Capítulo 15

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Nossa falsa história

Quando Sina apareceu na sala de estar pronta para sair, Noah não pôde conter um sorriso. Ela estava linda. Não que ele nunca tivesse reparado naqueles cabelos loiros e longos, naqueles olhos azuis brilhantes, naquele rosto perfeito e delicado. Noah sempre a tinha achado bonita, mas nunca tinha realmente se dado conta do quanto. Agora ela estava ali em pé no meio da sala, com aquele vestido azul, e misteriosamente Noah tinha ganhado a capacidade de perceber cada detalhe que confirmava o quanto ela era linda.


O rapaz foi arrancado de seus devaneios quando ela disse:

– Vamos logo com isso, antes que eu mude de ideia.

Sina respirou fundo, pegou a bolsa e foi em direção à porta.

Noah pegou a carteira e as chaves do carro e a seguiu. Enquanto o rapaz dirigia até o restaurante, aproveitou para acertar os detalhes do plano com Sina.

– Então, a história é a seguinte, pro caso de alguém nos perguntar alguma coisa: nós nos conhecemos na universidade há três meses e foi amor à primeira vista.

– Nossa, que original. - Sina comentou ironicamente, rindo.

– Eu sei que é tosco, mas foi o que deu pra inventar na hora, tá legal? Enfim, você não resistiu ao meu charme e se rendeu à minha beleza.

– Ahã, sei... E depois? - perguntou Sina, pensando que aquela conversa era tão boba que chegava a ser divertida.

– Então, você me chamou pra sair...

– Eu te chamei pra sair? - disse Sina, rindo - Não pode ser o contrário?

– Ok, então eu te chamei pra sair. Você aceitou com muito prazer, porque sabia que eu era um ótimo partido. A gente foi ao cinema, e em vez de assistir ao filme ficamos nos beijando a sessão inteira. Pouco tempo depois, você se impressionou com o meu talento musical e pediu pra eu te ensinar como tocar violão. Mas você não aprendeu nada porque não tem nem um décimo da minha habilidade. Depois de algum tempo, eu te pedi em namoro e você aceitou, com a certeza de que você era a garota mais sortuda do mundo. Estamos juntos desde então. E é isso.

– Uau. Mas que história de amor fantástica, a nossa. Olha só, meus olhos estão até lacrimejando. - brincou a garota.

– Não vejo a hora de esfregar o sucesso do meu relacionamento amoroso na cara daquela cacheada tosca.

Sina riu e pensou que aquilo era terrivelmente infantil.O mais inacreditável era que ela estava se juntando àquela loucura, só porque ele tinha pedido. Quem diria.

– Eu não tenho muita sorte com namoradas. - comentou Noah - Essa Any, por exemplo, é uma louca. Sabe, na época eu estava todo animado em ter arranjado uma namorada mais velha. Eu acho que eu tinha uns dezessete anos, e ela devia ter vinte. A gente se conheceu na academia. Ela era consumista, exageradamente vaidosa e muito ciumenta. Loucamente ciumenta. Sabe, eu já estava pensando em um forma legal de dar o fora nela, mas antes disso ela decidiu terminar o namoro. Que tipo de mulher terminaria o namoro comigo? Estou te dizendo, essa mulher é louca.

Sina deixou escapar uma risada. O ego de Noah era maior que o território brasileiro, e o engraçado era que às vezes ele parecia não notar isso.

– Imagino que ela teve bons motivos. - replicou a garota.

– Tipo qual?

– Bem, é cientificamente comprovado que homens são, por natureza, mais imaturos que as mulheres. Pra piorar a situação, ela é três anos mais velha que você. Ela não ia aguentar por muito tempo os seus jogos de videogame e seus episódios de Dragon Ball Z.

– Injustiça! Eu deixei de assistir Dragon Ball aos treze anos, tá legal? - Noah se justificou, mentindo.

– Ahã. Sei. - retrucou Sina - Bem, só quis dizer que a diferença de idade pode ter sido um dos motivos pelo qual ela te chutou.

– A questão é que as garotas nunca me dão fora. Sou eu quem faço isso. Hoje, quando eu provar que estou bem melhor sem ela, a ordem do universo será restabelecida.

A garota revirou os olhos, rindo. É cada uma que ela tinha que ouvir.

– Ei. - disse Noah - Estou me lembrando aqui que eu não sou o único a ter azar com namorados. Mas no seu caso, foi uma questão de mau gosto, mesmo. Aquele seu namoradinho do segundo ano...

– Ele era um fofo, tá legal?

– Fofo... - repetiu Noah, rindo - Só se o significado de "fofo" for "nerdzinho tapado". Ele era a mistura de tudo o que há de mais bizarro. Ele usava aqueles óculos fundo de garrafa, falava gaguejando, e principalmente, era chato pra caramba. Sabe, até o nome dele era ridículo. Marcelito... Uma mãe que dá um nome desses pro filho deveria ser presa.

– É Marcel. - corrigiu Sina - E ele é um cara super gente boa, nós somos amigos até hoje. Eu nunca entendi essa sua implicância com ele.

– É porque ele é um mané. Você deve ter namorado com ele só por caridade mesmo, porque...

– Urrea, diminui a velocidade desse carro! - exclamou Sina - Desse jeito, nem o cinto de segurança vai salvar a minha vida.

– Relaxa, a gente já está chegando.

O restaurante não era muito longe do hotel e ficava à beira do lago, localizado em uma área elevada de onde se podia ter uma ótima visão da cidade. A construção moderna que impressionou Noah e Sina tinha paredes de vidro, de forma que era possível admirar a paisagem sentado à mesa. Noah estacionou o carro, ignorando os manobristas que estavam à disposição.

Ele abriu a porta para Sina e pegou a mão dela, sorrindo.

– Não se esqueça do quanto você me ama, querida namorada de mentira.

– Seria mais fácil esquecer de respirar, querido namorado falseta. - respondeu Sina, em um tom de voz descaradamente fingido.

– É esse o espírito da coisa. - aprovou Noah.

– Você sabe que isso tem uma grande chance de ser um fiasco, não sabe? - perguntou a garota, parecendo um pouquinho nervosa.

– Daqui a pouco a gente vai descobrir. - ele respondeu.

De mãos dadas, os dois entraram no restaurante.

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⭐Deixem a estrelinha ⭐

Xoxo Anny 🥂

SOB O MESMO TETO - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora