Uma Vida Magicamente Ordinária

Capítulo 22- O encontro

(Aconselho ouvir a musica na mídia♥️)

Duas horas de gargalhadas, conversas e músicas para sempre arruinadas pela a minha voz, chegamos na frente de um prédio que parecia estar abandonado e um pouco deteriorado. Não quis questionar o Peter e decidi apenas lhe fazer confiança, quando ele me esticou a mão para me ajudar a sair do carro eu sorri e tentei olhar ao redor para entender onde estávamos. Ele abriu o porta-malas e tirou dois sacos de desporto, um rosa e outro preto, levantei uma sobrancelha em interrogação e alternei o meu olhar sobre ele e os sacos que carregava no ombro dele.

—Confia em mim!— Ele disse ao me convidar a lhe dar a mão. Suspirei completamente derrotada pois sabia que não conseguia dizer não àqueles olhos e pousei a minha mão na sua.

Ao virar na esquina da rua, vi uma porta gigante de madeira e uma tabuleta em cima da mesma que dizia 'Fight club', a minha curiosidade começou a crescer ainda mais quando vi que era para lá que o Peter me estava a levar. Com um sorriso no rosto ele abriu uma das portas e deu-me um sinal para entrar, ao atravessar uma espécie de hall de entrada comecei a ouvir barulhos, como se alguém estivesse a bater em algo. Em questão de segundos o lugar que era até agora vazio transformou-se numa academia de boxing, com um enorme ringue vermelho e preto no meio. Homens, mulheres, adolescentes e crianças, era possível ver todo o tipo de pessoas a treinar num saco de boxe, virei o rosto em direção ao Peter com incompreensão e espanto ao mesmo tempo.

—Boxing?— Perguntei incrédula

—Eu amo o boxing, e pensei que talvez também irias gostar. Além do mais, o que seria melhor num primeiro encontro que conhecer melhor a outra pessoa?— Ele respondeu com um sorriso que gritava orgulho por ter tido uma ideia espetacular, limitei-me a rir e a voltar a olhar para as restantes pessoas na sala.— Toma, tens aí tudo o que precisas, vai sempre em frente e no fundo vira à direita para mudares de roupa. Encontro-te em cima do ringue em dez minutos.— Ele deu-me o saco cor de rosa para a mão, eu assenti e segui as instruções que ele deu.

Quando entrei no que creio ser o vestiário, pousei o saco em cima do banco e abri para ver o que tinha lá dentro. Ao abri-lo, deparei-me com um par de luvas violetas e pretas o que me sorrir, pousei-as ao lado do saco e continuei a investigar o conteúdo dentro do mesmo. Uns calções curtos pretos e um cropped violeta era o equipamento que ele tinha preparado para mim, com alguma relutância, pois os calções eram um pouco curtos, vesti as duas peças de roupa. Antes de sair amarrei o cabelo num rabo de cavalo deixando apenas alguns fios soltos. Saí do vestiário e fui em direção ao ringue, enquanto andava até o meu destino senti os olhos de toda a gente sobre mim o que me deixou desconfortável. Levantei o meu rosto e o meu olhar caiu sobre um garoto com aproximadamente a minha idade, ele tinha tirado a atenção do saco no qual dava alguns socos até à pouco tempo e tinha a depositado toda em mim. Não devo ter sido a única a reparar no quão atento ele estava em mim pois de repente o meu campo de visão foi bloqueado por um torso nu que me era estranhamente familiar. Atravessei as maravilhas daquela obra de arte, indo dos abdomens bem estruturados ao par de olhos que se tornarão familiares à tão pouco tempo.

—Provavelmente comprar calções tão curtos não foi a melhor decisão que tenha tomado...— Não consegui me concentrar por muito tempo no que dizia, era a primeira vez que o via sem camisa mas tinha a impressão que já conhecia cada canto do corpo dele.— Queres ajuda a colocar as luva- — Ele parou de falar quando de repente pousei a mão sobre uma cicatriz embaixo do ombro esquerdo dele.

—Eu lembro-me desta cicatriz...— Sabia que o que acabara de dizer não fazia nenhum sentido mas por alguma razão algo dentro de mim acordou dando acesso a memórias que até então me eram desconhecidas.

—O quê?— Vi na voz dele que estava confuso, o que era completamente normal porque eu mesma não encontrava sentido nas palavras que tinha dito.— Violetinha?— Com essas palavras, despertei do transe no qual estava e afastei a mão da cicatriz.