🐾 Capítulo 05

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📑Boa leitura😘


Sophia

Um ano... Um ano desde que recebi a notícia de que Davi havia me deixado. Um ano desde que recebi a notícia de que ele havia partido para nunca mais voltar. Um ano. Mas ainda é difícil...

É difícil respirar, o peito ainda dói demais. É difícil não chorar, as lágrimas ainda são persistentes. É difícil não sentir, a solidão ainda é constante. Juro que eu estou tentando, mas é complicado demais. Perder alguém da forma como perdi Davi, é torturante. Quando a pessoa está doente e sofrendo, por mais que você não queira acreditar, no fundo você espera que a pessoa se vá, que sua angústia acabe. Mas quando a pessoa é arrancada de você sem aviso prévio, é como um tiro no peito, uma ferida que nunca cicatriza.

No começo eu me perguntava: Pra quê seguir em frente se ele não vai estar lá no final? Se não vou vê-lo mais?

As atividades que me traziam divertimento, agora são coisas totalmente banais.

Pra quê ir ao cinema? É perda de tempo. Pra quê sair para fazer compras? Qual o sentido de fazê-las se não teria Davi para apreciá-las? Pra quê sair a noite? Qual a graça? Eu não quero conhecer gente nova.

Então eu me pergunto constantemente: Qual é o propósito da minha luta?

Só chego a uma conclusão: Essa é uma batalha perdida! É desgastante demais. A vida sem Davi é totalmente sem sentido, é fora de propósito, é sem graça, sem alegria.

Mas nessas últimas semanas comecei a tentar voltar à minha vida normal. Regina, com auxílio da minha mãe e irmã, me convenceu que não posso me deixar abater. Então eu decidi tentar, um dia de cada vez.

Minha mãe e irmã estão constantemente comigo, elas revezam e cada uma passa um dia comigo, elas também vêm me ajudando a tentar, além de cuidar da casa, coisa que deixei de fazer também.

Na primeira semana eu saí da cama, a arrumei como Davi fazia, tomei um banho bem demorado, imaginando que a água que caía em meu corpo estaria me ajudando a ganhar forças. Vesti meu moletom, calça e camisa, e me sentei na poltrona de Davi, no nosso quarto.

Na segunda semana repeti o mesmo ritual, porém não fui para poltrona. Decidi me aventurar pela casa, mas só consegui chegar até a porta da sala.

Na terceira semana, após o banho, me encorajei e consegui entrar na sala. Mas fazendo o maior esforço possível para não olhar para os porta-retratos espalhados pelas estantes.

Na quarta semana consigo chegar na cozinha. Porém não consigo ficar nela por muito tempo. Tudo ali lembra Davi, tudo.

Na quinta semana consigo entrar na cozinha e mexer em algumas coisas, de preferência aquelas que Davi menos usava.

Na sexta semana decidi que minha aventura seria na garagem. É manhã de sábado, e depois de fazer todo meu ritual matinal, segui para a porta da frente de casa, sempre passando pela sala sem fixar meu olhar nas fotos.

Eu consigo, eu consigo! Repito essas palavras como um mantra em minha mente.

Pego o molho de chaves que fica pendurado próximo a porta, e seleciono a chave que respectivamente abrirá a porta. Sigo a passos lentos, encarando aquela porta como se fosse meu pior pesadelo. Olho para a mão que está segurando a chave, estou tremendo. Me assusto com meu próprio soluço. Nem mesmo percebi que meu rosto já estava banhado pelas lágrimas.

O molho de chaves cai da minha mão, sinto meu peito queimar. As lágrimas não param. Não consigo respirar. Me encosto na parede mais próxima tentando me estabilizar, levo minha mão ao peito. Tento puxar o ar mas não consigo.

Um Novo Caminho Para o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora