Capítulo 29

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Anjinhos

Noah olhou para Sina, aterrorizado.

– Você só pode estar de brincadeira. - ele sussurrou, olhando para aquele pequeno cômodo lotado de crianças descontroladas.

A garota apenas riu e deu um tapinha nas costas dele.

– Pelo amor de Deus, Deinert. Você sabe que eu não me dou bem com crianças.

– Mas você nunca tem contato com nenhuma criança. Como é que você sabe disso? - perguntou Sina calmamente.

– Eu convivo com crianças sim, tá? A sua irmãzinha, por exemplo. E ela me odeia.

– É. A Sofya te odeia. Com certeza. Mas, enfim, isso é relativo. A Joalin também te odeia e ela nem é mais criança. - disse Sina, sorrindo discretamente enquanto se lembrava de que suas irmãs, definitivamente, não iam com a cara dele.

– Ei, moleque. Larga a minha perna! - Noah reclamou para o menino que estava agarrando o tornozelo dele. Foi inútil.

– Tia. - chamou uma menininha, puxando a camiseta de Sina - Ele é seu namorado? Vocês vão se casar?

Sina riu e pegou a garotinha no colo por alguns segundos. Antes que ela pudesse dizer “não mesmo”, Noah interviu.

– Ah, com certeza. Ela não vive sem mim. Não é, Sina? A garota revirou os olhos, rindo da total falta de modéstia que era uma peculiaridade inseparável de Noah.

– Ok, chega de papo furado. O Jonah está tentando escalar o armário de novo, a Luiza e a Sarah estão lutando MMA e o Lucas está chupando giz de cera. Você tem trabalho a fazer, Noah. Vai na fé e assuma o controle da situação.

Um caminhãozinho de plástico voou pela sala e acertou as costas de Noah em cheio.

– Ei! Quem foi a peste que jogou isso aqui? - gritou Noah, enquanto um grupinho de meninos gargalhava alto

– Ótimo, continuem rindo. Eu quero ver se vocês vão achar engraçado quando eu…

Sina lançou um olhar fuzilador para Noah.

– Criancinha fofa e adorável, faça o favor de descer da mesa. - o rapaz usou um falso tom carinhoso para falar com a criança que estava perto dele.

– Melhor assim. - murmurou Sina - Manter a calma é essencial.

– Eu não poderia estar mais calmo. - ralhou Noah, ironicamente.

Sina riu e olhou em volta. Teve que  alguns segundos até conseguir encontrar Hina, que estava isolada em um canto da sala. Já fazia algum tempo que aquela criança não estava nada bem, e apesar das insistências e tentativas, Sina ainda não tinha conseguido descobrir o motivo. Ia tentar mais uma vez.

– Oi, princesa. - disse Sina, sentando-se ao lado da menina, que estava encolhida no canto.

– Oi. - Hina respondeu, olhando fixamente para a boneca que estava segurando.

– Você não quer ir brincar com os outros? - perguntou Sina.

A menina sacudiu a cabeça negativamente e nem sequer olhou para Sina, que há semanas já estava angustiada com o comportamento estranho daquela criança. Havia algo de errado com ela. Sina tinha plena certeza disso. Só precisava descobrir o que era.

– Tem alguma novidade pra contar, Hina?

– Não.

Sina suspirou. Precisava pegar umas aulas de psicologia infantil o quanto antes. Ela não tinha muita noção de como lidar com aquela criança que recusava falar sobre o que quer que a estivesse incomodando. Sina já tinha tentado conversar com ela muitas e muitas vezes, mas nunca conseguia bons resultados.

SOB O MESMO TETO - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora