Então conclui mais alto – Acho melhor eu ir.

Comecei a me mexer rápido em cima da cama para levantar, calçar os sapatos até que fui interrompido por uma mão grande e macia em meu braço esquerdo.

– Jeon – ele me chamou e eu olhei imediatamente para seus olhos sonolentos – Não vai.

Ele me queria ali. Por que ele me queria?
Será que ele queria falar sobre, mas estava cansado demais?

Antes de responder eu deitei ao seu lado e senti uma necessidade de acariciar um cacho que estava caído sobre sua testa.

– Eu fico – as palavras saíram de minha boca que eu mesmo não percebi como estava feliz em falar aquilo.

Tirei minha mão dele e me acomodei da maneira que eu gosto de dormir. Com uma mão em baixo do rosto, outro braço sob o travesseiro e encolhendo as pernas.

Ele fechou os olhos e logo começou um respirar profundo e alto. Não era bem um ronco, mas se assemelhava.

Eu poderia passar a noite inteira ali com ele. Vendo seu rosto enquanto dormia. Eu poderia fazer cafuné em seus cabelos escuros até meus dedos adormecerem.

Eu não sabia o que ele estava passando de saúde, mas eu queria poder cuidar e trazer todo o bem do mundo para aquele sorriso quadrado.

Aí... só pensar no sorriso eu me derreto

Será que era cedo para eu querer dormir abraçado com ele? Será que ele se sentiria violado se acordasse e eu estava abraçado?

Como eu sabia que não dormiria como sempre experimentei deitar minha mão esquerda sobre a cintura do adormecido.

Ele estava coberto com sua manta então não sentia de fato sua pele.

Permaneci naquela posição por alguns minutos, observando cada detalhe ainda com a luz ligada.

Por sorte o interruptor ficava perto da cabeceira da cama, pude apagar a luz para não o atrapalhar e quando me dei conta meus olhos pesavam.

Imaginei que não fosse nem 00h.

Eu queria dormir. O sono foi batendo, a respiração alta dele me convidando para entrar na mesma sinfonia.

Aquele momento, por mais que ele não estivesse participando consciente, estava me deixando muito bem.

Eu queria pensar sobre o que faríamos na manhã seguinte, mas quando reparei eu estava cochilando.

Enfim dormi.

kept in memory ༻ | KTH + JJK|  Onde histórias criam vida. Descubra agora