Capítulo 18- A Pior noite da minha vida

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Antes de continuar a história, acho que está na hora de voltarmos no tempo, precisamente para o dia 13 de junho de 2020. Eu já contei o que aconteceu no funeral do Simon mas eu nunca vos disse exatamente o que aconteceu quando eu recebi a notícia. Então como não gosto de narrativas para acontecimentos passados pensei que seria mais interessante levar-vos numa viagem temporal ( não é bem temporal porque só darei acesso às minhas memórias mas vocês perceberam). Até daqui a pouco!

"Memoriam liberate"

Estava um pouco cansada, tinha passado o dia todo com as minhas melhores amigas no shopping à procura de um vestido para usar no baile de formatura, mas não encontrei um que chamasse a minha atenção. Tomei um banho e como era sábado, o dia onde cuido de mim e da minha pele, coloquei as máscaras hidratantes no meu rosto e enquanto esperava fui para o instagram ver as novidades. Quando o abri, fui recebida por imensas publicações de pessoas que mostram uma vida nas redes sociais e vivem outra na vida real, como não gosto desse tipo de falsidade, decidi sair do mesmo. Fui até o meu gira discos e coloquei o CD de Vinil da Christina Aguilera, em segundos Something's got a hold on me começou a ressoar. Delicadamente comecei a cantar junto com ela e comecei a dançar como se estivesse dentro de uma comédia romântica, a minha mãe abriu a porta do quarto no momento do refrão e em vez de parar de dançar e cantar fui até ela e puxei-a pelo o cômodo até fazê-la sentar-se na cama.

Continuei o meu show particular, entre os gritos afinados e as gargalhadas da minha mãe não ouvi o telemóvel tocar, somente quando a música chegou ao fim é que eu ouvi a música dos Avengers ressoar. Desliguei o gira discos e vi que o Simon me estava a ligar, o sorriso que tomava conta do meu rosto cresceu ainda mais naquele instante, sem hesitar atendi a ligação e esperei a resposta ao meu "alô" mas ele demorou mais tempo do que o normal. Após o silêncio absoluto,comecei a ouvir soluços de choro do outro lado o que desfez metade do sorriso que habitava em mim. Chamei pelo o Simon pelo o menos umas três vezes mas não obtive qualquer resposta, a não ser os soluços.

—Ma...Marianne...É o Simon...ele...ele...ele- A Madame Duran, mãe do Simon, desatou a chorar- Ele morreu...

Foi naquele momento que senti o meu coração deixar de bater, entrei em estado de choque pois não queria acreditar no que acabara de ouvir. Não sei por quanto tempo fiquei sem reação e desconectada do mundo mas, só voltei à realidade quando a minha mãe pousou as mãos nos meus ombros e abanou-me.

—Não.— A minha voz estava firme, era a primeira vez que falava assim com a Madame Duran— Isso não é verdade, não pode ser...

—Nós estamos no hospi- —Ela desatou a chorar e aí eu entendi que tudo aquilo estava realmente a acontecer. Eu ouvi-a a respirar fundo e logo de seguida ela continuou a frase.— Nós estamos no hospital, foi tudo tão repentino...

—Em cinco minutos chego aí!— Não esperei a resposta simplesmente desliguei a chamada. A correr tirei a máscara facial e comecei a descer as escadas em direção à porta.

Quando comecei a calçar as minhas All star pretas, a minha mãe que não estava a entender a minha reação fez-me parar e olhar para ela. Depois de perguntar o que aconteceu eu vi-me com dificuldade em explicar o que tinha escutado há segundos atrás. Tentei falar mas o choro não deixou, tudo o que consegui dizer abraçada a ela e desesperada foi que me levasse ao hospital rapidamente, ela assentiu e levou-me para o carro. Em apenas alguns minutos já tínhamos chegado ao Hospital de Saint-Malo, sem nem esperar que o carro parasse, saí pela a porta fora e corri em direção às portas de vidro que davam acesso ao inferno aqui na terra. Até chegar até elas passei por ambulâncias e mais ambulâncias, luzes que piscavam para todos os lados, sirenes que ressoavam por todos os cantos, médicos e paramédicos que corriam entre as ambulâncias e as portas com macas e pacientes nelas...

O tempo pareceu abrandar ao meu redor, a cada passo que dava não avançava nem um metro. Senti-me presa numa espécie de slow motion sendo que tudo o que queria era correr como nunca havia feito. Finalmente quando atravessei pelos os portões do inferno o tempo voltou ao normal, andei uns dez metros até avistar a família do Simon num canto. O pai dele estava sentado numa cadeira com as mãos sobre a cara e os cotovelos apoiados nos joelhos, a mãe chorava desesperadamente nos braços do Justin, o irmão do Simon, que também chorava mas que se contia para consolar a mãe.

Foi naquele preciso momento que entendi que tudo aquilo era real. Eu senti que o chão que pisava foi tirado de mim, um buraco foi aberto bem embaixo dos meus pés o que me fez cair num abismo de tristeza e mágoa. Com forças que não sabia que tinha, eu andei até eles. Quando a mãe do meu noivo me viu ela correu até mim e abraçou-me, os nossos choros misturaram-se. Já não sabia diferenciar a quem pertencia os gritos de desespero que ela e eu dávamos, não sabia diferenciar a quem pertencia os soluços de choro que nós as duas dávamos...Tinha-me aberto um buraco no peito e arrancado o meu coração, a vida tinha deixado o meu corpo, a minha alma estava a abandonar-me, todas as coisas boas que o ser humano armazena no corpo deixou-me naquele instante. Algum tempo depois ganhei forças suficientes para dizer alguma coisa.

—Como?— A minha voz traiu-me ao falhar e ao dar espaço ao choro

—Ele estava no sofá quando eu cheguei, parecia estar a ter convulsões então eu liguei para as urgências mas quando chegamos aqui eles disseram que era- — O Justin olhou para o céu e depois para mim antes de continuar— Que era tarde demais, que ele não tinha sobrevivido...

A minha mãe chegou no momento em que o Justin acabara de explicar como o irmão dele tinha acabado no hospital. Num piscar de olhos, ela enlaçou os braços à minha volta e prometeu-me não sair do meu lado. A mãe do Simon deu-me a mão ainda a chorar e com a outra tentou enxugar as minhas lágrimas.

—O nosso menino deixou-nos...— Uma lágrima mais grossa atravessou o rosto dela— Ele deixou-me...

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Acho que podem ver o porquê de desde então ter receio das ambulâncias e tudo o que esteja ligado ao hospital (diretamente e indiretamente). Podem perceber o porquê de ter sentido todo aquele pânico ao ver aquele veículo vermelho com as luzes azuis, e ter visto uma figura masculina, que poderia ser o Peter, dentro da mesma. Uma parte de mim terá sempre medo de perder outra pessoa, porque simplesmente não sei se aguentaria outro desgosto desse tamanho.

Acredito que chega de história por hoje...mas não se preocupem daqui a pouco conhecem a identidade da pessoa que chamou pelo o meu nome.



Aqui está mais um capítulo de Uma Vida Magicamente Ordinária ❤️Obrigada pot todo o amor e carinho😘Beijinhos

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Obrigada pot todo o amor e carinho😘
Beijinhos

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