18 - Tedros no Céu de Chocolate

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Só depois que se separaram, foi que Agatha se perguntou se algum dia veria
Tedros novamente.
"Hora do show, meninos", disse Hester, irrompendo no quarto e arrancando
Agatha da cama. "Ani, Dot, vocês levam Essa. Edgar vem comigo. Nós temos
duas horas até meia-noite."
"Por que ficamos com o pateta?", Anadil gemeu.
"Porque vocês são os capangas!", Hester estrilou, levando Agatha do quarto.
Ela olhou pra trás, frenética, bem a tempo de ver seu príncipe transformado em
princesa pular da cama e agarrá-la, junto à porta.
"Eu te vejo em breve", disse ele, ofegante.
"Te vejo em breve", disse Agatha.
A porta se fechou entre eles e Tedros sumiu.
Hester puxou o braço de menino de Agatha pelo corredor pouco iluminado.
"Anadil e eu passamos semanas tentando encontrar um caminho até a Escola
do Velho, sem sorte, portanto é bom que você tenha um plano muito bom."
"Eu mal pude dizer adeus", Agatha lamentou, olhando para trás, para a porta
que se fechava.
"Não parecia que você estava dizendo muita coisa", Hester zombou,
puxando-a ao passar por alguns Sempre e Nunca que entraram em seus quartos,
como se suas vidas dependessem disso. Kiko parou subitamente, olhando as duas,
boquiaberta.
"O que você está olhando?", Hester rugiu.
"Mona, a Hester tem um namorado!", a voz de Kiko ecoou de dentro do
quarto quando ela fechou a porta.
"A Ponte do Meio do Caminho é suicídio, obviamente", Hester seguiu em
frente arrastando Agatha. "Nós seremos patos de tiro ao alvo, e sem chance de
você conseguir pela barreira invisível pela terceira vez. As galerias de esgoto
ainda estão bloqueadas desde o ano passado, portanto estão fora. A melhor pedida
é arriscar a patrulha das fadas, ao redor da baía..."

"Espere aí

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"Espere aí. Nós?", perguntou Agatha. "Merlin disse que eu iria sozinha..."
"Porque o Merlin acha que você é a única que consegue entrar na Escola do
Velho viva", disse Hester. "O que ele não entende é que um coven é um coven, e
nós protegemos umas às outras até a morte. Além disso, sem chance que eu vou
deixá-la ver o que tem dentro daquela escola sem mim", Hester viu a expressão
de Agatha, grata e comovida, e encarou-a, impaciente. "Então? Para que lado?
Qualquer coisa, exceto..."
"Ponte", Agatha sorriu.
"Eu sabia que você diria isso", Hester suspirou, arrastando-a pelo corredor
aberto. "E não conte à Dot que eu disse que você é parte do coven. Ela vai
transformar nós duas em pudim de café."
Agatha seguiu a bruxa e saiu pela passagem de vidro, até um dormitório
sombrio na Honra, notando mais alunos se escondendo nos quartos, como se
estivessem correndo de um monstro.
"Como é que vocês acabaram se tornando espiões de Merlin, afinal?"
"Nós usamos o rato da Anadil para enviar uma mensagem até a Floresta, em
busca de ajuda para lutar contra o Diretor da Escola. No fim das contas, o seu
gato Reaper também estava na Floresta, entregando a mensagem da sua mãe.
Bem, o gato achou o rato e correu atrás dele, até a metade do caminho de
Maidenvale, ávido para comê-lo, antes que Yuba descobrisse os dois. Desde
então, o Reaper — tão bonitinho, aliás — traz as mensagens de Merlin para nós,
enquanto o rato de Ani leva nossas mensagens de volta até o Merlin."
Agatha desacelerou. Negócios da Liga, ela pensou, lembrando-se do motivo
de Merlin para que ela não pudesse rever Reaper. Enquanto isso, seu gato careca
e amarrotado, que ela julgava não possuir outra utilidade além de afugentar
estranhos e decapitar passarinhos, vinha se comunicando com suas três amigas
durante todo esse tempo. Ela sentiu uma saudade súbita daquele gato velho e vil,
e ficou imaginando se Reaper sabia que sua mãe estava morta. Agatha sentiu um
aperto no coração. Ela não tinha forças para lhe contar.
Hester agora estava bem adiante, no corredor, e Agatha quase não conseguia
vê-la com o céu negro do lado de fora dos janelões, e o vento frio que entrava.
Conforme seus olhos se ajustavam à escuridão, ela teve que estender as mãos
para encontrar a parede de reboco e se segurou para não chamar o nome de
Hester... Somente então, ela notou o mural sob seus dedos...
Sete anões com roupas berrantes, de bruços, no sangue.
Agatha recuou devagar, olhando mais cenas: o Pequeno Polegar devorado
por um gigante... Rapunzel e seu príncipe jogados de uma ponte por uma bruxa...
Os finais felizes que ela vira pregados a uma parede, na caverna de Yuba. Finais
do Bem que já haviam sido reescritos para o Mal.
Agatha lembrou-se do que Merlin alertara, na Floresta. O Diretor da Escola
estava por trás disso tudo. Cada conto de fadas revisava um pedaço de um plano
maior.
Mas que plano? Por que ele estava matando velhos heróis? Por que ele
precisava de velhas histórias?
A menos que o Antigo lhe dê poderes sobre o Novo, ecoou a voz de Merlin.
Com um aperto na barriga, Agatha seguiu adiante, junto às paredes dos
murais: o Capitão Gancho cravando seu gancho no coração de Peter Pan... um
lobo mordendo o pescoço da Chapeuzinho Vermelho, João e Maria dentro de um
forno...
"Ande logo!", Hester chiou, mais à frente.
Agatha saiu correndo para alcançá-la, aterrorizada pelos membros da antiga
Liga que ela havia deixado para trás seguros na caverna, pelo menos por
enquanto. Qualquer que fosse o plano do Diretor da Escola, eles tinham que
destruir sua aliança antes que mais alguma dessas cenas se tornasse realidade.
Quando o relógio da torre bateu dez horas, Agatha notou que os dormitórios
ficaram em silêncio mortal.
"Para onde foi todo mundo?"
"Aric declarou hora de estudo obrigatória, já que a semana de pontuação é
semana que vem", disse Hester, puxando-a escada acima. "Nada de reuniões de
clubes, nem quartos em comum, todos os amigos em quartos designados.
Qualquer um que nos viu, acha que estamos tentando chegar para o toque de
recolher. Aliás, é bem esquisito ouvir a sua voz saindo desse corpo. Você parece
um pajem assustador."
"E se os professores me virem? Ou as fadas?", Agatha disse.
"Fazendo checagem de quartos, começando no primeiro andar. Relaxe,
ninguém vai te parar se você estiver comigo. Todos os professores me adoram,
exceto..."
Hester gelou. Agatha estreitou os olhos no vão escuro da escada e viu uma
sombra alta, de cabelos espetados, olhando para baixo, lá de cima, do quinto
andar. Olhos roxos cintilantes piscaram como sinais de alerta.
"Hester, minha doçura. Você não deveria estar em seu quarto?", disse Aric,
descendo a escada.
"Edgar esqueceu a mochila com os livros na biblioteca", disse Hester,
empurrando Agatha, ao passar por Aric. "Você sabe como os meninos são
desorganizados..."
Aric bloqueou a passagem das duas com o braço.
"Você pode ser o bicho de estimação da professora, mas isso não significa
que você pode infringir as regras, Hester. Nem eu posso infringir as regras, ou, à
essa altura, já teria picado minha mãe em pedacinhos e servido como um lanche
da meia-noite", ele passou a língua pelos dentes, com os olhos fixos em Hester.
"Mas é estranho. Minha mãe insiste que você é uma das Grandes Esperanças do
Mal, que certamente irá se tornar uma bruxa ilustre. E, no entanto, não consigo
imaginar a Grande Esperança do Mal perambulando com um menino manhoso
depois do toque de recolher...", os olhos dele desviaram para Agatha. "Mais
estranho ainda é que, pessoalmente, já puni quase todos os meninos dessa escola,
mas não tenho a menor lembrança desse aí", ele passou a mão no chicote preso
no gancho em seu cinto, virando-se para o estranho magricela. "Pernas sem
músculos... punhos flácidos... maxilar fraco... quase feminino, não acha?"
"O Edgar é na dele", Hester respondeu, calmamente. "Com todos os Sempre
e Nunca misturados, e você sendo novo aqui, não me admira que não o
reconheça..."
"Ah, eu me lembraria de um menino assim, tão... macio", Aric disse com a
voz arrastada, fazendo Agatha recuar contra o corrimão. "Sabe, Edgar, eu não
gosto de meninos que não agem como meninos. Passei anos preso numa
caverna, abandonado por minha mãe, e, no entanto, ensinei a mim mesmo a não
derramar uma lágrima. Meninos não choram, nem choramingam, nem se
curvam como princesinhas passivas. Meninos lutam. Meninos dominam. Foi isso
que eu disse ao Tristan, na Prova, quando ele implorou pela sua vida como um
cachorro. Não importava quantas vezes eu levasse aquele tolo para o calabouço,
ensinando-lhe o que significava ser um menino... ele não aprendia a lição. E
depois, encontrá-lo no alto de uma árvore, desavergonhadamente como uma
menina!", as bochechas de Aric ficaram vermelhas como fogo. "Nunca mais.
Cada menino nessa escola agora pertence a mim. Principalmente esses, como
meu novo amigo Edgar, que não me parece nada com um menino", ele se
aproximou, quase encostando os lábios nos de Agatha enquanto sorria, olhando
em seus olhos. "É melhor você ir andando, Hester, querida. Eu preciso passar um
tempo sozinho com nosso jovem Edgar essa noite. E quando eu o mandar de
volta, pela manhã, ele será um menino de verdade."
Agatha não conseguia respirar. Hester não se mexeu.
"Vá", Aric chiou para Hester, falando rapidamente. "Porque, dessa vez,
quando eu lhe der um talho, você não terá a bandeira da Prova para salvá-la."
Hester engoliu em seco e lançou um olhar impotente a Edgar. Com as pernas
trêmulas, Agatha viu sua amiga ceder e sumir escada acima. Agatha
rapidamente focou em seu próprio medo, sentindo seu dedo queimar aceso em
dourado. Ela só tinha uma esperança para fugir... O chicote de Aric estalou
enroscando-se em volta de sua cintura. O brilho do dedo de Agatha apagou com
a surpresa.
"Mágica? Que fraco", ele a puxou escada abaixo pelo chicote, como se fosse
uma coleira. "Nem consegue brigar como um menino."
O medo de Agatha se transformou em adrenalina.
"Então, que tal isso?"
Aric se virou... Agatha lhe deu um soco no rosto. Aric cambaleou para trás,
colidindo contra a parede, com sangue escorrendo do nariz, antes de se recuperar
e atacá-la como um urso. Agatha mergulhou por baixo dele, mas ele a agarrou
pela barriga e a jogou contra o corrimão, de cabeça. Tonta de dor, Agatha viu o
chão de pedra, quatro andares abaixo... Aric a debruçou sobre o vão mortal e
sorriu brutalmente, com os dentes manchados de sangue.
"Dê um alô para o Tristan, por mim", ele a soltou... Mas então um demônio
vermelho de chifres trombou em sua virilha e Aric gritou, puxando o corpo de
Agatha de volta para a escada. Dando gritos agudos, o demônio de um palmo de
altura grudou no rosto de Aric, como se fosse uma máscara, cegando-o,
enquanto ele se retorcia, junto à parede. Agatha ficou boquiaberta olhando
Hester, que descia a escada.
"Melhor ir andando, Edgar, querido", disse Hester, seguindo em direção a
Aric. "O Reitor e eu temos uns negócios antigos para acertar."
"Não! Eu não posso te deixar sozinha!", Agatha disse em seu ouvido. "Não
como da última vez."
"Isso não tem nada a ver com a última vez", Hester girou o dedo aceso em
vermelho e seu demônio apertou o pescoço de Aric, sufocando-o até que ele
gorgolejou.
"Mas ele é perigoso! E se..."
"Você está se esquecendo de algo muito importante sobre mim, minha
querida", Hester a interrompeu e se virou para Agatha, com os olhos injetados de
sangue. "Eu sou uma vilã."
Agatha não perguntou mais nada. Ela disparou escada acima, por mais dois
andares, ouvindo os gemidos abafados de Aric ao passar pelas portas foscas e
fechá-las atrás de si.
Iluminando o caminho com a luz do dedo, Agatha corria pelo escuro, no
telhado frio, por entre as cenas dos Empalhados de Merlin, tragando o ar e
dizendo para si mesma: "a Hester está bem, a Hester está bem, a Hester está
bem...".
O que não estava bem era o fato de que agora ela estava totalmente sozinha
em sua missão, exatamente como Merlin previu, e o fato de que os professores
certamente estavam a caminho, devido ao barulho que eles fizeram na escada.
Ela não arriscou perder tempo para estudar as cercas-vivas ou ver como elas
haviam mudado. Ela precisava encontrar a cena com água... esse era o portal
secreto do telhado para a Ponte...
Apenas encontre água...
Três minutos depois, Agatha ainda estava correndo em círculos, respirando
ofegante, vendo apenas cercas-vivas sem qualquer acesso à água enquanto
entrava cada vez mais fundo no labirinto... De repente, Agatha parou, com o
dedo iluminado apontado para a frente.
Bem no meio do jardim havia uma escultura em folhas dela, como menina,
magicamente flutuando acima de um lago nos braços de Tedros. Abaixo deles,
Sophie enfurecida, à beira do lago, com os punhos fechados e a boca aberta,
dando um grito.
Agatha estremeceu, revivendo o momento do lago na noite do Baile da Neve
dos Sempre. Aquele momento ímpar, quando os três amigos tinham sido
separados.
Agora, cabia a ela e a seu príncipe reuni-los novamente. Da margem, Agatha
ergueu o olhar para as torres negras da Escola do Novo, com seus contornos
ameaçadores na noite. O que aconteceu com Tedros? pensou ela. E se ele nunca
conseguir chegar até Sophie? E se eu nunca mais o vir? Gritos irromperam lá
dentro, da escada.
"Verifique, o telhado!", gritou Lady Lesso. "Encontrem quem fez isso com
meu filho!"
Agatha resfolegou. Não havia tempo para se preocupar, só para agir. Ela
respirou fundo, fechou os olhos e pulou na água.
Enquanto isso, na Torre do Diretor da Escola, Sophie ainda estava pensando
em Edgar e Essa. Depois da manhã desanimada — quase não conseguindo
esconder o nome de Tedros de Rafal, estragando a sua chance de encontrar o
espião e conhecendo aqueles dois fãs estranhos — o restante do dia
decididamente havia sofrido uma reviravolta. Quando ela chegou à sua turma,
Pólux já havia começado um desafio, uma repetição do teste para entrar na
cabeça do inimigo, só que com os alunos usando máscaras com o rosto de
Agatha. (Dessa vez, Hester ganhou facilmente, apesar de ter chegado atrasada.)
Depois da aula, Sophie conseguiu encontrar as três bruxas no corredor, que
pareciam indiferentes quanto ao paradeiro de Edgar e Essa. ("Eles têm uma
grade de aulas diferente da nossa", disse Hester.) Com as amigas saindo
apressadas para a aula de História, Sophie mal teve tempo de pedir-lhes um
feitiço que pudesse cobrir uma "imperfeição" na pele. "Você não está ficando
verruguenta e psicótica outra vez, está?", Dot segurou-a pelas bochechas.
"Não, não, é só uma espinha num lugar esquisito... sabe... imprópria para
uma rainha...", Sophie disse.
"Bem, se você é 'rainha' de alguma coisa, é rainha em curar espinhas",
respondeu Hester. "Venham, garotas. Não podemos chegar atrasadas para a aula
do Diretor da Escola."
Anadil foi atrás, mas Sophie entreouviu quando ela sussurrou:
"Não sei por que nos damos ao trabalho de ir. Ele só fica falando que a Sophie
isso, Sophie aquilo, e como ela inspira o futuro do Mal. Seja lá o que isso
significa."
"Significa que temos um adolescente apaixonado como Diretor da Escola",
disse Dot, seguindo atrás delas.
Sophie ficou parada, mais atrás, perplexa. Rafal estava falando sobre ela de
um jeito apaixonado para a escola inteira, e ali estava ela, ainda morrendo de
medo dele? Ele só tinha pedido lealdade e amor — as mesmas coisas que dera a
ela. E, até agora, ela tinha fracassado nas duas coisas. Sophie mordeu o lábio,
sentindo-se culpada, remexendo dentro do bolso.
Ela precisava lidar com TEDROS agora.
A antiga Biblioteca da Virtude, antes um coliseu dourado impecável, estava
mofada, uma bagunça cheia de capim por todo lado, com livros espalhados e
fora de ordem (o que não surpreendia, já que Evely n Sader havia matado a
antiga tartaruga bibliotecária, que ainda tinha de ser substituída). Mesmo assim,
Sophie conseguiu achar uma edição de O Livro de Receita da Boa Aparência, e
passou o restante da manhã cozinhando uma poção "Transformadora", com
beterrabas, flor do campo e suor de anão (esse último ingrediente foi roubado de
Beezle, antes de gritar "Grande Bruxa Máxima!" e sair em disparada). Segundo
o livro, o feitiço só duraria enquanto a área coberta ficasse molhada — e, no
entanto, no momento em que Sophie passou a poção em seu dedo e viu o nome
de Tedros ser coberto por uma nova camada de pele, ela se sentiu nova em folha,
como se também tivesse ganhado um novo começo com Rafal.
O jovem Diretor da Escola também pareceu ter virado a página, pois já não
estava mais agindo como se estivesse zangado quando eles se encontraram para
o almoço, na varanda reservada ao professores. Em vez disso, enquanto Sophie
beliscava uma salada de salmão fresco que Rafal trouxera num cesto, ele
remexia, nervosamente, nos cordões da camisa.
"Sophie, eu estava pensando... tenho pedido sua lealdade sem realmente
merecê-la, primeiro. Talvez nós não tenhamos passado tempo suficiente juntos
para nos conhecermos, como... bem, um casal normal...", ele deu uma olhada
para os outros professores na varanda, e os outros alunos lá embaixo no pátio,
todos olhando sorrateiramente para ele e Sophie, juntos. "Então... é... talvez você
e eu possamos fazer isso... quer dizer, passar um tempo juntos, sem outras
pessoas em volta... tipo, longe da escola, sabe, como um... um..."
"Encontro romântico?", Sophie ergueu as sobrancelhas.
"Certo. Sim. Exatamente", Rafal puxava a camisa justa. "Eu poderia levá-la
para um passeio na Floresta, talvez? Sabe, depois que todos forem dormir? Lady
Lesso não vai pegar no nosso pé quanto a irmos depressa demais, e nós podemos
ficar fora até a hora que quisermos, porque... bem, obviamente. Espere até que
você veja a Floresta de Baixo, mas lá do alto. Tem um visual brilhante, com todas
as árvores mortas, como um espantalho feito pelo diabo; e as estrelas acima das
Montanhas Murmurantes formam um elo que se conecta a uma caveira
gigante", ele disse, falando meio aéreo, como um menino Nunca nerd.
"Poderíamos até fazer isso essa noite, depois do jantar... sabe, passar um tempo
juntos, sem todo mundo nos observando..."
Sophie olhou em seu rosto claro, que parecia ficar cada vez mais jovem. Por
um instante, ele pareceu tão aberto ao amor.
"Eu gostaria muito disso", ela respondeu, num suspiro.
Rafal sorriu, aliviado. O jovem Diretor e sua Rainha passaram o restante do
almoço em silêncio, acanhados como dois adolescentes normais que tinham
acabado de combinar o primeiro encontro amoroso.
Naquela noite, após o jantar, enquanto Rafal voava de volta até sua torre,
Sophie aninhou-se em seus braços, já sem duvidar de quem era seu verdadeiro
amor. O nome de Tedros tinha sido coberto e esquecido, o Storian não havia
escrito mais nada sobre ele ou Agatha e, pela primeira vez, até Rafal ficou
imaginando se os dois Sempre haviam realmente deixado a Floresta.
"Talvez eles tenham caído em si", ele comentou, enquanto aterrissavam em
seus aposentos. Rafal lançou um rápido olhar ao Storian ainda parado acima de
uma página em branco. "Deixe-me trocar de roupa e depois nós podemos sair
para nosso... nosso, você sabe...", o pomo de adão dele se mexeu. "Vou me
trocar."
Sophie olhou pela janela. Depois de tudo isso, ela nunca mais voltaria a ver
seus amigos, pensou, relutando com uma onda de tristeza. Ela afastou a sensação,
lembrando-se de que esse era seu desejo: Agatha segura, com seu verdadeiro
amor, e ela segura, com o amor dela. Sophie olhou o belo e carinhoso menino, no
canto, trocando a camisa suada. O menino que estava prestes a levá-la para o seu
primeiro encontro de verdade.
"Bem, sem Agatha nem Tedros, finalmente teremos tempo para focarmos
em nós mesmos, não é?", ela disse. "Quer jeito melhor de começar a noite, do
que num encontro?". Ela arrumou o cabelo, preparando-se para a noite. "Adeus,
problemas! Adeus, vida comum! Agora posso até imaginar: irmos juntos para a
escola todas as manhãs, fofocar sobre nossos alunos, jantares tranquilos na torre,
planejar os lugares aonde queremos ir e as coisas que queremos ver, como um
príncipe e uma princesa, vivendo nosso felizes para sempre..."
"Eu não sou seu príncipe. Isso não é o Felizes Para Sempre, e tudo que você
descreveu me parece uma vida comum", Rafal respondeu, de costas para ela.
"Bem, tenho certeza de que um pouco de rotina será bom para nós, depois de
tudo que aconteceu", Sophie disse brava, arrumando livros numa prateleira para
preencher o silêncio. "No mínimo, nós podemos mandar aqueles dois Assassinos
de Sempre de volta para Bloodbrook."
"Assassinos de Sempre?", perguntou Rafal, cheirando uma pilha de camisas,
à procura de uma que estivesse limpa o suficiente para vestir.
Sophie fez uma anotação mental de lavar a roupa dele de manhã. A cada
minuto, ele estava se tornando mais parecido com um menino adolescente.
"Sabe, os novos alunos que você trouxe", ela bocejou, notando que a nova
pele no dedo em que usava a aliança começava a ficar fina. Amanhã, ela teria
que aplicar mais poção. "Edgar e Essa, eu acho. Você achou que eu não
descobria?"
"Desculpe, quem?"
"Aqueles primos, Rafal", Sophie se deitou de bruços na cama. "Da família do
Capitão Gancho... um par bem estranho. Claramente, eles são fãs obcecados por
mim, mas não conseguiram arranjar coragem para pedir um autógrafo.
Passaram o tempo todo olhando minha aliança. Não posso culpá-los, claro. É
bem bonita. Eles disseram que você os havia trazido aqui para matarem Agatha
e..."
Mas agora, Rafal estava olhando fixamente para ela.
"O Capitão Gancho assassinou toda sua família", ele disse. "Aos 10 anos de
idade."
Sophie deu um salto, confusa.
"O quê? Mas, então... quem..."
Os olhos de Rafal lentamente se desviaram para o Storian, ainda
inexplicavelmente imóvel sobre o livro de história. Uma luz recaiu sobre suas
pupilas, manchas vermelhas recobriram seu rosto e o peito nu.
"Você não trouxe nenhum novo aluno, não é?", Sophie disse, baixinho.
O Diretor da Escola fixou os olhos nela, e Sophie entendeu que não haveria
mais encontro essa noite.
"Se alguém... qualquer um... se atrever a entrar nessa torre, mate-o."
Então, ele saltou para fora da janela e partiu.
"Você quer que a gente invada a Torre do Diretor da Escola?", Tedros gritou,
em meio à névoa verde, enquanto se mantinha de pé no beiral de uma janela,
acima da baía.
"Nós, não, você", disse Anadil, encostando ao lado de seu corpo de menina,
junto à parede negra de pedras. "E pare de usar sua voz de menino. Você estará
sozinho com a Sophie em questão de segundos!"
"Segundos?! A torre está a meia milha de distância!", Tedros rugiu,
novamente com sua voz de menino, apontando a Torre do Diretor da Escola, à
distância, dentro da Floresta Azul. "Como é que eu vou daqui para lá..."
"Pare de abanar as mãos, seu pateta! Alguém pode te ver", repreendeu Dot,
olhando através dos binóculos do lado de dentro da janela. "Ani, o Diretor da
Escola acabou de sair, portanto essa é a nossa chance. A Sophie está lá dentro,
sozinha, até que ele volte. Além disso, a neblina está em seu horário de pico."
Realmente, Tedros mal conseguia enxergar a Torre do Diretor da Escola,
encoberta pela névoa esverdeada que soprava vindo da baía.
"Primeiro, o que tem a ver a neblina com o fato de eu chegar àquela torre?
Segundo, não existe tal coisa como 'feitiço para voar'. Terceiro, não posso me
mogrificar em pássaro sem depois me reverter a um menino quando aterrissar.
E, quarto, não estou vendo nenhuma de vocês duas carregando poeira de fada,
portanto, por favor, me digam o que eu estou fazendo num corpo de menina, a
dez milhas acima do solo, no meio da noite?!"
Anadil e Dot pareciam entretidas.
"Você não achou que o Merlin iria deixar os detalhes por sua conta, achou?",
disse Anadil.
"Padrões da neblina e o mapeamento dos movimentos de Sophie eram a
minha função", disse Dot. "E o trabalho de Ani era... bem... mostre a ele, Ani."
Ani tirou um rato preto do bolso, com as patinhas erguidas e um pequeno
capacete preto na cabeça. "É assim que você chegar até Sophie", disse ela,
colocando rato na palma da mão de Tedros.
"Assim?", Tedros olhou o roedor de olhos arregalados. "É assim que devo
atravessar metade da escola voando?"
"O Rato n°1 o colocou para dentro dos portões, não foi?", disse Anadil,
afagando o bicho de estimação ainda esgotado, dentro de seu bolso. "O Rato n°2
irá levá-lo até a torre."
"E o Rato n°3 negocia a paz mundial?", Tedros falou alto, olhando o rato
trêmulo na palma de sua mão. "Da última vez que eu chequei, os talentos dos
vilões tinham limites, Anadil. Talvez você tenha o talento de tornar um ratinho
pequeno, ou branco, ou fazê-lo dançar rumba, mas ratos não voam, isso é certo,
principalmente o Rato n°2, que está agindo como se eu estivesse prestes a jogá-lo
dessa torre!"
"Rato esperto!", Anadil sorriu.
"Hã?", disse Tedros.
Dot apontou o dedo aceso e um tufo de névoa verde flutuou acima da cabeça
de Tedros, ficando branca como gelo, antes de se transformar num tom marrom
escuro. Tedros olhou pra cima e uma única gota de condensação pingou em seus
lábios.
Chocolate.
Como chamas envolvendo dinamite, a névoa verde à sua volta começou a se
congelar e ficar marrom escura, transformando-se em fractais e volutas de gelo
— algumas chatas, algumas giratórias, algumas com pontas afiadas, algumas
bem fininhas como espaguete — até que o céu inteiro acima da baía parecia
uma montanha russa de chocolate camuflada pela noite.
Já perdendo o fôlego, Dot se concentrou com mais afinco, perseguindo o
último rastro de neblina verde com seu dedo aceso, enquanto ele vinha em
direção ao corpo de menina de Tedros, que estava grudado junto à parede do
castelo.
"Dot, esse que é mais o importante...", alertou Anadil.
Dot cerrou os dentes, tentando manter contínua a luminosidade de seu dedo,
mirando o último facho de neblina para o rosto de Tedros...
"Agora, Dot!", gritou Anadil.
Dot berrou de tanto esforço, e lançou um raio de luz. A neblina se congelou
como um picolé afiado a um centímetro do rosto de Tedros, que piscou chocado,
com os cílios roçando na lança de chocolate... então, ele lentamente olhou para o
ratinho trêmulo, de capacete, em sua mão. O rato prendeu as patinhas no picolé,
com Tedros ainda segurando seu corpinho.
"Ah, não", disse Tedros.
Anadil o chutou pra fora do beirão, e Tedros deu um berro uivante,
atracando-se ao rato como se ele fosse um corrimão. Enquanto os dois
deslizavam pela estalactite de chocolate congelado. Ao chegar no final, o rato
disparou tal qual um esquiador que pula de uma rampa, antes de engatar em
outro pedaço de neblina transformado em chocolate. O rato ia tão depressa,
puxando Tedros pelas trilhas achocolatadas — algumas em espiral, outras em
declive —, que ele não via nada além de um caleidoscópio de cacau e estrelas,
como se tivesse sido magicamente sugado para um dos truques de Merlin. Ele
podia ouvir as trilhas de chocolate rachando, à medida que eles passavam
zunindo e o rato guinchava de pavor, sabendo que era só uma questão de tempo
até que o circuito inteiro se despedaçasse sob o peso dos dois. O contornou uma
curva em loop, ficando de cabeça para baixo, e Tedros sentiu o sangue lhe descer
à cabeça, grato por não conseguir pensar em mais nada enquanto suas pernas
sacudiam no ar, desligadas da gravidade. Acima dele, as patinhas do rato
deslizavam ainda mais depressa pelos trilhos de chocolate, lançando fagulhas
marrons, como se fossem de neve. Delirante, Tedros fechou os olhos e pôs a
língua para fora, experimentando uma maciez de algodão, perguntando-se se ele
teria morrido e ido para o Céu dos Príncipes, onde poderia se deleitar qualquer
dever ou responsabilidade, para todo o sempre...
Então ele inalou um cheiro forte e horrendo, e o rato subitamente freou,
ejetando-o da montanha russa de chocolate, e seu corpo foi lançado por cima da
Floresta Azul putrefata, através de uma janela escancarada e ele caiu de traseiro
no chão de pedra. Tedros não se mexeu, permanecendo no solo, ofegante.
"Eu... quero... a missão... da Agatha."
Mas ele se lembrou de onde estava, o corpo que habitava, e o que deveria
estar fazendo. Seus olhos se abriram, num estalo.
Cambaleante e com dores, ele se esforçou para ficar de pé, ainda
desacostumado à silhueta macia e delgada de menina. Deu uma olhada em volta,
vendo os aposentos desertos do Diretor da Escola, lambendo o restinho de
chocolate que ainda tinha nos lábios.
"Sophie?", ele deu um gritinho com a voz feminina chiada de menina,
adentrando mais a sala. "Sophie, sou eu, Essa! Essa, de Bloodbrook. Nós nos
conhecemos hoje de manhã, lembra? Desculpe ir entrando dessa maneira, mas
você está correndo um perigo terrível", Tedros imaginou Agatha ao seu lado, seu
espírito o incentivando a seguir em frente. "Temos que sair daqui agora, Sophie",
ele disse, sentindo sua confiança aumentar. "Antes que o Diretor da Escola volte.
Portanto, se você apenas me ouvir, numa conversa de garota para garota..."
Um golpe de dor arrebentou em sua cabeça, nocauteando-o, e ele despencou
de cara no chão. Lá longe, do outro lado da baía, no quarto das bruxas, Anadil e
Dot acompanhavam a cena, horrorizadas e boquiabertas, através de binóculos,
vendo Sophie, que estava em pé acima do corpo caído de Essa, empunhando um
imenso livro de histórias como se fosse um porrete. Anadil virou-se para Dot,
bem devagar.
"Ela nunca foi de muito papo entre garotas, né?", disse Dot.
Assim que a névoa começou a se transformar em chocolate, Agatha viu sua
chance. Ela tinha ficado escondida numa das pontas da Ponte do Meio do
Caminho, presa em seu corpo de menino, de olho em dez sombras imensas no
topo da Escola do Velho. Nenhuma delas parecia humana.
O coração de Agatha murchou. Ela não tinha a menor esperança de passar
por um dos guardas do Diretor da Escola, quem quer que fosse, muito menos por
um batalhão deles...
Foi quando a névoa acima da baía começou a se transformar em chocolate
congelado. Perplexa, ela se virou e viu o dedo aceso de Dot pulsando numa
janela escura, lá no alto da outra escola. Gritos de choque e pânico ecoavam em
meio aos guardas acima da Ponte, que saíram correndo das varandas e
adentraram o castelo, deixando o telhado desguarnecido. Agatha sorriu,
escondida na outra ponta. Independentemente do que Dot estivesse fazendo na
Escola do Novo, isso serviu como uma distração perfeita na Escola do Velho.
Não foi uma coincidência, pensou Agatha.
Merlin e seus espiões tinham feito tudo que podiam para ajudar Tedros e ela a
concluírem suas missões. O restante cabia a eles. O mais rápido que pôde,
Agatha disparou de seu esconderijo, atravessando a ponte pouco iluminada e
gélida, sentindo o vento em seu peito magro de menino, com as mãos estendidas
à sua frente, sabendo que a barreira estava chegando...
Bum! Ela colidiu contra ela depois de um quarto do caminho, o que deixou as
palmas de suas mãos formigando e seu corpo inteiramente exposto sob a luz do
luar. Os guardas iriam avistá-la no segundo em que retornassem.
"Deixe-me passar", ela implorava, com as mãos espalmadas na barreira.
Seu reflexo cristalino magicamente surgiu no espelho, vestido com o
uniforme do Mal — só que era ela mesma, em vez de um menino.
"Velho com velho,
Novo com novo,
Não ultrapasse além,
Ou chamo..."
"Espere um segundo, rapaz... você nem é aluno daqui." Seu reflexo a
encarava, sério. "Intruso!" Seu reflexo escancarou a boca para gritar. "INTRU..."
"Não! Sou eu!", ganiu Agatha. "É a Agatha!"
"Eu só estou vendo um menino de olhos arregalados e mal nutrido",
respondeu o seu reflexo, novamente abrindo a boca para gritar...
"Eu vou provar!", gritou Agatha, sabendo que agora não tinha escolha. Ela
fechou os olhos, visualizando o contrafeitiço... Seu cabelo começou a engrossar,
seu maxilar foi arredondando, seu corpo foi voltando ao formato feminino e
preenchendo seu uniforme. "Está vendo, sou eu", ela sorriu, agora igualando o
reflexo na barreira. "Então, deixe-me passar..."
"Ah. Você", rugiu o reflexo, sem retribuir o sorriso. "Você quase me destruiu
por me fazer confundir os lados nos dois últimos anos. Primeiro, você me
convenceu de que era do Mal, quando era do Bem. Depois, você me convenceu
que era um menino, quando era uma menina. Sem chance de deixá-la passar por
mim pela terceira vez. Portanto, ouça com atenção:
Velho com velho,
Novo com novo,
Não ultrapasse além,
Ou chamo você sabe quem."
Agatha ficou tensa. De canto de olho, ela via as geleiras de chocolate no céu
começando a evaporar. O som dos guardas correndo para o telhado ia se
amplificando dentro do castelo.
"E como você sabe se eu não devo estar na Escola do Velho, em vez da
Escola do Novo?", Agatha perguntou ao seu reflexo, tentando se manter calma.
"Fácil", respondeu sua imagem, bufando. "Porque você é tão jovem quanto
eu e eu sou tão jovem quanto você."
"Então, se eu sou jovem, não posso ser velha?"
"Você já conheceu uma pessoa velha que seja jovem?", retrucou o reflexo.
"Bem, um bebê recém-nascido me vê como jovem ou velha?", Agatha
devolveu a pergunta.
"Velha, mas isso é porque ele não sabe de nada..."
"E quanto a uma criança?"
"Depende da idade que essa criança tenha", disse o reflexo.
"Então, ser jovem ou velho depende de coisas?", perguntou Agatha.
"Não! É obvio para qualquer coisa inteiramente crescida!"
"E uma flor inteiramente crescida? Ou um peixe inteiramente crescido?"
"Não seja imbecil. Uma flor ou um peixe não sabem ver a idade", disse o
seu reflexo.
"Mas você disse qualquer coisa inteiramente crescida."
"Uma pessoa inteiramente crescida!"
"Então, você é uma pessoa, se isso é óbvio para você", ponderou Agatha.
"No entanto, você está nessa Ponte há milênios. Então, isso te torna o quê? Jovem
ou velha?"
"Velha, é claro!", respondeu o reflexo bufando.
"E se você sou eu e eu sou você, então, o que isso me torna?", disse Agatha,
com os lábios se curvando num sorriso.
O reflexo resfolegou, ao perceber a resposta.
"Decididamente velha."
A imagem de Agatha no espelho só pôde ficar boquiaberta de aflição,
sumindo na noite, enquanto a verdadeira Agatha estendia os dedos e atravessava
a barreira, e sentia o vento frio e vazio. Alguns segundos depois, as sombras
monstruosas enxamearam a torre voltando aos seus postos, e não viram nada na
Ponte além de um brilho preto esverdeado, entrando sorrateiramente no castelo,
algo que eles julgaram ser um pedaço da névoa, soprado da baía.
Se eles estivessem olhando mais atentamente, talvez tivessem reparado na
pequena poça de chuva que ainda ondulava sobre a rocha... uma única pegada
reluzindo sob a lua... ou os dois pontos de luz do outro lado da Ponte, flutuando
como estrelas caídas...
Os ousados olhos amarelos de um gato careca e enrugado observando
Agatha, enquanto ela sumia em segurança, entrando na toca do perigo, antes que
o gato mergulhasse na escuridão e desaparecesse.

A escola do bem e do mal 3 Infelizes para sempre - Soman ChainaniOnde histórias criam vida. Descubra agora