18 - Sejamos sinceros com aqueles a quem amamos.

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Eu estava eufórico com Brasília, com os amigos do meu pai, e com as histórias que eles tinham para contar sobre o meu pai, meu pai tem bons amigos, e ouvi também as suas histórias, claro que algumas delas eram muito tristes, mas gratificantes.

Estava tão entusiasmado que não me preocupei com celular, até porque como eu já disse antes, não sou viciado em celular, mas lamentavelmente eu não vi as ligações da Bia.

Desde que minha mãe me comprou o meu primeiro celular há quase dois anos, isso mesmo eu ganhei meu primeiro celular, no meu aniversário de treze anos, e isso só aconteceu, porque por duas vezes eu fiquei rodado no treino de basquete sem ter como avisar minha mãe, então ela resolveu me dar um celular, claro que primeiro eu tive que concordar com todas as regras, é tudo lá em casa tem regras.

Enfim, e apesar de que desde aquele momento a minha vida passou a estar dentro do celular, e minha mãe não ter permitido que eu me viciasse no aparelhinho, eu acho que nunca fiquei uma única vez sem atender há uma ligação da Bia.

A não ser é claro que eu estivesse lendo a bíblia, mais uma das regras, é que eu jamais devo deixar a bíblia para atender ao celular, fazer o que né, eu tenho uma mãe sábia. E "Manda quem pode e obedece quem tem juízo"!

Meu pai me encontrou perdido em meus pensamentos, passando o celular de uma mão para a outra, ele sentou de frente para mim, e claro que ele estava preocupado, afinal eu não sou exatamente um garoto quieto.

- Como a gente sabe que uma garota, é aquela que Deus tem reservado para a gente? - Eu perguntei tímido.

- A gente não sabe, a gente ora, confia, e espera! E Deus nos mostrará no tempo certo, se a gente não estragar tudo, como eu fiz. - Meu pai me respondeu pensativo.

- Existem muitas maneiras de estragar tudo, não é verdade? - Eu pondero desolado.

- Eu creio que sim. Mas eu acho, que se Deus preparou uma pessoa para você, se você esperar nEle, você a encontrará. - Meu pai diz cauteloso.

- Eu espero no Senhor. Mas sabe pai, nos últimos meses, eu tenho sentido, pensado e feito coisas, que Deus ficou muito decepcionado comigo, eu tenho sido ingrato, e tenho ofendido as pessoas próximas a mim e principalmente a Deus.

Dizer isso em voz alta, para outra pessoa, faz com que a gente perceba o quanto somos frágeis e ingratos, a vida é tão simples, Deus está o tempo todo dizendo, "confia em Mim, e vencerei todas as suas lutas por você", mas o que a gente faz? A gente quer lutar sozinho, e só faz bobagens.

Foquei no meu pai.

- E louvado seja a Deus, por Ele ser misericordioso! - Dizia meu pai cauteloso. - Se você tem consciência dos fatos, e sabe que tem agido mal, ótimo! Já é um começo, é só você se derramar nos pés do Senhor, e Ele te perdoará e te mostrará como consertar as coisas com as outras pessoas. Filho, tudo isso tem haver com a garota que você me falou? - Meu pai estava preocupado.

- Ela me ligou, mas eu esqueci o telefone aqui. Então ela me mandou uma mensagem. - Eu passei o telefone para ele.

Desde que acordara, lera tantas vezes aquela mensagem que já decorara, sabia cada palavra que meu pai estava lendo, fazer o quê? Sou bom em decorar coisas.

"Desculpa-me ficar te ligando, eu só te ligo, porque você disse que eu poderia ligar. Nos últimos meses, você se afastou tanto de mim, mas eu pensei que fosse por causa do bobão do meu irmão, eu te perguntei tantas vezes Paulo, qual era o problema! Porque você não me contou? Eu pensei que fôssemos amigos, e eu estava pronta para nunca sermos mais do que isso, por causa das nossas mães, mas eu sabia que você sempre estaria do meu lado, que sempre seria meu amigo. Mas eu estava errada, você se afastou, e nem me disse o motivo. Eu preferiria que você tivesse me dito. Eu poderia olhar nos seus olhos, e te explicar, talvez você entendesse e não ficasse pensando mal de mim. Perdoa-me se eu não sou perfeita igual a você. Sua mãe me disse que você está em Brasília com o seu pai. Divirta-se, você merece. Vou continuar orando por vocês".

- Você não respondeu a mensagem. - Meu pai diz ainda preocupado.

- Eu ainda não sei o que fazer. Talvez seja melhor eu ligar para ela, mas não sei com certeza. - Respondi confuso.

- Creio que ligar seja uma boa ideia! O que aconteceu que você se afastou dela? - Perguntou curioso.

- Eu a vi beijando meu melhor amigo. - Digo triste.

- Entendi. E você conversou com o seu amigo, mas não conversou com ela. – Meu pai afirmou.

- Exatamente. Eu liguei hoje para ele, e ele confirmou que falou para ela que eu havia visto os dois juntos. Ele disse que ela ficou arrasada. - Essa história dela ter ficado arrasada comigo me deixou na lona. - Eu não falei nada com ela, porque eu não queria que ela ficasse constrangida, mas eu jamais pensei mal dela!

Eu me levantei passando as mãos na cabeça, como ela poderia cogitar a possibilidade de eu pensar mal dela? Só de imagina-la mal por minha causa meu coração dilacerava.

- E eu só falei com o Ricardo na época, porque ele não leva nenhuma garota a sério, e eu não queria que ele a machucasse, como ele sempre faz com todas as garotas que gostam dele. – Tento me justificar.

- Você precisa dizer isso para ela. Ela vai compreender! – Meu pai fala suavemente, o que me acalma o coração, deve ser isso ter um pai com quem se pode conversar, ele te acalma e te lembra de que você sempre pode tentar consertar as coisas.

- E de onde ela tirou que eu sou perfeito? Nos últimos meses, ela e o Ricardo evitaram que eu fizesse algumas bobagens. Será que ela se esqueceu disso? - Pergunto alarmado.

Meu pai me abraçou e tudo o que eu queria era ficar ali até aquela dor passar. Fechei os olhos para as lágrimas não saírem, eu não queria chorar, não agora!

- Primeiro você ora, para não ficar ansioso e complicar mais as coisas. E depois liga para ela.

- Eu vou fazer isso. - Digo sorrindo. - Obrigado, pai! - A dor ainda persistia, mas eu estava mais aliviado, abraço de pai é tão bom quanto abraço de mãe.

- Falou com sua mãe ontem? - Perguntou meu pai, e sorri ao sentir que ele mudava de assunto.

- "Será que a minha mãe deu essa dica para ele? Para não ficar remoendo um assunto doloroso"? - Pensei voltando a sentar, com o coração aliviado. – "Obrigado, Senhor! Pois o Senhor é sempre maravilhoso comigo". – Pensei feliz por estar ali com o meu pai, e por estes dias, em que eu pude conhecê-lo melhor.

- Falei. Se bem conheço a Laila, ela já colocou a casa inteira de pé. - Comentei sorrindo. - Ela é um pouquinho ansiosa, quando quer uma coisa.

Regina chegou com o nosso café da manhã, ela é a filha mais nova de um casal de turcos-brasileiros sensacionais, aliás, todos os amigos do meu pai são sensacionais, vou sentir falta deles, até da ex-namorada dele, eu vou sentir falta.

- "Será que minha mãe vai ficar chateada porque eu gostei da ex-namorada do meu pai"? - Me perguntei, mas logo deixei esse pensamento de lado.

Minha mãe não é esse tipo de mulher, que vai ficar neurótica com o passado do meu pai, ela é uma sábia serva de Deus, e sabe que Deus estaria cuidando do meu pai, 'mesmo ele estando afastado dEle', e isso significa que Deus só colocou pessoas necessárias na vida dele, e qual era a necessidade de cada uma delas, isso só cabe a Deus.

Depois do café da manhã, antes de fazer qualquer coisa com o meu pai, pedi licença e voltei para o meu quarto. Eu precisava resolver essa situação com a Bia, e espero em Deus que eu não estrague tudo.

Continua...

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