O nosso futuro

540 27 4
                                    

Assim que essas palavras saem da minha boca, um sorriso toma conta do rosto dele. E lá estamos nós, provavelmente pensando na mesma coisa: o nosso futuro.

Eu não tenho dúvida alguma de que aceitaria, porque agora sei, que uma vida sem o Nathan é uma vida que não vale a pena ser vivida.

Tudo bem, parece bobo falar sobre esse assunto considerando a nossa idade, mas é tão bom saber que ele sente o mesmo que eu e que nada nem ninguém vai poder estragar o que sentimos um pelo outro.

O jantar se resume em falar sobre como vai ser quando a gente puder se ver todos os dias, como vai ser quando acordarmos um ao lado do outro, as viagens que vamos fazer nos fins de ano, enfim, tudo que queremos viver juntos.

Terminamos de jantar e deitamos no sofá pra assistir um filme. Minha cabeça está apoiada em seu peito e, com seus braços me envolvendo, sinto que não queria estar em qualquer outro lugar do mundo. 

- Gabi - ele cochica em meu ouvido, o que me arrepia.

- O que? - cochico de volta e sorrio.

- Eu te amo - ele responde, dando um beijo em minha testa.

Eu levanto a cabeça pra poder olhar em seus olhos.

- Eu te amo - digo antes beijá-lo.

E mais uma vez estamos presos um ao outro. Os lábios dele fazem uma trilha beijos até chegar ao meu pescoço, o que me arrepia ainda mais. Então seus lábios voltam a encontrar os meus, queimando. Os beijos são ainda mais intensos agora, ele me tráz cada vez mais para perto como se fosse desmoronar se me soltasse.

Quando acordo, a luz do sol está entrando pela janela e o Nathan ainda está aqui, com os braços em volta de mim. Sorrio ao imaginar como seria acordar assim todos os dias, com ele bem aqui.

 Me viro pra de frente pra ele e o acordo com um beijo.

- Bom dia - eu digo sorrindo.

Depois de acordar, ele sorri e coloca atrás da minha orelha a mecha de cabelo que está caindo sobre meu olho. Não sei ao certo o motivo, mas esse gesto me faz sentir especial.

- Eu daria tudo pra acordar assim todos os dias da minha vida - ele responde, acariciando minha bochecha com o polegar.

Passo meus dedos pelo cabelo dele, que está todo bagunçado.

- Um dia a gente chega lá - falo antes de beijá-lo mais uma vez.

Ficamos em silêncio, absorvendo essas palavras. Eu poderia passar o dia todo ali nos braços dele, sendo coberta de beijos como estou sendo agora.

- E eu também daria tudo pra ficar aqui com você, mas tenho que ir trabalhar - ele diz, triste por ter que ir.

Faço cara de tédio e ele dá risada.

- Mas a gente se vê amanhã? - pergunto.

- Combinamos alguma coisa - ele responde segurando uma das minhas mãos contra seu rosto.

Eu me levanto primeiro, mas no mesmo instante ele me puxa pra trás e caio em seu colo. Ele olha nos meus olhos e me dá um último - ou últimos - beijo antes de ir embora.

Quando ele sai pela porta, sinto uma sensação estranha de alívio e tristeza ao mesmo tempo. Alívio porque fizemos as pazes - da melhor maneira possível - e tristeza porque queria passar o dia todo com ele bem aqui do meu lado.

Fecho a porta e vou para o meu quarto. Preciso guardar as coisas que estão na mala, mas estou com tanto sono que não consigo executar nem a mais simples das tarefas. Então deito na cama e caio no sono em questão de segundos.

Sou acordada por um barulho vinda da sala. Alguém está assistindo TV. Pego meu celular e vejo que já são duas horas da tarde. Levanto da cama e vou para a sala, onde minha irmã está assistindo mais um episódio de uma série que ela ama e eu nem sei o nome.

- Finalmente - ela brinca quando me vê.

Dou risada e sento no sofá, ao lado dela.

- Você não disse que ele ia dormir aqui - ela me acusa.

- Não fizemos nada, se é o que você quer saber - digo sem hesitar e ela dá risada.

Ela concorda e volta a presta atenção na tv.

- O fim de semana foi horrível - começo a falar.

- Você ainda não me contou o que aconteceu - diz ela.

Respiro fundo antes de começar a contar como é que foi.

- Você lembra do Paulo? O que me levou no baile de formatura do colégio...

Ela pensa por uns instantes.

- Ah, eu lembro - ela olha pra mim - vocês ficavam, né?

Balanço a cabeça como quem diz "mais ou menos".

- Eu era apaixonada por ele desde que o conheci, mas ele só disse que também era por mim no dia do baile - faço uma pausa - a gente ficou, mas foi só naquele dia porque depois ele foi morar em São Paulo pra fazer faculdade.

- E vocês não se falaram depois? - ela pergunta.

- Não, na verdade era inútil levarmos aquilo a diante porque não daria certo de jeito nenhum. Mas o que  aconteceu foi que ele estava na chácara também.

Ela me encara, como se não entendesse onde eu quero chegar.

- E aí?

- Nós conversamos algumas vezes e ele ainda gosta de mim - paro pra pensar nas coisas que ele disse - uma dessas conversas foi atrás de uma cachoeira, e quando saímos de lá eu acabei caindo na água. Ele era a única pessoa que estava perto, então me salvou. Eu devo ter desmaiado porque só acordei horas depois.. Aí eu e o Nathan brigamos - faço uma pausa - ele disse que desde que o Paulo chegou eu fiquei estranha e "agora isso". Foram os dois dias mais complicados da minha vida e no fim das contas eu e o Paulo brigamos porque eu disse que não sinto mais nada por ele e... Enfim, agora está tudo bem entre mim e o Nathan.

- Mas e o Paulo? - pergunta minha irmã - Você não gosta mesmo dele?

- Manu, claro que não! Eu só não queria terminar tudo isso com uma briga - digo simplesmente e ela assente.

Ficamos um tempo em silêncio até que ela volta a falar.

- Gabi - ela diz - você ama mesmo o Nathan?

A pergunta é tão estranha quando a cara que ela está fazendo agora. Ótimo, tudo que eu preciso agora é minha irmã duvidando que eu amo meu namorado.

- É lógico que eu amo - respondo sem hesitar - Por que?

- Ah, sei lá. É que é estranho você dizer que ama ele sendo que dois dias perto do Paulo te fizeram sentir tudo isso que você falou.

Um tapa na minha cara teria doído bem menos do que ouvir isso da boca dela.

- Isso não quer dizer nada, Manu!

- Eu te conheço melhor do que qualquer outra pessoa no mundo e, se quer meu conselho, fica bem longe do Paulo, se não você - eu a interrompo.

- Se não eu vou me apaixonar por ele? - dou uma risada irônica, isso é ridículo.

Ela olha para a aliança de prata que brilha no meu dedo e depois volta a me encarar.

- Com certeza.


My Best MistakeOnde histórias criam vida. Descubra agora