A ligação

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Chego em casa e, mais uma vez, encontro minha família toda na sala. Nem olho para eles, apenas vou até as escadas e as subo correndo. Abro a porta do quarto e a bato com força depois de entrar. Me jogo na casa e desabo. Choro tanto, que o ar parece não ser suficiente.

Tudo que sinto agora, é ódio de mim mesma. Ainda não consigo acreditar que tive coragem para fazer isso com ele! Em meu coração, um enorme buraco está aberto, e sem o Paulo, ele jamais vai se fechar.

Não consigo nem pensar no Nathan. Só queria que o Paulo soubesse que não quero ele fora da minha vida. Eu nunca quis! E o pior de tudo é saber que agora eu o perdi e... ele me odeia.

Minutos depois, alguém bate na porta.

- Gabi? Você ta bem? - ouço minha irmã dizer, do lado de fora do quarto.

Só então, percebo a raiva que estou sentido dela também! Se ela não tivesse me irritado com aquela história de gostar do Paulo no hospital, eu não teria ligado para o Nathan e nada disso estaria acontecendo!

Levanto da minha cama e escancaro a porta, com meu sangue fervendo.

- Não, não está tudo bem! - falo na cara dela, quase gritando e ela se assusta - Mas pra você tudo deve estar ótimo, já que agora eu destruí tudo entre mim e o Paulo!

- O que EU tenho a ver com isso, Gabrielle? - ela pergunta, já nervosa.

Eu a encaro, dividida entre rir e chorar com a maneira como ela consegue se fazer de santa.

- Meus parabéns, conseguiu o que queria. Não se preocupa, agora eu e ele nunca mais vamos nos falar - é tudo que digo antes de bater a porta na cara dela.

Não aguento mais isso. Minha vida está uma bagunça! Estou sem o Nathan, sem o Paulo, e agora briguei com a minha irmã. Que ótimo.

Passo o resto do dia e o dia seguinte inteiro, trancada no meu quarto. Não tenho vontade de sair, de comer ou falar com alguém. Fico sentada na janela vendo a chuva cair do lado de fora.

A chuva. Agora ela vai ser sempre a única coisa que me liga ao Paulo. Preciso me acostumar com isso, afinal, o único lugar onde o verei é em meu sonhos, nada mais além disso.

Sempre na hora do almoço ou do jantar, minha mãe bate na porta e pede pra que eu vá comer. Só que por mais tempo que faça desde a última coisa que eu comi, não sinto fome. Na verdade, não sinto mais nada dentro de mim. Mesmo as lágrimas já acabaram.

Vou para minha cama e fico olhando para o teto. Fecho meus olhos e imagino que nada disso está acontecendo, que posso ir até a sala e encontrar o Paulo sentado no sofá ou voltar pro meu apartamento e dormir com os braços do Nathan me protegendo.

Mas todos esses pensamentos se desfazem rapidamente, e tudo que vem a minha mente é que eles não me querem por perto.

Acabo pegando no sono. Mas acordo várias vezes durante a noite por causa dos pesadelos ou por causa dos sonhos bons que me deixam ainda pior por serem apenas sonhos.

No dia seguinte, lembro-me que é meu terceiro dia trancada no quarto e também que é meu último dia auqi na casa dos meus pais.

Está cedo, ninguém além de mim está acordado. De modo que posso sair do quarto sem ter que responder a milhares de perguntas.

Vou até o banheiro e, ao me olhar no espelho, encontro uma Gabi cheia de olheiras e com os cabelos bagunçados. Não se parece comigo. Entro no banho e deixo que a água escorra pelo meu corpo, levando embora toda a tensão. Fico quase dez minutos tomando banho e então volto para o quarto.

Coloco um shors jeans de cintura alta e uma blusa de crochê rosa clara, caída no ombro. É a primeira roupa decente que coloco desde que.. enfim, você já sabe.

Faço um coque alto e coloco óculos escuros pra esconder as olheiras.

Começo a arrumar minha coisas para voltra pra casa. Dobro minha roupas direito e começo a colocá-las na mala. Quando abro o bolso laterak da mala para ver se o outro óculos está ali, vejo um pedaço de papel. Não sei o que é até tirá-lo de lá.

Então, vejo que não é ó um papel, é a carta do Paulo que eu recebi na chácara. Meus olhos analisam o pequeno envelope e, depois de pensar um pocuo, decido devolvê-lo ao bolso da mala.

Se eu ler aquela carta, sei que vou me sentir ainda pior - se é que isso é possível - por ter dito tudo aquilo ao Paulo.

Guardo as outras coisas na mala e arrumo o quarto. Quando tudo está em seu devido lugar, decido ir para a cozinha.

Minha mãe é a única que encontro por lá. Ela está preparando o café.

- Bom dia - digo antes de ir até ela.

- Bom dia meu amor - ela diz dnaod um beijinho na minha bochecha.

Pego uma maçã na fruteira e me sento em uma das cadeira em volta da mesa.

- Você quer falar sobre alguma coisa? - ela pergunta enquanto coloca pó de cafê no coador.

Sei que ela está se referindo aos quase três dias emq eu fiquei ausente. Mas isso pe com certeza uma coisa sobre a qual nunca vou querer conversar.

- Não - digo com um sorrisinho e ela entende.

Como mãe, ela deveria me pedir explicações sobre tudo que aconteceu, mas como ela também é minha amiga, respeita minha decisão de não falar nada sobre o assunto.

Logo meu pai e minha irmã chegam, eles me dão bom dia e eu retribuo. Minha irmã senta à minha direita e cooca o celular em cima da mesa antes de começar a comer.

Isso é estranho, mas sinto que já não sou tão bem-vinda como antes.

Pego uma fatia de pão e começo e espalhar geléia de morango nela, estou concentrada nisso até que o celular da Manu começa a tocar e... Vejo o número o número de telefone dele e, logo acima, o nome "Paulo".

Pego o celular dela pra ver se é mesmo o número dele e no mesmo instante ela tenta tomá-lo da minha mão.

- Me devolve, é meu! - ela grita e eu me levanto pra sair de perto dela, com o celular ainda tocando em minhas mãos.

- Por que eles está te ligando? - pergunto já com vontade de jogar o celular na parede.

Ela vem até mim e pega o telefone.

- Isso não é mais da sua conta - diz ela, agora em voz baixa, de modo que nossos pais não escutam.

As palavras dela doem mais do que qualquer coisa que ela já tenha me dito antes. E o pior é que ela está certa.

- Tem razão - digo olhando nos olhos dela - não é mais problema meu.

My Best MistakeOnde histórias criam vida. Descubra agora