A feição no rosto dele naquele momento era de partir o coração. Um sorriso desapareceu para dar lugar à tristeza e desapontamento, estranhamente vê-lo assim destruiu a barreira que havia construído quando perdera o meu companheiro. Sem hesitar avancei até ele, pousei as minhas mãos sobre as bochechas dele e beijei aqueles lábios doces que os meus tanto desejavam consumir.
Foi naquele instante que soube que não poderia voltar atrás e que tudo o que conhecia iria mudar...
Ele passou os braços pela a minha cintura e abraçou-a puxando o meu corpo para mais perto. Uma das mãos dele subiu até ao meu cabelo e enquanto ele me beijava ferozmente ela acariciava o mesmo, havia algo no beijo dele que fora diferente de tudo o que já tivera experimentado, ele sabia combinar perfeitamente o carinho e o desejo. Quando puxei uns fios de cabelo dele e afastei as nossas bocas e deixei um trilho de beijos pelo o pescoço até o lóbulo da orelha dele vi nos olhos dele que, como eu, estava rendido a mim. Ao morder delicadamente o lóbulo da orelha dele um sorriso apareceu no canto da boca dele, afastei o rosto e ficamos ali a olhar um para o outro sem nada a dizer.
—Er...— Comecei a falar mas por alguma razão estava nervosa, sem saber o que dizer— Eu não quero que isto acabe— Ele assentiu— Mas não quero que "isto" se meta no meio do meu luto. Eu não esqueci o Simon, eu amo- — Limpei a garganta antes de continuar— Eu amava-o e esse tipo de sentimento não vai embora de um dia para o outro e muitas das vezes não desaparece...Eu não sei se serei capaz de te amar como o amei e não quero que por minha culpa tu não experiences o amor, porque tu mereces viver essa experiência maravilhosa.— Baixei o olhar e respirei a fundo para travar as lágrimas.
—Ei!— Com a mão no meu queixo ele levantou o meu rosto de maneira a que conseguisse olhá-lo— Eu não te estou a pedir para me amares apenas para me dares uma chance de aprender o que esse sentimento significa. E se durante esse processo tu conseguires finalmente amar uma segunda pessoa eu seria o garoto mais feliz do mundo por saber que essa pessoa, sou eu. Eu nunca amei ninguém e para ser sincero nunca pensei que algum dia alguém iria chamar a minha atenção e fazer-me mudar de ideia, eu sempre pensei que relacionamentos eram uma perda de tempo e apenas mais uma maneira de fazer-nos sofrer mas a verdade é que desde há pouco tempo atrás sinto que talvez relacionamentos e amor não sejam só mágoa e tristeza, eles trazem algo único para as nossas vidas. Parece que ficamos com mais energia, mais vontade de viver, de sorrir sem razão, etc. Por fim, mesmo que não me ames como amas o Simon, eu ficaria mais que feliz por ser amado por alguém tão magnífica como tu...— Não tinha reparado que estava a chorar, só notei quando ele passou o polegar sobre a água que atravessava o meu rosto.
—Eu quero tentar...— Um sorriso apareceu no rosto do Peter no mesmo instante que pronunciei estas palavras— Mas eu não sou capaz.— Afastei-me dele e antes de sair pela a porta olhei-o nos olhos e o que vi partiu o meu coração.
Setembro
Um mês tinha passado, e desde aquele dia no sótão com o Peter tenho evitado encontrar-me com ele. Desde que a minha mãe convidou o meu pai a viver aqui conosco, tenho passado os meus dias com ele no meu covil a treinar para o torneio, neste último mês já avancei muito no meu nível e estou a poucos passos de me tornar uma bruxa intermediária. As minhas melhores amigas mandam-me cada vez mais mensagens para saber como estou e saberem o motivo de ter simplesmente me afastado de um dia para o outro mas como não podia dizer que não queria ver o Peter inventava alguma coisa e culpava o meu trabalho inexistente pela a minha ausência. Já as visitas dos Daemones também têm sido escassas, e sempre que aparecem eu encontro uma maneira de os mandar de volta para onde eles pertencem. Neste momento estou a preparar-me para ir a uma festa na praia, festa hospedada pela a Chloe, a Ava não descansou até me convencer a ir e como sabia que mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar o que tanto temia decidi ceder e ir à tal festa daquela pessoa que o resto chama Chloe Rousseau.
Optei por vestir um vestido bordô rendado e justo na parte do busto e com o cetim da cintura para baixo um pouco rodado. Calcei os meus sapatos vintage pretos e peguei na minha pequena mala de cabedal também preta. Antes de sair fui até à cozinha, onde a minha mãe estava, e dei-lhe um beijinho de boa noite. Ao fechar a porta da entrada respirei fundo e repensei no que estava prestes a fazer, com medo de me arrepender, coloquei os meus fones de ouvido e comecei a andar em direção à praia. Enquanto caminhava, Love You Goodbye dos One Direction ressoava nos meus ouvidos, enquanto analisava cada frase dita reparei que por vezes o Spotify tem uma forma engraçada de colocar as músicas certas nos momentos errados.
"É inevitável que tudo o que é bom chega ao fim
É impossível saber se depois disto ainda podemos ser amigos, yeah
Eu sei que você está dizendo que não quer me machucar
E talvez você deva mostrar um pouco de misericórdia
A maneira como você olha, eu sei que você não veio para pedir desculpas"
Cada palavra estava a fazer o meu coração reagir, os meus pensamentos foram de preocupações mundanas a todos os momentos que passei com o Peter. Senti um pequeno aperto no coração, o mesmo aperto que senti no dia em que perdi o Simon.
E se, por medo, eu estava a afastar a única coisa boa que me aconteceu depois dele?
Isso era tudo o que conseguia pensar, libertei a lágrimas que tinha aprisionado durante este tempo todo e acelerei o passo em direção à praia. Tudo o que queria naquele momento era abraçar o Peter e não o deixar ir nunca mais, mesmo que as pessoas falem e digam que não é a melhor decisão a ser tomada eu não me importo. Em duas semanas ele conseguiu preencher um vazio que tinha sentido durante um mês, ele conseguiu preencher o vazio que senti durante a minha vida toda e não tê-lo durante este mês foi a decisão mais dolorosa que tomei. Enquanto corria em direção ao protagonista dos meus sonhos sentia toda a coragem e as forças que tinha perdido há dois meses voltarem. Ao cruzar a última curva no caminho que levava para a praia avistei uma ambulância no parque da mesma, senti o pânico invadir-me, o ar não passava mais nos meus pulmões enquanto corria ainda mais em direção ao assustador veículo vermelho com as luzes azuis. O medo de ver o Peter magoado ou de perdê-lo era enorme, nunca seria capaz de me perdoar se algo tivesse acontecido com ele sem eu ter a oportunidade de dizer o que preciso.
Ofegante, empurrei a multidão de pessoas que cercavam a ambulância e avancei até às portas traseiras abertas das mesmas. Ao chegar vi uma figura masculina deitada numa maca, os paramédicos estavam à volta dele com os aparelhos de reanimação. Fiquei em choque, queria andar para a frente, ter a certeza de que aquela pessoa era o Peter mas não consegui. Um dos paramédicos olhou na minha direção e fechou as portas da ambulância e em questão de segundos, a mesma desapareceu com as luzes e sirenes ligadas. A multidão ao meu redor dispersou-se e eu fiquei ali, parada e sozinha, sem nenhuma reação.
—Mary?— Senti a minha pele arrepiar-se quando ouvi a voz rouca da única pessoa capaz de me desestabilizar com apenas um olhar.
Mais um capítulo AHHHHHH!
A história chegou na metade ( Sim ainda tem muitos capítulos por vir kkk😅) e estou cada vez mais empolgada com ela❤️
Queria aproveitar para agradecer as 190 leituras!!!✨ Nem quiz acreditar quando entrei no Wattpad e vi que falta apenas 10 para chegarmos aos 200😳
Muito obrigado, sério, do fundo do meu coração.Se precisarem de alguma coisa saibam que estou sempre disponível para vocês❤️
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Uma Vida Magicamente Ordinária
FantastiqueUma bruxa debutante, Marianne Torres, após a morte do namorado vai encontrar um desafio perigoso e difícil com o retorno do pai ausente. E como se isso não fosse suficiente, Peter Graham, um bruxo um quanto pouco arrogante e convencido vai chegar pa...