Capítulo 15- A dor por trás daqueles olhos

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"Com o cantar dos pássaros e o nascer do sol eu, Marianne Torres abri os meus lindos olhos violetas após um sono profundo..."

Ah! Ah! Ah! Está horrível eu sei, porque acham que decidi não escrever poesia?

De qualquer maneira, penso que deu para entender que acordei bem disposta hoje o que é estranho visto que dormi num sentada num colchão que está no chão com o ombro do Peter como almofada. Para dizer a verdade nunca dormi tão bem em toda a minha vida. Ao acordar reparei que todos ao meu redor ainda estavam a dormir, vi-me tentada a ficar a observar o meu melhor amigo dormir mas li muitos livros para saber que isso nunca dá resultado e acaba sempre com a protagonista numa situação desconfortável. Nos bicos dos pés, fui até a cozinha para preparar algo para o pequeno almoço mas quando cheguei na mesma notei que não tínhamos farinha suficiente para fazer panquecas, então, decidi subir no meu quarto e vestir algo para ir comprar mais. Coloquei as minhas vans old skool pretas e saí. Eu morava a apenas 5 minutos do supermercado da vizinhança mas como ando mais rápido que a maioria das pessoas após 3 minutos já estava a entrar no corredor especializado para os ingredientes necessários para a pastelaria. Enquanto saía do supermercado tive a sensação de estar a ser seguida mas decidi ignorar e continuar a andar, quando faltava apenas uma curva para chegar na minha casa senti uma mão pousar-se sobre o meu ombro, levei um susto e virei-me para trás. Quando tornei na direção contrária dei de caras com um homem nos seus 30 anos, alguns dos cabelos loiros levantavam com o vento e o sorriso estranho que acompanhou o olhar daqueles olhos verdes foram suficientes para me deixarem ainda mais aterrorizada.

—Marianne?— Levantei uma sobrancelha como sinal de interrogação, ele riu e voltou a falar.— Eu sou Grigori, um velho amigo do teu pai.

—Prazer, agora se não se importa tenho que voltar para casa, continuação de bom dia.— Dei de costas e comecei a andar em direção ao único lugar onde me sinto segura.

Infelizmente, após ter dado dois passos senti um impacto enorme bater-me no meio da espinha das costas o que me fez perder a força nas pernas e cair no chão. Ao virar o corpo para trás vi o Grigori aproximar-se, só que desta vez uma aura laranja englobava as mãos dele. Estava com uma dor extrema e não conseguia levantar-me, reparei que isso deu-lhe prazer o que me enraiveceu ainda mais, a apenas uns cinco centímetros de distância de mim ele olhou para mim e pediu para dizer as minhas últimas palavras, antes que pudesse responder a voz que antes me dava arrepios pronunciou-se.

ABOLESCO, Grigori!— E com essas palavras vi o homem diante mim explodir e transformar-se em cinzas, como ainda estava confusa com tudo o que acabara de acontecer não reparei quando o Peter já estava de ajoelhado de frente em mim.— Estás bem?

—Dor...nas costas...— Não consegui dizer mais nada e creio que foi o suficiente para ele entender o que estava a sentir, ele sobrepôs a mão na zona onde estava a sentir uma ardência e picada gigantesca, pude ver através dos olhos dele a preocupação que o queimava por dentro. Com precaução pousei a minha mão direita sobre a mão dele e vi que aquele contacto tirou a tensão que tinha até agora nos músculos.

"A crueldade infligida quero restaurar

e para isso preciso deste osso curar"

Senti a minha espinha cervical ser puxada o que me fez dar um grito de dor e colocar o rosto sobre o peito do Peter para abafá-los, ele abraçou-me e prometeu-me que a dor não ia durar. Segundos depois a tortura acabou mas não saí dos braços dele de imediato, decidi recuperar o fôlego antes. Ele levou as mãos até o meu rosto e obrigou-me a olhá-lo nos olhos, normalmente estaria desconfortável mas naquele momento senti tudo menos desconforto. Eu vi atrás daqueles olhos cor de mel um porto seguro, amor, preocupação, desejo, medo, ternura, receio...Era um misto de sentimentos e foi naquele momento que vi que o Peter estava tão confuso emocionalmente quanto eu. Que apesar de ter sofrido uma grande perda havia algo ou alguém que o tinha magoado, eu esqueci-me da dor que tinha acabado de sofrer, ela foi substituída por inquietação. Eu queria saber o que aconteceu com ele para deixar uma marca tão grande na alma dele. Eu não só queria como precisava de saber! Um temor de perdê-lo também apoderou-se do meu corpo e num ato precipitado eu beijei-o.

Ok, antes de continuar a contar o resto acho que devemos conhecer um pouco mais do Peter, afinal de contas nós não conhecemos nada do passado dele.

Por isso decidi pedir que o Peter escrevesse uma pequena apresentação para vocês.

Estarei de volta daqui a alguns parágrafos, beijinhos!

🕯

Peter Graham é um menino de ouro, sem defeitos nem imperfecções, simplesmente perfeito.

Blá!

Blá!

Blá!

Está bem! Eu não sou assim tão perfeito, para dizer a verdade sou completamente o oposto.

Eu nasci em Saint-Malo no dia 1 de maio de 2002. Os meus pais estavam ansiosos por conhecerem o primeiro filho e, segundo a minha mãe, no momento em que me ouviram a chorar sentiram uma felicidade única que só sentiram outra vez 4 anos mais tarde quando a minha irmã Samantha nasceu. Durante dois anos nós vivemos em Saint-Malo mas o meu pai decidiu que queria voltar para o país dele, Inglaterra. Então, o Senhor Jackson Graham e a Felícia Graham pegaram nas decorações que queriam levar e foram para Inglaterra, com destino a Bristol. Desde então, a minha mãe afastou-se da família que tinha deixado em França a única pessoa com a qual ainda falava era a minha tia Anne, a irmã dela. Quando a Samantha nasceu foi o dia mais feliz da minha vida e quando tive a oportunidade de pegá-la nos meus braços prometi a mim mesmo de protegê-la de todos os males do mundo. Nós fomos crescendo e com apenas seis anos de idade descobri a minha paixão, a luta, a minha mãe inscreveu-me numa aula de karaté e desde então não parei de praticar, com doze anos parei o karaté para ter aulas de boxing e aí eu senti que pela a primeira vez tinha achado o meu lugar.

Aos nove anos de idade, o meu pai ofereceu-me como prenda de natal o dom mais fascinante do mundo. Ele ofereceu-me uma carta na qual ele explicava que era um bruxo maestro e que eu tinha herdado essa habilidade, no ínicio eu estava realmente entusiasmado por aprender mais sobre essa fascinante ciência. Sim, a magia é uma ciência. Mas com o tempo as aulas com o meu pai tornaram-se insuportáveis, então a minha primeira paixão tornou-se o meu refúgio, onde eu ia para acalmar-me. Com quinze anos tive a minha primeira namorada que durou por duas semanas porque percebi que namorar não era comigo, não conseguia criar uma conexão suficientemente forte com alguém e pensei que era por ser novo mas até hoje nunca senti a paixão que ouço tanto falar.

Se bem que penso que estou a começar a sentir...

Enfim, divirto-me com quem quer se divertir comigo e como tenho 'uma beleza inquestionável'. Não fui eu que disse isso foi uma das diversões. E a minha vida continuou assim até que recebi a carta da Université de la Sorbonne e outra de Oxford a dizer que tinha sido aceite. Não tive muita escolha em decidir a universidade porque no momento em que o meu pai soube que o meu torneio MagiMax ia ser aqui em Saint-Malo ele obrigou-me a ir para Sorbonne e depois eu voltava para Inglaterra e integraria uma das melhores universidades do mundo.

Acho que não tenho mais nada a dizer, o resto vocês já sabem. Vou voltar a dar o controlo à Marianne, foi um prazer...



O que acharam deste capítulo meio diferente ?❤️Amanhã há mais❤️ beijinhos!

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