Motivo

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Meia hora depois, resolvi sair do banheiro. Porém, me arrependi na mesma hora. Assim que abri a porta, vi o Paulo no corredor, olhando fixamente pra mim. Minha vontade é ir de volta para o banheiro mas como ele já me viu não há escolha a não ser continuar o caminho. Que ótimo. Continuo andando, na espererança de que ele perceba que tudo que eu menos quero é falar com ele agora. Mas pelo visto, ele não liga pra isso e toca meu braço quando passo por ele, pedindo pra que eu pare.

- Quero falar com você - ele disse simplesmente.

Eu o encarei, sem expressão nenhuma em meu rosto. Cruzei os braços e pensei se deveria sair correndo ou deixar que ele falasse. Bom, de um jeito ou de outro, uma hora isso aconteceria. É melhor encarar isso agora e me ver livre dele de uma vez.

- Pode falar - respondi, ainda de braços cruzados.

De respende, ele começou a olhar pra mim de um jeito diferente,, como se stivesse guardando em sua memória, cada detalhe do meu rosto. Do mesmo jeito que ele fez quando nos despedimos antes dele ir para São Paulo. Senti meu coração bater mais forte e cada parte do meu corpo se arrepiar.

Depois de alguns segundos, seus olhos se desviaram para o ponto brilhante que havia na minha mão direita. A aliança. Assim que ele percebeu que não era um simples anel, pude sentir a tristeza que tomou conta dele.

Automaticamente descruzei os braços e coloquei as mãos nos bolsos de trás da minha calça. Não que eu precisasse esconder o namoro, é só que eu não queria ver ele com aquela expressão triste no rosto.

- Você está namorando?  - pergunto ele, olhando nos meus olhos.

Respondi que sim, mas eu era incapaz de olhar pra ele.

- Hm - foi sua resposta.

Depois de uma longa pausa ele voltou a falar:

- E... Você gosta mesmo dele?

Finalmente consegui olhar pra ele. Paulo estava debochando da minha cara! Revirei os olhos e me virei para sair dali, mas é claro que ele não pensou duas vezes antes de puxar meu braço e deixar nossos corpos separados por apenas dois centímetros. Olhei pra ele morrendo de raiva, eu queria gritar com ele mas se eu fizesse isso daria pra ouvir do andar de baixo.

- Gosta dele de verdade? - ele perguntou, com o rosto sério.

- Sim - respondi com a voz firme.

Em seguida ele olhou no fundo dos meus olhos. Eu não pude evitar olhar para os dele também, foi como se aqueles olhos verdes implorassem por isso.

- Então por que ainda não pediu pra eu te soltar?

Eu pensei em centenas de motivos para ainda estar ali, presa nos braços dele, sem sequer ter reclamado. E a cada segundo, ficava mais claro para mim, que não importa o que aconteça ou quanto tempo passe, depois desse fim de semana, eu jamais vou conseguir esquecê-lo. Jamais vou conseguir esquecer como me senti quando ele foi embora anos atrás ou como me senti quando nos encontramos de novo. Por mais que eu tentasse me livrar dessas lembranças, sempre haveria algo pra me fazer lembrar de como ele está olhando pra mim nesse exato momento.

Quando ficou óbvio que eu não responderia sua pergunta, ele se aproximou ainda mais e cochichou em meu ouvido:

- Nós dois sabemos o motivo.

My Best MistakeOnde histórias criam vida. Descubra agora