Claridade
– Então, é por isso que estamos buscando uma abordagem da evolução humana dentro de um processo bio-cultural. Em Antropologia Cultural, de Felix Keesing, vocês vão perceber que...
A voz do professor sumiu da mente de Sina. Pela primeira vez em muito tempo, ela não estava conseguindo se concentrar na aula. Só conseguia pensar na noite anterior. Nas palavras de Noah. No modo como eles se beijaram, sentados no capô do carro dele.
E ainda faltava mais de uma hora para aquela aula acabar, pensou a garota, com desânimo. Noah também estava tendo aula em alguma sala, ali por perto. Sina queria encontrá-lo logo. Ela estranhou essa vontade incontrolável e esquisita de ficar perto de Noah o tempo todo. Até porque ela já passara uma boa parte do dia com ele.
Naquela manhã, eles tinham tomado café da manhã juntos, antes dela ir para o trabalho. E quando ela finalmente conseguira sair do apartamento, com medo de estar atrasada, Noah a seguiu e entrou no elevador com ela. Eles se beijaram, sem interrupções, do quinto andar ao térreo. E ainda tinham se encontrado de novo na hora do almoço.
E apesar disso, ela ainda conseguia ficar ansiosa para vê-lo de novo. Inacreditável, pensava a garota.
Sina se obrigou a ouvir o que o professor dizia. Fez algumas anotações no caderno e tentou se concentrar.
Uma bolinha de papel caiu em cima da mesa dela. Sina olhou para o objeto, confusa. De onde aquilo tinha vindo? Olhou para trás e se surpreendeu ao encontrar Noah, sentado algumas carteiras atrás dela. Como é que ele tinha aparecido ali? Sério, essa mania que ele tinha de invadir as aulas alheias... Ela adorava.
Noah sorriu e fez um gesto, pedindo pra que ela desamassasse o papel. Ao fazer isso, a garota leu o que ele tinha escrito:
“Minha aula estava um saco. A sua também está uma chatice, mas pelo menos daqui eu tenho uma bela visão do seu cabelo/costas. Ou seja, apesar do blá blá blá do seu professor, eu não estou completamente entediado.”
SinA revirou os olhos e riu baixinho, enquanto escrevia a resposta e jogava a bolinha de papel de volta para Noah.
“Não acredito que você está me fazendo jogar bolinhas de papel pela sala de aula. Saudades da quarta série, Urrea?”
De novo, a bolinha de papel retornou:
“Não. Saudades de você.”
Noah conseguiu ver o sorriso lindo de Sina, ao ler o que ele escrevera.
Uma nova bola de papel amassado caiu sobre a mesa da garota:
“O que é que você está esperando? Vamos dar o fora dessa sala e ir a qualquer lugar onde eu possa te beijar.”
Sina nem pensou duas vezes antes de guardar o caderno na bolsa e sair da sala de aula com Noah.
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– Você é uma péssima influência. - reclamou Sina, enquanto Noah a abraçava - Eu nunca mato aula.
Ele riu e beijou a testa dela.
– Ah, você está fazendo isso por uma boa causa. - Noah respondeu.
– E a boa causa seria…?
– Ter o prazer da minha presença, é claro.
Sina revirou os olhos, sorrindo.
– Seu idiota metido. - ela o insultou, em um tom muito mais carinhoso do que pretendia.
Eles começaram a se beijar parados no meio do corredor da universidade, enquanto outros estudantes passavam apressadamente, esbarrando neles.
Sina pegou o braço de Noah e eles saíram do corredor. Foram se sentar em um banco de concreto que ficava na grama, perto de algumas árvores e a alguns metros da biblioteca.
A garota olhava para Noah e só conseguia pensar em como tinha conseguido abafar o que sentia por ele por tanto tempo. Não era humanamente possível resistir àquele sorriso lindo dele.
– Como a gente conseguiu ficar juntos por tanto tempo sem realmente… Ficar juntos? - perguntou Noah, brincando com uma mecha do cabelo dela.
Sina entendeu a pergunta imediatamente. Era exatamente o que ela andava se perguntando.
– Eu me esforcei muito pra não me apaixonar por você. De verdade. - ela comentou. Noah parou de mexer no cabelo dela e a encarou.
– Posso saber por quê?
– É que… Eu tinha medo. Você é do tipo que se apaixona por qualquer garota que apareça na sua frente. Você se apaixona rápido e se desapaixona mais rápido ainda. E comigo, pra variar, acontece exatamente o oposto. Eu não me apaixono fácil. Não mesmo. Então quando eu finalmente me apaixono, não consigo esquecer facilmente. O que significa que, se você enjoar de mim semana que vem, eu vou continuar gostando de você por sabe-se lá quanto tempo. E como a gente mora junto, eu teria que ver a sua cara todo santo dia, e eu nunca conseguiria superar o que eu sinto por você. Eu ia ter que me mudar pra Rússia, sei lá. - admitiu Sina, sentindo-se desconfortável em dizer aquelas coisas.
O coração de Noah disparava incontrolavelmente enquanto ele ouvia a voz da garota. Será que ela não tinha noção do que estava acontecendo dentro dele?
– Ei. Olha pra mim. - ele tocou o rosto dela gentilmente, fazendo-a olhar nos olhos dele - Por sua causa, agora eu sei o que é gostar de alguém de verdade. Eu não sabia o que era isso, antes. Descobri isso com você. E goste ou não, você me mudou pra sempre. Eu não consigo suportar a ideia de ficar longe de você.
Enquanto eles se beijavam apaixonadamente, Sina descobriu que não tinha mais medo. Não havia mais espaço dentro dela para temer nada.
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............................Muito obrigada pelo 5k de leitura :)
⭐Deixem a estrelinha ⭐
Xoxo Anny 🥂
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SOB O MESMO TETO - Noart
Fanfic[concluída] Sina e Noah se conhecem desde a infância e nunca se deram bem. Ironicamente, os dois são aprovados na mesma universidade e descobrem que terão que dividir o mesmo apartamento. Enquanto Sina acha que a convivência deles vai desencadear um...