Capítulo 18

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Último dia

Noah dirigia em silêncio de volta ao hotel. Sina olhava a cidade pela janela entreaberta do veículo. O silêncio era constrangedor. Não que eles não tivessem nada a dizer. Simplesmente estavam pensando em mil coisas e sabiam que boa parte desses pensamentos não deveriam ser comentados, no momento.

– Hum… Eu… - Noah começou a dizer algo, mas não tinha muita certeza do quê - Sobre o que aconteceu hoje…

– Por favor, Noah. - interrompeu Sina - Não vamos falar sobre aquilo, ok? Melhor a gente fingir que nunca aconteceu.

– Hã… Tudo bem, então. Se você prefere assim.

Sina se irritava ao pensar que Noah a tinha usado para se divertir. Tudo o que ela queria no momento era esquecer aquilo. Esquecer principalmente do que ela tinha sentido durante aquele beijo.

Noah respirou fundo, pensando que provavelmente tinha feito besteira. Mas, bem, ele não poderia ter feito nada diferente. Ele sentia como se alguma coisa estivesse mudando dentro dele, tudo por culpa daquela garota. Pensar nisso o deixava desconfortável.

– Caramba, eu tô morrendo de fome. Nem parece que eu acabei de sair de um restaurante. - ele mudou de assunto.

– Nem me fale... - concordou Sina - Ninguém me avisou que iam colocar uma alga marinha na comida.

– Bem, eu acho que depois dessa, a gente merece uma pizza. - disse Noah, rindo.

– Com certeza. E viva o fast food.

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Noah e Sina estavam saindo do restaurante do hotel, depois de tomar o café da manhã. Era um domingo de sol e Noah estava inconformado com o fato de que o apartamento já tinha sido reformado e que eles estariam de volta no dia seguinte.

– Não dá pra acreditar que hoje é o nosso último dia no hotel. Passou rápido demais! - ele comentou.

– Pois é. - disse Sina distraidamente.

– E você nem aproveitou nada.

– Não é verdade. - ela respondeu.

– É sim. A piscina, por exemplo. Você nem olhou pra ela, e a temperatura da água é ótima. - disse Noah, apontando para a grande piscina azul com cascata, que estava perto de onde eles caminhavam. Sina se aproximou e olhou bem pra ela.

– Bem, estou olhando para ela, agora. É uma ótima piscina. Eu só não vou entrar porque já tenho um compromisso pra hoje, e…

– Jura? Você tem um compromisso? Que novidade. Seria uma pena, se…

Sina percebeu o que Noah ia fazer. Ela conhecia muito bem aquele olhar de quem estava prestes a aprontar. Sabia o que significava aquele sorrisinho no canto da boca.

– Jacob, nem pense nisso! - ela exclamou, mas era tarde demais.

Noah a ergueu do chão, e ela se debateu loucamente nos braços dele. Foi inútil. Ele a jogou na piscina sem pensar duas vezes.

– Seu idiota! Eu estou de calça jeans, caramba! - reclamou Sina, enquanto Noah ria sem parar.

Ela nadou até a borda da piscina e ergueu a mão.

– Para de rir e me ajuda a sair daqui. AGORA! - a garota exigiu, indignada. Noah estendeu a mão para ela, ainda sem conseguir parar de rir.

Sina agarrou a mão dele, sorriu maliciosamente e o empurrou para dentro da piscina.

– Ah, não, Maria. Que droga. - disse Noah, passando a mão pelo cabelo ensopado.

– Nossa, não acredito que você caiu no velho truque do “me dá uma mãozinha”. Francamente, eu esperava mais de você. - caçoou Sina, rindo enquanto jogava mais água da piscina no rosto dele. Como se ele já não estivesse suficientemente molhado. Noah revidou imediatamente.

Qualquer pessoa que passasse naquele momento perto daquele lugar veria dois jovens dentro da piscina, vestidos com roupas casuais (e obviamente encharcadas), rindo e se divertindo como crianças.

– Não sei se você percebeu, mas a gente está pagando o maior mico. - comentou Sina entre risadas, quando finalmente houve uma trégua na guerra de água.

– Nem ligo. - disse Noah, voltando a jogar água no rosto dela.

– Ei, para com isso! Vão expulsar a gente daqui, você vai ver. Sério, estou me sentindo uma criança de novo, depois dessa. - disse a garota.

– Por falar em criança… Eu reparei que você tem voltado meio estranha daquele seu trabalho voluntário com as criancinhas. O que é que está rolando, hein? - Noah quis saber.

Sina se surpreendeu, porque costumava achar que Noah não se importava nenhum pouco com aquilo. Ela hesitou um pouco antes de responder.

– É que… Bem, eu não sei se eu já comentei com você, mas essa creche onde eu estou trabalhando é um lugar improvisado pra ajudar os pais que precisam trabalhar fora e não têm com quem deixar os filhos. Eles deixam as crianças na creche, e os voluntários ajudam dando refeições, preparando atividades, ajudando no dever de casa, essas coisas. As crianças atendidas pela creche são todas muito pobres e uma boa parte delas têm problemas familiares. A questão é que, ultimamente, eu ando muito preocupada com uma das crianças, em especial. É uma garotinha de cinco anos, e toda a vez que eu olho pra ela ou consigo sentir que há alguma coisa muito errada acontecendo. O problema é que eu não sei bem o que é. Estou tentando descobrir.

– Poxa. Que tenso. Me mantenha informado sobre isso. E se eu puder ajudar de alguma forma, é só falar. - disse Noah.

Sina sorriu, pensando que aquilo era uma raridade. Ele tinha mesmo dito aquilo?

– Uau, Urrea. Você sendo fofo e prestativo? Pessoas da sociedade, peguem seus guarda-chuvas, porque vai chover. - brincou Sina.

– Ei, isso foi ofensivo, tá legal? - reclamou Noah, jogando novamente uma quantidade enorme de água da piscina no rosto Sina.

– Com licença, senhores… - disse um dos funcionários do hotel, se aproximando da borda da piscina e olhando para a camiseta encharcada de Noah - É expressamente proibido utilizar a piscina sem roupas de banho adequadas. Infelizmente terei que pedir que os senhores se retirem.

– Eu disse que iam expulsar a gente. - Sina sussurrou para Noah, e os dois falharam ao tentar segurar o riso.

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Aí que fofinho esse cap kkkk

⭐Deixem a estrelinha ⭐

Xoxo Anny 🥂

SOB O MESMO TETO - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora