08 - A sua vida é uma história contada.

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Quando eu era criança, eu queria ter os olhos da minha mãe, eu acho lindos os olhos dela, são achocolatados, e a cor deles variam conforme o humor dela.

Por inúmeras vezes ela me disse que os olhos dela eram constrangedores, ela nunca escondia nenhuma emoção de ninguém, porque os olhos a entregavam.

Agora, se para ela eram constrangedores, imagina para os outros! Imagine eu, o filho dela a quem ela tanto amava, provocando qualquer tipo de dor nela.

Pois é, foi o que eu fiz. No momento em que eu perguntei se ela tinha certeza, ela sabia exatamente do que eu estava falando, e eu vi isso em seus olhos, toda a dor que eu causei a ela, toda a surpresa.

Então minha mãe respirou fundo, olhou-me nos olhos, e eu me contive para não me encolher e percebi que ela havia decidido que era chegada a hora de falar comigo, sobre o único assunto nessa vida que ela ainda não havia falado comigo, era 'o meu pai'.

E as surpresas foram muitas. Veja bem, a minha mãe continua sendo a minha heroína, só que eu descobri que meu pai não era nenhum monstro, e minha mãe não era tão perfeita, como eu imaginava.

Mas o melhor disso tudo era que enquanto ela contava a minha história, mais eu a admirava, porque contar a minha história era contar a história dela mesma, me contar as suas fraquezas, falar de coisas que a deixavam envergonhada.

Em nenhum momento, minha mãe tentou me colocar contra o meu pai, e eu soube, que mesmo eu não merecendo Deus continuava a me mostrar seu imensurável Amor por mim, saber que o homem que Deus escolheu para ser o meu pai, havia me procurado, me fazia apenas perceber o quanto eu estava sendo ridículos nos últimos dias, as duvidas, os receios, apenas me afastaram de Deus, e me fizeram magoar a minha mãe, e a minha igreja, estava na hora de crescer e ser verdadeiro como Jesus gostaria que eu fosse, e agora eu iria procurar pelo meu pai.

Quando minha mãe começou com a minha história, eu pensei que talvez ela se arrependesse por ter me dado à luz, mas o amor dela por mim estava lá, em seu olhar, em suas palavras.

E naquele momento eu pedi, ao meu Pai Supremo, que se ainda fosse possível, e se fosse da Vontade dEle, que Ele juntasse a minha família outra vez. E se tem uma coisa que eu tenho nesta minha vida 'é fé' em Deus.

Naquele domingo não almoçamos, e quando minha mãe terminou de me contar a minha história, eu percebi que ela estava esgotada, eu sabia que havia aberto uma ferida nela que estava longe de ser cicatrizada, pois depois de quinze anos, eu podia ver nos olhos dela, que ela ainda amava ao meu pai.

Incrível como os filhos não dão a devida atenção aos pais, no meu caso à mãe, pois até aquele momento eu jamais havia pensado no motivo para minha mãe esta sempre sozinha.

Como eu já disse, nos éramos um caso isolado na igreja, mas não na minha escola, e meus colegas tinham padrastos, outros comentavam sobre os namorados das mães, e minha mãe estava sempre sozinha, sempre comigo, sempre à minha disposição.

Até trabalhar, ela trabalhava em casa para poder ficar comigo. Não importava o quanto eu a abraçasse, a beijasse, a amasse ou cuidasse dela, jamais eu teria condições de retribuir tudo o que ela já fez por mim.

E mais uma vez por amor a mim, ela estava disposta a enfrentar o passado, a abrir uma ferida que claramente não estava cicatrizada, para que eu pudesse conhecer o meu pai.

Ela me liberou para falar com meus tios sobre minha família paterna. Depois de falarmos com a minha tia Drica que finalmente eu iria conhecer a minha outra família, nós fizemos um lanche rápido, e voltamos para os nossos afazeres de domingo.

Quero dizer a minha mãe, pois eu não iria fazer nada na igreja naquela tarde, então eu fiquei em casa sozinho, mas eu estava eufórico demais, revisei meu material da escola, fiz minhas atividades da escola bíblica, li a bíblia, e me arrependi profundamente, por ter cancelado meus afazeres da igreja.

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