Vai ser tarde demais

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- Ah.. - faço uma pausa, sem saber como respondê-lo - não, ta tudo bem. Fica tranquilo, eles sabem que nós somos só amigos - digo.

Acho que em toda a minha vida, nunca passei por um momento tão esquisito! Eu quero sair correndo daqui.

- É isso aí - ele responde com um sorriso fraco e em seguida desvia o olhar.

- Paulo - começo a falar e ele me encara novamente - ta tudo bem pra você, não é? Conversamos sobre isso e eu achei que você tinha entendido - tento explicar da maneira menos grossa possível.

- Gabi, relaxa - ele ri um pouco - ta tudo bem sim.

A maneira como ele fala, dá a entender que tudo realmente bem, então acredito nele.

- Legal - respondo balançando a cabeça.

- Eu vou buscar água, você quer? - ele me pergunta.

- Não, obrigada - respondo antes que ele saia pela porta.

Dois segundos depois de a porta se fechar, enterro a cabeça em minha mãos. Que conversa foi aquela?!

- Que bom que está tudo bem pra ele - diz minha irmã.

Levanto a cabeça e a encontro olhando para o teto. Me levanto e vou até a cama dela.

- Você estava acordada? Ouviu a conversa? - pergunto falando rápido.

- O que você acha?

Balanço a cabeça, tentando me convencer de que não tem problema algum nisso.

- Isso não importa agora - digo com a voz mais calma - estou feliz que você está bem. Você me deu um susto, sabia?

- É, parece que sim - ela brinca e nós rimos um pouco - mas agora estou bem. Assim como o Paulo e você.

Talvez ela ainda esteja esperando uma continuação da nossa última conversa sobre o Paulo.

- Se você ouviu a conversa, sabe que nós somos só amigos, Manu. E não quero falar mais disso, ta?

Ela finge não ter ouvido o que acabei de dizer e continua.

- Acha que vai demorar quanto tempo até o Nathan perceber?

- Não tem nada pra ele perceber!

Então o Paulo entra no quarto e presencia a seguinte conversa:

- Eu fiquei tão preocupada, que bom que você está bem, Manu - falo enquanto seguro a mão dela.

- Obrigada por ficar aqui comigo, de verdade - ela responde sorrindo.

O Paulo finalmente começa a falar, nos livrando de continuar fingindo essa conversa fofa.

- Que bom que você acordou - ele diz se aproximando da cama - está se sentindo melhor?

- Estou sim. Obrigada por ter vindo também.

- Imagina - ele sorri e toma um gole de água.

"Alguém me tira daqui, alguém me tira daqui!", penso.

- Eu já venho - falo antes de sair pela porta.

Não consigo ficar perto dos dois ao mesmo tempo! É como se a Manu estivesse me obrigando a gostar dele!

Isso tudo me faz sentir que preciso do Nathan. Vou para fora do hospital, onde tem um pequeno gramado. Me sento na grama e ligo pra ele.

- Oi amor - ele diz ao atender o telefone.

- Oi - digo - eu liguei porque... Não sei, só queria ouvir a sua voz.

- Aconteceu alguma coisa?

- A Manu está internada e eu estou aqui no hospital agora. Ela desmaiou hoje cedo - explico.

- Sério? Mas ela está bem? - ele pergunta preocupado.

- Agora ela acordou, está melhor. Mesmo assim, acho que pode ser alguma coisa grave.

- Fica calma, talvez ela só tenha passado mal. Quer que eu vá até aí?

- Ah não, meus pais e o Paulo estão aqui, não precisa se incomodar.

Assim que as palavras saem da minha boca, sinto vontade de me bater! Não era pra ele saber do Paulo!

Nathan fica em silêncio por alguns segundos, o que só me faz sentir mais arrependida ainda por ter dito aquilo.

- É, parece que se o Paulo estiver por perto, você não precisa de mim.

- Nathan, por favor, não fica bravo! Eu eu você já falamos sobre isso, não tem motivo pra ficarmos brigando.

- Tem razão. Não vou mais perder tempo discutindo com você.

Meu coração para por um segundo.

- O que você quis dizer com isso? - pergunto, com medo de ouvir a resposta.

- Eu quis dizer que quando você perceber que está estragando o que nós temos, vai ser tarde demais.

- Nathan, não diz isso, por favor - digo já com o choro na garganta - eu te amo, você sabe disso, não sabe?

- Já tive mais certeza disso, Gabi - ele responde na mesma hora.

-  O Paulo é só um amigo e nunca vai ser mais do que isso!

Ouço ele respirar fundo antes de me responder.

- A gente se fala outra hora, tenho que desligar.

- Amor, me escuta, eu..

Antes que eu termine de dizer qualquer outra coisa, ele desliga o telefone na minha cara.

Deixo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Sinto que estou desmoronando por dentro. É como se tudo o que eu pensava ter resolvido, tivesse voltado a me atormentar! Meu coração está partido em tantos pedaços, que sinto que jamais vou conseguir consertá-lo.

My Best MistakeOnde histórias criam vida. Descubra agora