Capítulo 19

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Atraso

O prédio estava, sem dúvida, muito melhor que antes. Algumas reformas ainda estavam sendo feitas, mas já era possível perceber que aquele edifício não parecia mais ser tão velho.

Quando Noah e Sina entraram no apartamento, encontraram o local em perfeito estado. Na verdade, estava melhor do que era antes de o teto despencar: a televisão tinha sido substituída por uma bem maior e Noah ficou satisfeito quando viu que um novo videogame tinha sido comprado.

Apesar de ter sido ótimo passar alguns dias no hotel, Sina ficou feliz por estar de volta. Só o fato de o apartamento ser perto da universidade já era uma ajuda e tanto.

A rotina dos dois jovens continuou a ser o que era: enquanto Sina estudava e trabalhava correndo incansavelmente de um lado pro outro, Noah ia às aulas da universidade quando estava a fim, fazia os trabalhos de última hora e passava a maior parte do tempo em casa jogando videogame.

Numa quarta-feira, às sete e meia da noite, Noah assistia a um filme que estava passando na televisão e se deu conta de que Sina já devia ter voltado. Ela sempre chegava em casa às sete horas, pontualmente. Bem, pensou ele, talvez ela tenha decidido ficar na biblioteca da universidade, estudando.

Quando o relógio marcou oito e meia e ela ainda não tinha aparecido, Noah decidiu ligar. Discou o número dela e a ligação caiu diretamente na caixa postal.

– Droga, qual é a utilidade de se ter um celular se você não atende as ligações? - ele murmurou, irritado, depois da quinta tentativa de falar com ela.

Noah foi até a varanda e quase congelou com o vento forte que soprava lá fora. A noite estava estranhamente fria, com uma ventania que balançava os galhos da árvores com violência e, por mais que tivesse procurado, o rapaz simplesmente não conseguiu encontrar a lua no céu.

Nove horas da noite e Noah ainda não fazia a menor ideia de onde Sina estava. Ele tentou prestar atenção em um seriado que estava passando na tv, mas estava preocupado demais para isso. Tentou ligar mais algumas vezes, pensou sobre um milhão de coisas que podiam ter atrasado a chegada dela e estava prestes a sair pela cidade procurando por ela quando Sina finalmente chegou.

– Oi, Noah! - ela o cumprimentou, sorridente, da mesma forma como sempre fazia ao chegar em casa.

– Meu Deus, onde é que você estava? Por que não atendeu ao celular? Você quer me matar de preocupação? Você nunca atrasou nem um minuto pra chegar em casa, o que é que custava ter me ligado pra avisar que você ainda estava viva? Você sabe quantas horas são? Achei que estivesse morta, ou sendo mantida em cativeiro por um psicopata, ou sequestrada pela máfia! - exclamou Noah, visivelmente irritado.

Sina teve que se esforçar muito para não cair na gargalhada.

– Acabou a bateria do meu celular. Foi mal.

– Foi mal? Isso é tudo o que você tem a dizer? Ei, qual é a graça, hein?

– É que você falou igualzinho à minha mãe. - respondeu Sina, e dessa vez foi impossível segurar o riso.

– Para de falar besteira e me diz logo onde você estava. - retrucou Noah, ainda mais irritado ao ver que ela estava se divertindo com aquela situação.

Antes de começar a falar, Sina pensou no quanto Noah era surpreendente. Como é que ela poderia imaginar aquela reação dele? Sempre achou que ele não ligasse nenhum pouco pra essas coisas.

– Depois da aula, eu fui investigar a situação daquela garotinha da creche, que eu te falei. - disse Sina, animadamente - E consegui descobrir algumas coisas bem úteis que podem me dar uma pista do que está acontecendo com ela.

– Ok, mas da próxima vez que for bancar o Sherlock Holmes, lembre-se de levar um casaco. Lá fora está frio pra caramba e você está congelando. - disse Noah.

Sina riu mais uma vez, pensando que, agora sim, ele estava falando exatamente como a mãe dela.

– Não sei como correr o risco de pegar uma pneumonia pode ser engraçado. - murmurou Noah - Vamos, me conta logo o que você descobriu.

– Bem, a Hininha…

– Quem é Hininha?

– Hininha é essa menina de cinco anos da qual eu falei. Então, ela sempre morou com a avó, porque a mãe dela morreu quando ela ainda era um bebê. O que eu descobri é que, há duas semanas, a Hininha deixou de morar com a avó pra ficar na casa do pai dela, que eu não faço a menor ideia de quem seja. Isso é bem estranho, porque se a Hininha mora com a avó dela desde sempre, porque é que de repente ela ia passar a morar com o pai? Ela nunca me falou nada sobre ele.

– E como é que você descobriu isso?

– Fazendo uma visita à casa da avó da Hina.

– Você foi sozinha até aquele fim de mundo? - perguntou Noah.

– Claro, ué. Aquele lugar é longe e foi por isso que eu demorei a chegar em casa.

– Você é muito doida, Sina.

– Você é que é neurótico. - ela respondeu com um sorriso, antes de ir para o quarto. Sina parou para pensar por um segundo no quanto aquilo tinha sido engraçado. Quem diria, Noah estava bancando o responsável! Sozinha no quarto, ela sorriu enquanto pensava que a experiência de morar com ele não estava sendo ruim, afinal de contas.

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Eu sei que o diminutivo de Hina ficou meio estranho mais relevem kkk.

Deixem a estrelinha ⭐

Xoxo Anny 🥂

SOB O MESMO TETO - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora