22 - Deus cuida de tudo.

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No final de semana em que a Bia chegou, eles não foram à igreja então eu ainda não a vi, e meus pensamentos teimavam em voltar para ela, a casa dela era logo ali, mas não posso ir lá, apesar de sermos amigos desde sempre, não tenho liberdade para ir à casa dela, mesmo agora que nossas mães estão se dando bem, ainda não tenho liberdade para ir à casa dela.

- Paulo! - Me assustei com ela me chamando.

Eu estava no jardim justamente pensando nela. Eu levantei num pulo, e a abracei forte. Como senti a falta dela! E ela me abraçou com a mesma intensidade, sorri em seus cabelos.

- Você está bem? - Perguntei preocupado, ao senti-la tremer.

- Estou. E então como foi? Quero saber tudo. - Ela diz se afastando de mim. - Temos um tempo antes de minha mãe voltar da igreja, eu falei pra ela do beijo que dei no Ricardo, então ela está um pouco possessa, é melhor eu não abusar da boa vontade dela.

Ela ficou corada, ao mencionar o beijo, e eu não disse nada. Peguei na mão dela e a puxei para que ela se sentasse. E respondi a todas as suas perguntas, e falei das minhas férias, e de todas as novidades que eu tinha, e ela me falou das férias dela. Esperei que ela tocasse no assunto 'Ricardo', mas ela não disse nada, e eu também não toquei no assunto.

- A Katie me disse que vocês viajaram no mesmo voo; e ela tocou com você no noivado de seus pais. - Comentou tensa.

- Você conhece a Katie? - Perguntei confuso.

- Sim! A Claudia é prima da minha mãe, você não sabia? - Perguntou intrigada. - Ela veio aqui o ano passado, você não lembra? Amiga de infância da tia Mel.

- Sério? Eu não me lembro de tê-las visto, mas me lembro da tia Mel falando sobre a amiga de infância que não via há anos. - Comentei distraído.

- A Katie não veio com a Claudia. - Ela sussurrou abaixando a cabeça. - E então, você e a Katie ficaram muito próximos? - Senti novamente a tensão na voz dela.

- Podemos dizer que sim. Ela foi muito carinhosa com a minha mãe no avião, e bastante gentil tocando violoncelo para o meu pai. - Eu digo naturalmente.

- Então você vai mesmo embora! - Ela diz triste mudando de assunto, e olhando para o outro lado. A tristeza dela me deixa triste também, e eu suspiro desolado.

- Mas é só em julho. - Digo, sentindo a dor que a distância dela me trará.

- Você vai esquecer-se das pessoas daqui, e todos ficaremos no passado! - Ela diz se levantando. - Eu só quero que você seja feliz Paulo, e sei que você será feliz. Só não deixe de ser a pessoa que você é!

- Você falou igual ao Ricardo, que eu vou esquecer de vocês, mas e quanto a vocês? Até quando vocês irão sentir falta desse amigo chato? - Pergunto também triste e magoado.

Ela se aproxima mais de mim, toca no meu rosto, e vejo uma lágrima escorrer em seu rosto.

- Eu jamais te esquecerei! - Ela sussurrou, com a voz embargada. - Para quem vai é sempre mais fácil, tudo será novo, não há pessoas ou lugares, para fazer a pessoa lembrar de quem ficou, mas para quem fica? Tudo lembra a pessoa. - Em um impulso eu a puxo para os meus braços e a abraço.

- Eu também jamais te esquecerei! - Sussurro em seu ouvido. - Tudo será novo e diferente, mas o que eu sinto não mudará, só porque eu fui.

E ficamos alguns segundos abraçados, ela é só alguns centímetros mais baixa que eu, ela encosta a cabeça no meu ombro e eu fico passando a mão nos cabelos dela.

- Paulo! Bia! - Diz Ricardo nos assustando.

Ela se afasta de mim, e muito contra a minha vontade eu faço o mesmo.

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