Capítulo 21

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Imprevistos


– Nem adianta fazer essa cara, senhorita. Você vai ao hospital e pronto. Nem que eu tenha que arrastar você. - afirmou Noah, em um tom de voz decidido.

– Para de ser exagerado, Jacob! Eu já tomei o remédio, em quinze minutos vou estar ótima. - respondeu a garota.

– Acontece que você já acordou mal, hoje. E agora, está parecendo um zumbi. Olha bem pra você. E, meu Deus, mais de 40 graus de febre? Eu nem sei como é que você está em pé!

Nem eu, pensou Sina, sentindo sérias saudades do sofá. Ela queria muito ter ficado deitada embaixo das cobertas, mas realmente precisava ir à aula.

– Eu não posso faltar aula hoje, Noah. Tenho apresentação de seminário. - disse Sina, em um tom de voz tão suave que Noah quase se esqueceu de protestar.

– E daí? Você vai ter um atestado médico, é óbvio que não vai ficar sem nota. Não precisa se preocupar com isso. - respondeu Noah, depois de dois segundos de silêncio.

– Mas é um trabalho em grupo! Se eu não for, todo mundo vai se ferrar. Eu é que estou com o trabalho escrito e com os slides. E além disso, não tem ninguém pra apresentar a minha parte. O trabalho vai ser um fiasco total se eu não for, e quase todos os meus colegas precisam dessa nota pra não reprovarem, então, eu... Realmente preciso chegar na aula a tempo.

Noah estava extremamente incomodado em vê-la daquele jeito. Olhou para o termômetro que estava em sua mão esquerda e percebeu que saíra de casa tão apressado que nem o tinha guardado. Colocou o objeto no bolso, enquanto a porta do elevador se abria.

– Peraí, deixa eu adivinhar: esse é mais um desses trabalhos em grupo que você faz sozinha?

– Eu não fiz sozinha! Todo mundo fez a sua parte, e se eu não chegar lá a tempo, todos vão se ferrar por minha culpa e... - ela parou de falar quando a dor de cabeça que estava sentindo se intensificou repentinamente.

Noah viu a expressão de dor que se formou no rosto dela durante meio segundo.

– Ah, meu Deus. Sina, você...

Ela não ficou para ouvir. Disparou na frente dele, com passos rápidos.

– O que você tá fazendo, sua maluca? Volta aqui! - gritou ele, enquanto tentava acompanhá-la.

– Já disse, eu estou indo pra aula.

– Não vou deixar você ir a pé! Eu te levo. - disse Noah, agarrando o pulso dela. Sina parou de andar e olhou pra ele.

Ela queria dizer não, porque não confiava que ele realmente fosse deixá-la na universidade. No entanto, a distância que ela teria que caminhar parecia gigantesca naquele momento. A cabeça dela latejava, seu corpo parecia se recusar a fazer qualquer coisa. Ela suspirou e cedeu:

– Tudo bem. Mas se eu souber que você não vai me deixar na universidade, eu desço do carro e vou a pé. Sério mesmo.

Noah revirou os olhos, irritado.

– Tá, vamos logo.

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Sina estava quieta demais no banco do passageiro. Noah dirigia mais rápido que de costume e ficava olhando para ela a cada dois segundos.

Meu Deus, essa garota está realmente muito mal, pensou Noah. Ele tinha cometido duas infrações de trânsito até o momento e ela não tinha reclamado nenhuma vez. Era bizarro vê-la apática daquele jeito.

SOB O MESMO TETO - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora