Capítulo 17

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Dança

Any estava impressionada com o que Sina acabou de contar.

– Poxa, isso é muito fofo. - disse a morena, olhando para o Noah - Você se encantou tanto pela Sina que nem conseguiu agir do jeito como estava acostumado. Que gracinha você ter ficado todo nervoso por causa dela!

Noah disse um "pois é" e sorriu de forma simpática. Sina ficou meio chateada. Afinal, mesmo com suas tentativas de abalar a reputação de Noah, ele ainda era chamado de “fofo” e de “gracinha”. O rapaz conseguiu mudar de assunto e Sina achou melhor continuar fingindo que estava curtindo aquele jantar.

Os garçons colocaram a refeição na mesa, e Noah á encarou longamente o prato que estava à frente dele. Que raios era aquilo? Ele tinha pedido a comida mais normal que viu no cardápio, e o resultado era aquela pasta gosmenta em cima de um pedaço minúsculo de carne, tudo enfeitadinho com umas folhinhas suspeitas de gosto estranho. Sina também parecia não ter tido muita sorte com aquela refeição. Da próxima vez, pensou Noah, ele exigiria que o jantar fosse no Mc Donald’s.

Nada impedia Any de continuar tagarelando:

– Sabe, eu fiquei totalmente sem reação. Eu nunca tinha tido um problema como aquele em toda a minha vida. A minha massagista disse que simplesmente não iria mais me atender! Olha só que cara-de-pau! Eu, ali, pagando uma fortuna, aturando toda a falta de profissionalismo dela, suportando todas as vezes em que o trabalho dela tinha sido uma porcaria, e foi assim que ela me agradeceu! E isso tudo, só porque ela ficou chateadinha depois que eu a chamei de imprestável. E ela era uma imprestável, mesmo, sabe? Eu não tinha dito mentira nenhuma.

Noah não conseguia imaginar como é que já tinha gostado daquela mulher. Tudo o que ela falava era fútil e idiota, e ela parecia ser aquele tipo de pessoa que não tem o menor respeito por ninguém além dela mesma. O rapaz olhou por um segundo para o noivo dela, que continuava mexendo no celular, e ficou com dó dele. Aquele cara só podia ser louco para conseguir aturá-la.

Ainda assim, Noah estava satisfeito. Dava pra perceber que Any estava plenamente convencida de que ele não era mais um "um moleque irresponsável e mimado que nenhuma garota em sã consciência poderia suportar num relacionamento". Apesar da sacanagenzinha que Sina tinha feito, tudo estava indo bem. Ele estava feliz em jogar na cara de Any o fato (ou melhor, a mentira) de que ele tinha arranjado uma namorada mais jovem, mais inteligente e mais bonita que ela.

Any continuava falando, reclamando do péssimo trabalho que a manicure dela fez e blá blá blá. “Quando será que ela vai parar de falar?”, Noah se perguntou.

– Sabe, é em um momento como esses que eu gostaria que as pessoas viessem com a opção mudo. - Sina sussurou para Noah.

Talvez por ela ter dito aquilo no exato momento em que ele estava pensando a mesma coisa, Noah não pôde se conter e soltou uma risada. Isso não teria sido um problema se ele não estivesse tomando um grande gole de suco exatamente naquele momento. Mas, bem, ele estava. O resultado, como era de se esperar, foi desastroso. Involuntariamente, Noah cuspiu aquela mistura de suco e baba diretamente no vestido caro de Any, que estava bem à frente dele. Uma boa parte das pessoas que estavam no restaurante observaram aquela cena constrangedora.

– Hum… Ops. Foi mal, aí. - disse Noah, enquanto a mulher olhava para a mancha em seu vestido com um olhar de terror genuíno.

Any ficou vermelha de raiva por um instante. Mentalizou por um segundo que era uma lady e que não perderia toda a sua classe por causa daquele pequeno incidente.

– Com licença. - disse ela, em um tom calmo e completamente falso - Vou limpar isso aqui e volto num instante.

Josh respirou fundo e a seguiu. Talvez ele quisesse dar algum apoio moral a ela, pensou Noah.

– Bem, pelo menos não vamos poder dizer que esse jantar foi completamente entediante, certo? - disse o rapaz, olhando para Sina. Ela finalmente pôde rir.

Sina sabia que, depois daquela gafe horrível, aquele jantar não duraria muito. Chegou até a achar que Any e Joshua nem sequer retornariam à mesa. Mas eles retornaram e, para o alívio de Noah, o jantar continuou como se nada tivesse acontecido. Any retornou com seu falatório. Depois de quinze minutos de conversa furada, Sina já estava pensando que seria ótimo se Noah cuspisse nela de novo. Não foi necessário, porque finalmente, para o alívio da garota, aquilo estava acabando.

– Bem, está na nossa hora de ir. - disse Noah, enquanto pedia a conta - Foi ótimo rever você, Any, e foi muito bom ter tido a oportunidade de conhecer seu noivo.

Finalmente, estavam se despedindo. Sina mal podia acreditar: eles estavam indo embora e ela poderia matar Noah em um local onde não houvesse tantas testemunhas. Tudo certo.

Mas então, aquela pianista, a mulher da música ao vivo, começou a falar. Disse que estava agradecida pela oportunidade de tocar ali, e que iria dedicar a última música a todos os casais ali presentes. Depois de um pequeno discurso, ela convidou os casais para irem dançar ao som da última música que ela iria tocar. Vários casais se levantaram e se dirigiram a um espaço vazio no centro do restaurante, próximo ao palco onde estava a pianista. Any arrastou Josh até lá. E Noah, é claro, arrastou Sina.

– Ah, não, Urrea. Que coisa mais brega. Vamos embora, pelo amor de Deus. - ela reclamou, inutilmente.

– Até parece que eu perderia a oportunidade de ter uma dança lenta com a minha linda namorada falsa. - disse Noah, ostentando seu famoso sorriso despreocupado.

Ele envolveu a cintura de Sina, ela se viu obrigada a colocar uma das mãos sobre o ombro dele, e os dois começaram a se mover ao som daquela música de melodia bela, lenta e tanto melancólica. Sina achou que aquele momento fosse o mais desconfortável de sua vida. Ainda mais, porque Noah a estava encarando sem parar. Ela decidiu que o encararia de volta, pra que ele percebesse o quão constrangedora estava sendo aquela situação.

O surpreendente foi que, depois de passar vários segundos olhando nos olhos dele, ela deixou de se sentir desconfortável. A proximidade do corpo dela com o dele deixou de incomodá-la. Repentinamente, Sina descobriu que não conseguia mais desviar o olhar do dele.

Noah se aproximou ainda mais e beijou os lábios dela, inicialmente com suavidade. O beijo foi se tornando mais intenso e se prolongou por segundos que pareceram horas.

Noah estava confuso. Não sabia o que estava sentindo, mas era sem dúvida algo novo. Não conseguiu se lembrar de ter sentido aquilo antes, alguma vez na vida. Por que ele não conseguia para de olhar para ela?

Os dois se encararam, ofegantes, por mais alguns segundos.

Sina parecia assustada. Aquilo tinha mesmo acontecido? Não parecia real. Ela se obrigou a pensar racionalmente sobre o que tinha acabado de acontecer. Provavelmente, aquilo fazia parte da atuação de Noah, certo? Não tinha significado nada, ela repetiu mentalmente para si mesma. Mas, que droga, ela pensou, se aquilo não tinha significado nada, porque é que o coração dela estava acelerando tanto? Ela raciocinou que provavelmente estava sendo usada por Noah para chamar a atenção de Any, que estava ali por perto. E se odiou por um segundo, por ter permitido que aquele beijo falso tivesse aquele efeito sobre ela. Depois, odiou Noah. Afinal, ele era um mentiroso e um aproveitador. O que é que tinha acontecido com o acordo de que ele não a beijaria?

– Seu idiota. - ela o insultou, socando o ombro dele. - Vamos embora daqui.


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Enfim beijo de Noart ❤️

Deixem a estrelinha ⭐

Xoxo Anny 🥂

SOB O MESMO TETO - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora