Mesmo depois de tudo

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Leiam a nota final, é importante! E vejam a tradução dessa música no vídeo, chorei msm hahaha

Depois de colocar um cardigan creme no topo das roupas na minha mala, passo para as roupas íntimas. Abro o bolso lateral e, ao colocar a mão dentro dele para checar se está vazio, encontro um pequeno envelope branco, mas já amarelado. É uma carta; a carta que recebi do Paulo, na chácara.

Meu coração se acelera enquanto a tiro de dentro do envelope, às pressas. Como eu pude ter esquecido que isso estava comigo?

Delicadamente, toco o papel, sentindo o relevo criado pela tinta preta da caneta. Meus olhos decoram o formato da letra preguiçosa do Paulo na sétima série. Sinto como se não tivesse acontecido há seis anos e eu pudesse caminhar até a escola agora mesmo e encontrá-lo esperando por mim no portão principal, como acontecia todos os dias.

Eu seria capaz de enumerar cada uma das vezes que cabulamos a primeira aula para fazer absolutamente nada na pracinha ao lado do colégio. Eu, Paulo, Jasmim e Nathan.

Uma ponta de mágoa surge em mim ao me lembrar do último nome. Não tem sido difícil ficar sem o Nathan, na verdade, mas uma parte de mim ainda sente falta da amizade que tínhamos antes de tudo. De qualquer forma, não faz mais diferença.

Mas eu falava da carta...

"Você é a menina mais bonita da sala, Gabi. Eu adoro quando você prende seu cabelo e usa aquela presilha azul. Queria que você fosse a minha namorada, mas acho que nunca vou ter coragem pra te dizer isso, então estou escrevendo aqui, porque você provavelmente nunca vai ler.

Mas, de qualquer jeito, se estiver lendo: Eu sempre (sempre) gostei de você.

Agora você está me olhando e sorrindo pra mim e eu estou vermelho, como se você soubesse o que acabei de escrever. Talvez você saiba mesmo, porque todo mundo já percebeu.

Se você e eu tivermos ido ao baile juntos, daqui a quatro anos (você está no futuro, então já tem a resposta pra isso), eu espero ter dito que amo você.

Porque eu amo. Muito.

Ass.: Paulo Augusto."

Você me disse, sim - Penso, sorrindo e com os olhos cheios de lágrimas.

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O interfone toca e vou até a cozinha atendê-lo depois de colocar minha sapatilha azul escura na mala de calçados. O novo porteiro - seu nome é Carlos, se eu bem me lembro - me cumprimenta com pouca animação.

- Um garoto chamado Nathan está pedindo para subir, mas o nome dele está escrito no campo de pessoas que não têm permissão para entrar. Ele está aqui já faz quinze minutos e peço desculpas por estar te incomodando, mas ele não ia sair daqui sem que eu falasse com a senhorita.

Nathan. O nome ecoa pela minha mente e sinto-me sufocada por mãos invisíveis. O que ele faz aqui? Será que sabe da minha viagem? Calma. Calma. "Ele não pode sequer entrar sem ter permissão", lembro a mim mesma enquanto tento recobrar o ar.

- O que digo a ele? - Pergunta o porteiro depois de alguns segundos, com um tédio quase imperceptível em sua voz.

Falar com o Nathan. Eu. Ele. Sozinhos aqui. Não.

Parte de mim deseja dizer ao porteiro para simplesmente mandar o Nathan para o inferno, e a outra metade quer descer até a portaria e dizer - mais uma vez - que é melhor ele seguir com a vida dele e entender que terá de fazer isso sem mim. Será que é tão difícil assim?

My Best MistakeOnde histórias criam vida. Descubra agora