Os meses seguintes foram terríveis, eu e o Ricardo fizemos as pazes, mas nada mais foi como antes não por causa dele, ele estava como sempre, eu que me tornei um garoto idiota e metido a besta.
Em minha defesa eu digo que é difícil esquecer que lhe feriram, e mais difícil ainda quando você está em uma crise existencial, mas para ser sincero eu sei qual é o problema, o problema foi que eu esqueci que a minha base é firmada em Deus, e comecei a fazer bobagens sem fundamentos.
Outubro é o aniversário da Bia, os pais dela comemoram o aniversário dos filhos todos os anos. E eu claro nunca fui convidado para nenhum.
Isso tem uma explicação muito simples, a irmã Edith, mãe de Bia, odeia a minha mãe desde a primeira vez em que ela entrou naquela igreja grávida de mim, ela não faz segredo disso, e logo, ela não gosta de mim também, para todos os efeitos na cabeça dela eu sou o que há de pior neste mundo, e para desespero dela eu fui parar bem na igreja dela.
É, eu sei com tantas garotas na igreja, eu fui gostar justamente daquela, que a mãe me detesta, mas fazer o quê? O coração é enganador! E a gente ainda dá atenção para o que ele sente.
E eu continuo a pensar nela, e me entristecer pelo abismo que cada dia fica maior entre mim e meu amigo e entre mim e ela.
Desde o dia em que fiz as pazes com o Ricardo, que eu tenho tido uma conduta reservada com ele, e continuo mantendo uma distância segura entre mim e ela, ou seja, eu sou o responsável não só pelo abismo entre mim e ela, como entre mim e o meu melhor amigo.
Mas as coisas estavam melhorando, pelo menos foi o que eu achei!
Comecei a perceber que eu ficava irritado por qualquer coisa, não briguei na escola ou na igreja, porque quando eu estava no meu limite, estava a ponto de me tornar aquilo pelo qual eu lutava contra, eles 'o Ricardo e a Bia', me faziam cair na real.
E a minha real é que eu sou um garoto cristão. E como tal eu tenho um exemplo a seguir, e um exemplo a dar, o exemplo de Cristo. Claro que às vezes as coisas saem do nosso controle, principalmente quando achamos que somos capazes de fazer as coisas do nosso jeito e sozinhos.
No dia do aniversário da Bia, o céu combinava com o meu humor, de nublado a negro. Fiquei em casa, como eu nunca me incomodei por não ser convidado para as festas na casa da irmã Edith, minha mãe estranhou meu mau humor.
Mas ela deixou para lá, eu ainda não estava pronto para falar a respeito, e eu falaria quando me sentisse preparado. Depois do aniversário, Ricardo e Bia se tornaram melhores amigos, e não se desgrudavam mais.
E isso me dilacerou, é eu sei, perdi novamente a chance de dizer a ele, que gostava dela. E eu meio que me afastei um pouco dos dois, mas nada tão grande que deixasse todo mundo louco de preocupados comigo de novo, mas de repente, eu estava ficando um garoto solitário, os garotos pararam de ir lá em casa, eu parei de ficar conversando com eles na porta da igreja no fim dos cultos, nos intervalos da escola eu estava sozinho, em que momento minha vida mudou tanto? Sinceramente eu não faço ideia.
Finalmente uma noticia boa, meu tio Adriano viria passar duas semanas com a gente e eu estava ansioso para isso. Ele é bonitão, alegre, cheio de vida, e principalmente ele me leva para todo canto, então talvez eu não me sentisse tão sozinho e desolado como estava me sentindo nos últimos tempos, na verdade nunca me senti tão sozinho como tenho me sentido ultimamente.
Quando meu tio está aqui, ele leva ao delírio a mulherada solteira, tanto da igreja, quanto do condomínio, mas ele nunca se interessou por ninguém daqui. Ele já foi noivo, e a noiva bandida fugiu com outro no dia do casamento; e ele ficou arrasado, mas agora ele está superando.
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Projeto perfeito de Deus.
Teen FictionSpin-off de no Tempo de Deus. Paulo é um típico adolescente cristão. Bem humorado, carismático, perspicaz, e ama trabalhar na obra do reino de Deus. Ele é filho de mãe solteira, mas sabe que não é filho do acaso, ele é filho de Deus. Ele não conhece...