Epílogo - Deus tem me guiado.

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Nova Orleans - Luisiana, Julho de 2011.

Estou acordada desde as quatro horas da manhã, gostaria de dizer que estou acordada por causa do fuso horário, porque cheguei ontem do Brasil, mas não é nada disso, meu corpo não sentiu jet lag nem quando cheguei aqui em março, tamanha a raiva que eu sentia na época, mas hoje eu não estou com raiva, só estou vazia.

Os raios solares entram pela minha janela aberta, e eu cubro o rosto com o travesseiro, e para o meu desespero mais uma vez as lágrimas inundam meus olhos, chorei tanto nas últimas vinte e quatro horas que pensei que não teria mais lágrimas, ouvi batendo na porta, mas ignorei.

- Ana Beatriz! - Ouvi a voz da minha mãe entrando no quarto, apertei mais os olhos.

- O que a senhora quer? - Perguntei irritada.

- Filha qual é o seu problema? - Perguntou me afastando e sentando do meu lado. - Querida fale comigo. - Pediu carinhosamente, o que fez meu sangue ferver. Levantei furiosa.

- Falar o que mãe? Tínhamos combinado que eu ficaria no Brasil duas semanas, e a senhora inventa essa viagem só pra eu não ficar lá! - Eu grito descontrolada. - Foi desse jeito em março, eu não sou uma mercadoria que a senhora manda para onde quer na hora que quer! - Continuei alterada.

- Fale baixo que você não está na feira, e você não combinou nada comigo, e eu já havia decidido vir passar uns dias com a minha irmã, e eu havia deixado bem claro que não era para você ir ao casamento da Ariane. - Ela diz calmamente.

- Mas a senhora concordou. - Lembrei-a.

- Sim. Concordei porque não aguentava mais a Claudia e o Marcelo no meu pé, e além do mais era para você ir ao casamento, não ficar no Brasil por tempo indeterminado.

- Mãe era apenas duas semanas. Eu estou com saudades de casa, eu detesto esse lugar. - Eu choramingo.

- Mas é aqui que você vai ficar até criar juízo. - Diz levantando.

- E o que seria criar juízo para a senhora? - Pergunto sentando na cama.

- Minha filha, que futuro você acha que o Paulo pode te dar? Ele é só um garoto!

- Ah, mãe! Pelo amor de Deus, ele é só um ano mais novo que eu. - Digo pulando da cama de novo irritada.

- E o que ele tem para te oferecer? Até a mansão que era um bom investimento a mãe dele vendeu. - Eu ergui as mãos desesperada.

- Mãe, nós não vamos casar amanhã, ainda estamos na escola, e se for da Vontade de Deus que fiquemos juntos, nem a senhora vai conseguir nos separar. - Digo indo ao banheiro.

- Você já viu o Facebook da enteada da Claudia hoje? - Minha mãe me perguntou em desafio.

Eu fiquei sim com ciúmes da Katie, mas eu sei que o Paulo não tem nenhum interesse nela, fiquei chateada quando a vi cantando com ele na entrada da mãe dele, mas ele me esclareceu que eles são apenas amigos, e não havia porque eu duvidar disso.

- Não mãe, eu não vi o Facebook de ninguém, e se a senhora não se importa eu gostaria de tomar banho em paz.

- Tudo bem! Mas não se esqueça de dar uma olhada na página dela. - Disse empolgada e saiu do quarto.

Não resisti e peguei o notebook, e logo que entrei na página da garota meu coração gelou. O motivo real para eu querer ficar no Brasil aquelas duas semanas, era porque eu queria vê-lo quando ele voltasse de viagem, havíamos combinado que ele ficaria uns dias na casa da tia Bel, para ficarmos um pouco juntos, e agora isso.

A página da Katie estava repleta de fotos dos dois, bem na verdade não eram apenas fotos dos dois, havia do Ricardo e de mais duas garotas que eu não conheço, as lágrimas banharam meu rosto, e aquele vazio que tanto me incomodara desde que minha mãe me dissera que viajaríamos, aumentou em cem por cento.

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