Cap. 27

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Kaori andava pelo corredor revoltada com a chuva, quando finalmente arruma o telescópio na posição certa, o céu resolve derrubar o mundo na base da água. Se dirigia ao quarto do irmão quando parou pensativa, não tinha porque incomodar os dois a essa hora.

- Vou dormir e se eles forem espertos, vão notar que não deu certo - a pequena japa bocejava cansada seguindo para sua cama.

Mas dormir era a última coisa que passava pela mente dos dois naquele ambiente fechado. Ficavam sozinhos quase sempre, mas o clima entre os dois só estava mais íntimo por conta da liberdade que Haruto deu as investidas de Bruno.

O japa não sabia o que pensar sobre o que estavam fazendo. O amigo sempre o provocava e era totalmente invasivo, mas quando começou a ver o corpo reagir entendeu que algo estava errado. Se de fato era hétero, por que se sentia mais a vontade com o Bruno do que com qualquer outra garota?

Era revoltante estar quase se formando em psicologia e não entender a própria cabeça! Notara que Amy estava apaixonada pelo amigo loiro e mesmo assim saiu com ela. E agora o corpo estava em êxtase enquanto sentia o membro pulsar.

- Não vai tentar me repelir? - Bruno pergunta passando o nariz pelo pescoço de Haru e depois dando uma leve mordida, mas ao sentir o garoto se encolher, resolveu parar - Haru, seja sincero comigo - começa se afastando o sufuciente para encarar aqueles olhos escuros. Precisavam conversar - Tem medo disso? Da gente?

- Tenho medo de mim... - Haruto responde quase sussurando, como se sua voz não permitisse dizer mais nada - Eu não entendo porque sou assim - e suspira ao fechar os olhos. Era tudo muito novo, muito inesperado.

- Não entende ou não aceita? - Bruno se afasta totalmente do amigo se deitando e olhando para o teto - Meu pai não me quer mais na vida dele, só porque gosto de homens e isso dói - seus dedos tateiam a blusa até encontrar o pingente de pena - Mas tenho pessoas incríveis que me amam. Minha família, meus amigos, todos os caras que peguei na faculdade - e ao se levantar se depara com Haruto mordendo o lábio de nervosismo. Podia ver seu eu mais novo passando pela mesma confusão - Se você não se aceitar, nunca vai ser feliz de verdade.

Ao notar o amigo desconfortável, foi a primeira vez que não sorriu ou achou fofo, porque seu desconforto não vinha de uma provocação e sim de uma perturbação que rondava sua mente. Sabia que essa fase não era fácil, sabia que parte da família dele o criticaria de todas as formas e o seu Romeu não merecia passar por essa dor. Nenhum de nós merecia ser odiado por amar diferente.

- Me diz, Haru. Sua avó nitidamente me detesta, então como seu pai não é japones? Como ela aceitou a filha se casar com um estrangeiro? - Bruno resolve mudar de assunto antes que Haruto se fechasse denovo. Não queria estragar a amizade entre os dois, o japa riu como resposta e agradeceu mentalmente pela compreensão.

- Meu avô - Haruto fala enquanto sua expressão se suavizava, relaxando os ombros e soltando o ar que nem percebera ter segurado.

- Seu vô era mesmo incrível, caralho - Bruno fala rindo e sendo acompanhado pelo japa.

- Podemos dizer que meu avô sempre dava a última palavra e pela forma que eles foram criados, minha avó não podia contestar. Sendo assim, ele uniu o útil ao agradável - Haru se aconchegava melhor na cama encostando a cabeça na parede atrás de si.

- Seu avô usou as regras para bular as mesmas regras - Bruno se encatava pelo senhor que não pôde conhecer e com um sorriso, tirou o colar de pena do pescoço entregando ao amigo.

- Você nunca tira, Bruno - Haruto pega o colar encarando o pingente prateado, sem entender o porquê dele ter o entregue - Ele é muito bonito. Quem te deu?

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⏰ Última atualização: Aug 19, 2021 ⏰

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