🐾Capítulo 44

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📑Boa leitura😘


Davi

A vida às vezes nos prega cada peça, que chega ser difícil aceitar, entender ou até mesmo explicar. No meu caso, por exemplo, tinha uma vida perfeita ao lado da mulher que amava, tinha planos para um futuro não tão distante, porém tudo foi por água abaixo quando veio a minha convocação para aquela bendita missão. 

Eu não tinha como recusar uma ordem, é claro. Fiz um juramento de proteger meu país e todos que fazem parte dele, além de jamais imaginar que algo daria errado. Claro que como soldado experiente tinha noção que coisas do tipo poderiam acontecer, mas no momento que você está com seu fardamento, e todos seus apetrechos e armas, você se sente invencível.

Mas a realidade me tirou dessa ilusão, quando senti o impacto da bala contra meu peito, aquele desgraçado conseguiu encontrar um pequeno espaço que estava livre de proteção. As lembranças vem a minha mente, como se tudo tivesse acontecido a poucos dias atrás. De repente tudo começa a tremer, balas trocadas, mais explosões, gritos e mais tiros. Logo a casa está sendo invadida.

— Fiquem aqui! — digo para aquelas pessoas, mesmo sabendo que elas não vão me entender, e saio.

Dou de cara com alguns dos nossos inimigos, e o tiroteio começa, mas eu consigo acertá-los. Continuo meu caminho para sair da casa, minha munição acabou, preciso agora de sorte, mas infelizmente não a tenho. Encontro mais um soldado do EI, ele tenta me acertar com um tiro, mas consigo desarmá-lo. Entramos numa luta corporal. Chutes, socos, joelhadas... Sempre um tentando derrubar o outro e pegar a arma jogada no chão. Até que num determinado momento caímos próximo a arma. É uma 38 automática.

Ele pega e aponta para mim, rapidamente pego em seu punho e viro a arma para cima. Por reflexo ele aperta o gatilho da arma, o tiro acerta o teto. Ainda estamos caídos no chão, e assim continuamos, brigando tentando girar a arma um para o outro. Ele consegue me virar e ficar por cima, sua outra mão que ainda está livre usa para dar socos no em meu estômago. Meus braços cedem, e num movimento rápido ele leva a arma ao meu peito, em seguida o barulho do tiro.

Passo a mão sobre o local que o tiro acertou, assim que as imagens se dissipam da minha mente. Se não fosse por isso, teria voltado para casa dentro de mais alguns dias, talvez semanas, minha vida continuaria de onde parou, e principalmente Sophia ainda estaria comigo. Depois de levar o tiro eu apaguei, quando voltei a mim estava deitado em uma cama simples, em minha volta paredes com cores que lembram areia da praia. 

Em volta alguns móveis rústicos feitos de madeira, uma janela com cortinas brancas, feitas provavelmente de algum lençol velho e uma porta. Não tinha a mínima noção de como havia chegado ali, muito menos a quanto tempo estava naquele lugar.

Tentei me levantar, porém a dor próximo ao ombro esquerdo não permitiu, foi aí que percebi o curativo enfaixado, estava sem camisa e com uma calça que em nada se parecia com a que estava usando. Levei a mão ao peito em busca da medalha que Sophia havia me dado, mas não estava mais lá. Eu lembrava de ter a segurado antes de apagar.

Não demorou muito para alguém aparecer e eu reconheci o mesmo homem, de certo patriarca, da família que encontrei quando entrei naquela casa onde fui alvejado. Senhor Aviv era seu nome, sua família cuidou de mim por alguns dias, até que já estava pronto para arrumar uma forma de voltar para casa. Perguntei pela medalha e fui informado que eles a colocaram, junto com meu fardamento, em um cadáver qualquer, e tacaram fogo, para que não houvesse vestígios algum de que um soldado americano estivesse por ali.

No início achei que seria difícil me comunicar com eles, pois não falávamos a mesma língua, mas felizmente uma das mulheres, Ariel filha mais nova do senhor Aviv, sabia falar inglês, assim conseguimos nos entender, e com isso eles também me ajudaram a sair da cidade. Passei aproximadamente um mês com sua família, até estar completamente curado para seguir meu caminho.

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