17 - O melhor descanso está no Senhor.

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Desde que minha mãe me falou sobre o meu pai, eu criei mil e uma personalidades para ele, e imaginei várias maneiras como eu seria recebido por todos os meus novos familiares.

Claro que a minha mãe me preparou, para o caso deles ficarem com um pé atrás comigo por causa dela, mas como nada é como imaginamos, eu fiquei no mínimo surpreso com todos eles.

Claro que meu avô me deu as suas alfinetadas, mas eu estava esperando por elas então foi tranquilo, e nos entendemos, e sei que tudo ficará bem. Meus tios paternos são tão maravilhosos quanto meus tios maternos, ou seja, eu sou abençoado!

Ainda no aeroporto em Palmas, eu conheci o tio André, e o abraço que ele me deu, foi simplesmente tipo 'cheguei em casa', é, eu sei, Deus é MARAVILHOSO e ainda ganhei tias de coração e um bocado de novos primos.

Bem tem o Bruno, lamento, mas não consigo chama-lo de tio, não sei bem o porquê, fui ensinado a chamar todo mundo de tio, então eu tenho facilidade de chamar as pessoas de tios, mas ele simplesmente não dá, tenho orado para que Deus tire do meu coração esse sentimento desagradável que eu sinto em relação a ele, então é esperar em Deus, e vê o que acontece.

Mas o que mais me chamou a atenção mesmo foi o Ben, ele é filho da irmã mais nova do meu avô, e perdeu a família de maneira trágica, e a primeira vez em que o vi eu pensei.

"Será que existe alguém mais vazio que esse garoto"?

Era triste ver o vazio naquele olhar, a falta de vida. Sempre que vejo alguém em uma depressão profunda, eu oro para que Deus resgate essa alma, não há nada mais gratificante que ver o agir de Deus em pessoas com potencial para alcançar outros em situações críticas.

Eu o vi entrar de fininho na sala, e ficar observando aquela confusão, todos queriam saber tudo sobre mim, e me enchiam de perguntas, e então senti um olhar sobre mim e quando olhei na direção em que Deus me indicava, lá estava ele com toda aquela tristeza profunda, achei curioso que ninguém me falara dele, e quando ele me encarou, senti toda a sua dor e aquilo me consumiu.

- E agora mora só vocês dois nesse casarão? - Perguntei aos meus avós, desviando o olhar do garoto.

- Não exatamente, no momento tem um sobrinho meu morando aqui. - Meu avô respondeu pensativo.

- E ele não está aqui agora? - Perguntei, imaginando como ninguém havia percebido que o garoto estava na sala.

- Ele está no quarto. É complicado! - Minha avó respondeu um tanto constrangida.

Olhei os meus avós, de um para o outro, tentando entender aquela situação, abri a boca para perguntar se ter alguém com depressão na família, era motivo para se envergonharem, mas achei melhor ficar quieto, afinal eu acabei de chegar, é melhor ir devagar.

Então, o próprio garoto se manifestou, ele deveria ser um ou dois anos mais velho que eu.

- Eles querem dizer que ter um membro problemático na família é complicado. - Ele diz com desdém encostado na parede.

Eu sorri contente, por ver que apesar da depressão óbvia, ele não estava entregue. Vi toda a família ficar surpresa com a presença dele, e imaginei que ele não tinha o hábito de se enturmar, meu pai sacudiu a cabeça, como se compreendesse alguma coisa, e foi até o garoto.

Ele nos apresentou, e quando o Ben me estendeu a mão, eu senti que ele precisava de muito mais que um aperto de mão, e o abracei.

- "Estou aqui Senhor, pronto para fazer a Sua Vontade, se eu posso ser um instrumento em Suas mãos para ajudar este garoto, estou aqui, que nada que saia da minha boca, venha de mim, mas que o Seu Santo Espírito, fale através de mim, para curar esta alma ferida." - Pedi enquanto o olhava atentamente.

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