Desde do funeral do Simon eu não voltei ao cemitério para visitar o túmulo dele. Já passei tardes e manhãs na frente do cemitério a ganhar coragem para entrar mas nunca consegui, então para prestar-lhe uma homenagem vou todas as semanas à praia e ofereço uma flor ao mar. Como já expliquei, por alguma razão eu criei uma conexão com o mar desde que o Simon morreu, eu consigo reviver algumas memória que passamos juntos no areal daquele paraíso. Depois do incidente da semana passada com o colar senti que precisava recarregar as minhas energias e a única maneira de o fazer era indo à praia. As minhas duas melhores amigas decidiram vir comigo para da o que elas chamam de 'apoio moral', elas ficaram na entrada do areal enquanto eu andava em direção ao meu lugar harmonioso. Quando a água salgada molhou a ponta dos dedos dos meus pés a serenidade que estava à procura dominou-me. Com calma, tirei o vestido branco que estava a usar e deixei-o na areia enquanto adentrava no mar. Deixei a rosa branca que tinha trazido ser levada pelas as ondas e deslizei devagarinho as minhas mãos sobre a água para que a mesma me oferece-se as lembranças que procurava.
Fechei os olhos e senti o meu corpo ser transportado para outro lugar, um lugar longínquo e feliz. Ao abrir os olhos dei por mim sentada na areia, eu o Simon estávamos abraçados e a falar sobre as estrelas enquanto que a Ava estava a beijar um dos namorados dela e a Abïgail ria com a Hailey. Os braços do Simon sempre me deram conforto, uma sensação de aconchego, sempre que tivesse algum problema ou estivesse estressada com algo tudo o que precisava era de um abraço dele para que tudo desaparece-se. Naquele momento, enquanto olhávamos as ondas do mar desintegrando-se pouco a pouco estávamos em paz, estávamos em casa.
—Sabias que és ainda mais linda à luz das estrelas?— Senti as minhas bochechas corarem enquanto que ele beijava a minha têmpora.— Os anjos deviam sentir inveja pela a tua beleza ser ainda mais divina que eles.
—Simon...—Tentei responder mas fui interrompida por ele ao juntar as nossas bocas delicadamente.
—A minha pequena divindade....— Ele disse entre beijos.
—Sou apenas 5cm mais pequena que tu, não creio que possas me chamar pequena— Ela afastou o rosto e fixou o olhar no meu até aproximar a boca à minha orelha e sussurrar a resposta.
—Cinco centímetros ou não, serás sempre a minha pequena...— Ele beijou-me a bochecha antes de voltar a juntar os nossos lábios.
Um arrepio de frio fez-me voltar à realidade, abri os olhos e vi que estava de volta no mar, sozinha. Com um suspiro virei o meu corpo para a saída do mar, quando voltei o olhar para a areia pude ver as minhas duas melhores amigas a falarem, quer dizer a Ava parece que está a discutir, com Chloé e as suas cadelinhas. Saí com pressa do mar e comecei a ir em direção a ela enquanto vestia o meu vestido, à medida que me aproximava mais delas vi que se tratava realmente de uma disputa.
—Ah! Finalmente a nossa protagonista chegou— Olhei para a Chloé sem saber o que quis dizer com isso ao me posicionar ao lado da Ava e da Abïgail.— As pessoas dizem que as santinhas são sempre as piores...— Fixei as minhas amigas para tentar perceber o que ela queria dizer com aquilo e nenhuma das duas disse nada.
—Será que alguém pode me explicar o que está a acontecer— Alternei o olhar entre a Jade e a Emma que se escondiam como covardes atrás da Chloé e quando o meu olhar pousou sobre o da víbora ela abriu o sorriso mais falso do mundo.
—Com muito gosto— Ela aproximou-se de mim, deixando apenas alguns centímetros de distância entre os nossos rostos— Desde de sempre roubas tudo o que eu quero, primeiro foi o Simon que coitado não aguentou ter alguém como tu ao lado dele e morreu— Ela forçou uma cara de pena enquanto eu só sentia nojo dela— E agora o Peter!
—O Peter?— Perguntei desacreditada e divertida com o absurdo que acabara de ouvir.
—Não te faças de sonsa. Eu realmente pensei que depois do que aconteceu com o Simon não irias te envolver com alguém tão cedo por respeito àquele que dizes amar mas depois do que vi na festa e na tua casa fiquei tão desapontada. O que será o que Simon diria se ele visse como estás a desconsiderar a memória dele?— Fiquei muda, não sabia o que dizer. Não queria deixar essa invejosa me faltar ao respeito ou até mesmo dizer coisas que ela não conhece mas não encontrei forças suficientes para o fazer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Vida Magicamente Ordinária
ParanormalUma bruxa debutante, Marianne Torres, após a morte do namorado vai encontrar um desafio perigoso e difícil com o retorno do pai ausente. E como se isso não fosse suficiente, Peter Graham, um bruxo um quanto pouco arrogante e convencido vai chegar pa...