Capítulo 9- O erro

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Abri os olhos com uma forte dor de cabeça, demorei algum tempo para me localizar e saber onde estava. Esfreguei os olhos com as minhas mãos e naquele momento percebi que estava deitada numa cama e num quarto que não era o meu, com precipitação tentei levantar-me mas não fui capaz, olhei para baixo e vi que tinha duas mãos entrelaçadas ao redor da minha cintura. Aterrorizada, virei o rosto para o lado para saber quem era o dono daqueles braços fortes e mãos incrivelmente suaves, quando vejo o rosto do meu sequestrador o terror em mim cresceu ainda mais.

—PETER!— Gritei e bati nas mãos dele para fazê-lo acordar, infelizmente ele não acordou, em vez disso ele virou-se para o outro lado da cama levando-me junto com ele.

Se antes eu tinha alguma chance de sair dos braços dele elas acabaram agora, ele estava em cima de mim e os braços continuavam ao redor da minha cintura. Mesmo se quem o visse acredita-se que ele não era assim tão pesado eu posso dizer o contrário, eu estava a ser esmagada por aquele ser humano gordo! Enervada, comecei a pensar numa solução para aquele problema, minutos depois tive uma ideia que poderia funcionar mas eu teria que ser muito cuidadosa para não arriscar que ele descobrisse o meu segredo. Virei o rosto, ficando frente a frente a ele, e usei a beleza dele como inspiração.

"Ignorando o fato de ao  passado não poder voltar

Por favor, destes braços ajudem-me a me libertar."

Esperei e... nada aconteceu, sem entender o que estava a acontecer voltei a pronunciar as palavras que acreditava que iriam ajudar-me a me libertar. E mais uma vez não obtive resultados, comecei a sentir o pânico crescer, não sabia o que estava errado...Será a minha magia? Será a rima que não é suficiente clara? Será que isso tem alguma coisa a haver com o que o Simon disse?

Perguntas e mais perguntas mas para nenhuma eu tinha uma resposta...comecei a sentir  a minha respiração alterar-se e a ansiedade tomar conta de mim. Não posso perder a minha magia, não assim, sei que posso não dar muito valor ao que tenho mas eu preciso dela na minha vida.

—Não posso perder mais uma coisa que amo...— Disse baixinho, ou pelo menos foi o que pensei.

—Não perdeste nada...é apenas um efeito colateral da Felicitas Potionis.— A voz rouca que se exclamou à minha beira acalmou-me, até que percebi que a voz vinha do Peter e que ele tinha pronunciado o nome de uma poção que apenas bruxos conhecem.

—O QUÊ QUE DISSESTE?— Aumentei o volume sem querer e fui reprimida pelo o Peter que colocou a mão sobre a minha boca e olhou para mim com uma cara de quem não gostava de ser acordado com uma maluquinha a gritar, um simples toque dele e o meu corpo ficou submergido com uma eletricidade nunca antes vista.

—Shh, por favor, acabei de acordar!— Ele bocejou e não sei porque mas achei fofinho com a maneira que ele fechou os olhos ao abrir delicadamente a boca, acabei por um riso abafado. Ele olhou para mim com incompreensão mas revirou os olhos antes de continuar— Não precisas de fingir que não sabes do que estou a falar. Já suspeitava que eras uma bruxa desde o aeroporto, eu senti a tua mágica quando a utilizaste para dar o chocalho aquele bebê que estava a chorar.— Sem saber a razão senti as minhas bochechas corarem— As dúvidas acabaram quando ontem te resgatei da piscina, o cheiro da poção é bem forte e...— Ele interrompeu-se como se não estivesse à vontade para dizer o que queria— Bem, quando eu utilizei o boca a boca na tentativa de te salvar o cheiro que tinha cheirado da poção ganhou um sabor.— Fiquei ainda mais envergonhada por saber que ele tinha me beijado, mesmo que tenha sido numa tentativa de me salvar, preferia que isso não tivesse ocorrido.

—Hum hum hum hum— Ele franziu as sobrancelhas como se não tivesse percebido nada do que acabava de dizer e só nesse momento percebi que a mão dele ainda estava sobre a minha boca, revirando os olhos retirei a mão dele, reparei que ele ficou desconfortável como se estivesse constrangido por ter se esquecido de tirar a mão da minha boca, suspirei e repeti o que havia dito— Então, tu também és um bruxo? Mas como? A Ava não é uma bruxa...ou é? E Porquê que estávamos na mesma cama a dormir abraçados?

Uma Vida Magicamente OrdináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora