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𝐓𝐚𝐢𝐧𝐚́,16 𝐚𝐧𝐨𝐬

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𝐓𝐚𝐢𝐧𝐚́,16 𝐚𝐧𝐨𝐬

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Nós precisamos do toque humano,mais do que do ar que respiramos.Precisamos sentir o calor humano...afeto,nos sentir amados e amar também!

Bom,eu sou uma garota como qualquer outra...não muito,a não ser pelo fato de eu ter fibrose cística.

Ai você,curioso por si só,me pergunta:Mas Tainá,o que é fibrose cística???

Aqui jás a sua resposta,caro amigo.

É um transtorno hereditário com risco de vida que danifica os pulmões e o sistema digestivo.

A fibrose cística afeta as células que produzem muco,suor e sucos digestivos.Isso faz com que esses fluidos se tornem espessos e pegajosos.Eles aderem a tubos,dutos e passagens.

Ou seja,eu vou morrer afogada.

Uhul que legal,vamos dançar.

Bom,desde meus 5 anos de idade eu vivo saindo e entrando no hospital,fiz até amizade com os médicos,principalmente com Raquel,minha enfermeira.

Ela briga muito comigo,por que eu não tomo os remédios do jeito certo,não desinfecto a cânula na minha barriga,blá blá blá.

Cara,eu tenho 16 anos,sem nenhuma espectativa de viver até os 20,quero que se foda tudo,eu não me importo se amanhã eu vou estar viva ou morta.

Já dizia o filósofo:A única certeza que temos é a morte.

Poético.

Minha mãe vem aqui as vezes,precisa cuidar da empresa e dos meus irmãos.Meu pai pediu divórcio assim que descobriram que tinham uma filha defeituosa.

Eu juro,me chatiei um pouquinho,bem pouquinho mesmo,quase nada.

Olho pela janela do quarto e vejo que o sol já estava rachando,Rio de Janeiro por que és assim?

Me levanto,olho a bagunça do meu quarto.Incistem para que eu arrume,mas a minha vontade me impede.

Ah é,hoje a lili canta.

Eu melhorei de um resfriado,ou seja,não tenho que ficar mais aqui e nem usar aquele caninho no meu nariz que solta uma chuvinha de ar irritante.

Visto uma roupa qualquer,camisa larga e calças largas,para não aparecer a cânula na minha barriguinha.

—Finalmente acordou!—Raquel entra no quarto.

—Sim,como consegui?—Debocho.

—Acordou com o cu virado pra lua mesmo.—Murmura.

Dou risada.Observo ela conferir o coquetel de remédios,me olha despontada.

—Não tomou nada?—Coloca uma mãozinha na cintura.

—Pra que?Já to melhor.—Dou de ombros.

Ela suspira e escreve em um papel.

—Coloca a proteção que eu te libero.—Fala autoritária.

—Sim,capitã!—Bato continência.

Ela revira os olhos.

Pego minha máscara facial e coloco in my face,coloco a luva de silicone também,faço um joinha pra Raquel e ela sorri.

—O Matheus está te esperando na recepção.—Assinto.

Pego minha mochila,pondo ela nas minhas costas.Abraço Raquel e saio do meu quarto.

Tiro meu celular do bolso e coloco o fone de um lado da minha orelha,ponho uma música qualquer.

Tenho um gosto musical peculiar.

Avisto o tão famoso Buddy Poke,pelo menos é assim que Matheus é conhecido no mundo do Rap e afins.

Somos melhores amigos desde...desde sempre!Cuidamos um do outro como irmãos,tem gente que jura de pé junto que namoramos.

Deus me livre!

—Barata chapada de desinfetante?—Falo atrás dele.

Se vira e me olha,logo da um sorriso.

—Vira-lata!—Fala animado e nos abraçamos.

Amizade duradoura é quando os dois se xingam,mas não se ofendem.Lindos.

—A Daia ta esperando tu lá no carro.—Assinto.

Daiane ou Daia,é a minha prima,sai comigo e com Matheus,mas foi passar uma temporada na Inglaterra e voltou a pouco tempo.

Não sou uma das suad maiores fãs,já que quando íamos no 5° ano ela contou pro garoto que eu gostava que eu sou doente.

Desgraçada.

Ai o garoto expalhou pro colégio inteiro que eu tenho fôlego de meio pulmão,ai já viu o bullying.

Só que eu acho eles burros,já que eu nunca fiz educação física ou algo do tipo,caio morta no chão.

—Caralho,ta com cara de morta.—Fala Daia.

—Daqui apouco vou tar mesmo.—Falo em tom de sarcásmo.

—Sabe brincar não!—Buddy bate no meu braço.

—Doeu ta?—Faço manha e ouço sua risada.

Me sento no banco de trás e Matheus vai no da frente.Olho para o hospital e logo lembro que vou ter que vir aqui uma vez por semana.

Tenho que fazer exames e testes por conta dos meus pulmões inúteis.Quando eles funcionarem 60% eu vou internar de novo,por enquanto eles tão com 78%.

A certeza que não vou viver até os 20 ta ficando maior.

—Visão,a gente vai colar em uma festa,quer ir?—Matheus se vira pra me olhar e eu assinto animada.

OK,talvez eu seja uma completa esquisita que usa máscara e luva,mas fazer o que?Se eu pegar alguma doença eu morro.

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