Capítulo 38

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Na toca do Lobo


—Noah! Para de enrolar e vai logo! Você vai chegar atrasado.

— E daí? Na verdade, eu não sei nem por que estou indo pra aula hoje. De qualquer forma, não vou conseguir prestar atenção — retrucou Noah, enquanto abraçava Sina — Só vou ficar pensando em voltar logo pra te levar para sair. Ah, eu quero ter direito a dança lenta.

— Meu Deus, nós somos um casal tão clichê. — disse Sina, rindo.

“Você não faz ideia do quanto”, pensou Noah, antes de beijá-la.

Ele saiu de casa pensando em piquenique noturno, velas, céu estrelado. Tudo o que tinha em mente para aquela noite. Pensava, principalmente, no pedido de namoro que ia fazer. Perguntou a si mesmo se pedidos de namoro eram realmente necessários naquele caso. Por que, na cabeça dele, ele e Sina já estavam namorando desde que o dia em que se beijaram pela primeira - ok, talvez pela segunda - vez. Aquilo que eles tinham nunca poderia ser confundido com um “lance”. Era uma coisa forte demais. E ele tinha certeza de que Sina sabia disso também. Mas, de qualquer forma, ele queria pedi-la em namoro. Queria usar qualquer oportunidade que tivesse para mostrar o quanto ela era importante pra ele.

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— Você tem certeza que é esse o caminho? — perguntou o taxista, olhando para a garota sentada no banco do passageiro — Porque eu acho que não tem nada aqui.

Tem que ter alguma coisa. Vamos continuar procurando. - disse Sina, sem muita convicção, olhando pela janela. O lugar não parecia, nem de longe, familiar. Deviam estar quase fora da cidade.

Sina conferiu mais uma vez o endereço. Tinha que ser por ali. Infelizmente, tudo o que havia em volta era mato.

E então Sina viu alguma construção, ao longe, escondida atrás de algumas árvores.

— O que é aquilo? — ela perguntou — Deve ser o lugar que eu estou procurando!

— Ah, não. — retorquiu o homem — Aquilo deve ser um balcão abandonado, talvez alguma fábrica desativada. Não tem nada lá.

— Você pode parar por aqui?

— Aqui? — perguntou o taxista, erguendo as sobrancelhas.

— É, eu chego até lá a pé. — disse Sina, pensando que parar com um táxi em frente ao lugar que ela acreditava ser a toca do Lobo talvez não fosse a coisa mais discreta e prudente a se fazer. De todos os endereços que conseguira rastrear do celular de Lobo, aquele era o mais estranho. E foi o primeiro que ela decidiu que iria checar.

O taxista parou o automóvel e olhou para a garota, desconfiado.

— Obrigada. Você pode esperar aqui, se preferir, ou então eu te ligo pra vir me buscar. — disse Sina, sorrindo com naturalidade.

— Vou esperar aqui. — ele respondeu de imediato.

Ela pagou o taxista e foi andando em direção ao local com passos rápidos.

Mas, quando Sina se aproximou da construção, viu que o galpão parecia mesmo abandonado.

Depois de olhar mais detalhadamente para o ambiente em volta, ela começou a perceber que havia alguns pequenos indícios de que alguém estivera ali por perto. Havia algumas marcas de pneu na terra, bem perto do galpão, e também restos de cigarro no chão.

Mas o lugar estava aparentemente vazio. A porta dupla de aço estava trancada.

“Que raios Lobo andava fazendo naquele lugar?”, ela se perguntou.

Depois de circundar o galpão, ela percebeu que o lugar nem tinha janelas. Mas ela encontrou uma pequena porta, nos fundos. A porta era exatamente do mesmo material das paredes da construção. Era quase imperceptível. E estava aberta.

A garota pensou duas vezes antes de entrar. Podia estar se metendo em uma encrenca gigantesca. Além disso, pensou, bancar a espiã não podia ser uma ideia muito boa. Mas ela precisava saber. Se conseguisse descobrir alguma coisa, poderia ajudar Hina. E Hina estava desesperadamente precisando de ajuda.

Sina abriu a porta silenciosamente. Deu uma olhada. Só conseguiu ver parte de um lugar um tanto escuro, lotado de tralhas. Entrou.

Havia entulhos de construção abandonada por todo o canto. Não havia ninguém ali e nada além de pilhas e mais pilhas de tralha. Então, ela percebeu o tapete no chão.

Não fazia sentido nenhum colocar um tapete em um lugar como aquele. Especialmente um tapete tão grande. Como ela suspeitava, ele só estava ali para esconder algo. Quando o ergueu, encontrou uma espécie de tampa no chão, como a porta de um compartimento subterrâneo.

Aquilo ainda podia ficar mais bizarro, pensou Sina.

O cômodo subterrâneo parecia extremamente escuro. A garota não hesitou em descer até lá pela escadinha de metal de segurança duvidosa que dava acesso ao lugar.

Estava escuro demais para enxergar qualquer coisa. Sina ligou a lanterna do celular e encontrou um interruptor bem próximo a ela.

Quando as luzes do lugar acenderam, Sina perdeu o fôlego com o que viu. Havia fileiras e fileiras de embalagens em formato de tijolos, envolvidas com plástico e fita adesiva. Dezenas de sacos contendo pó branco.

Lobo estava, obviamente, envolvido com tráfico de drogas.

Sina ficou chocada ao ver a quantidade de “mercadoria” que ele guardava ali. Ela já tinha cogitado essa possibilidade antes - a possibilidade de ele estar metido em alguma coisa desse gênero. Mas agora, ela estava vendo a comprovação. Pegou o celular e fotografou o lugar. Percebeu que havia também um cofre, ali no canto do cômodo.

A garota ficou inquieta pensando em como ele devia estar envolvendo as filhas dele naquilo. Devia estar fazendo com que elas vendessem as drogas pra ele. Devia estar ameaçando Hina para fazê-la a manter o segredo sujo dele. Ou coisa pior.

Bem, a questão é que agora, Sina podia ajudar. Ela finalmente tinha provas contra ele. O que quer que Lobo estivesse fazendo com as filhas, não ia durar mais um dia.

Sina apagou a luz e subiu as escadas pensando qual era a delegacia mais próxima dali, e se o taxista ainda estava mesmo esperando por ela na rodovia. Assim que saiu do depósito subterrâneo, tentou colocar o tapete de volta no lugar.

E então, ela ouviu a porta do galpão ranger.

Sua primeira reação foi se esconder atrás da pilha de cimento que estava próxima.

Não teve tempo para fazer mais nada, porque a porta foi aberta e alguém entrou no lugar. Sina não conseguiu ver o rosto da pessoa, mas imaginava que fosse Lobo ou algum comparsa dele.

Sina tentou conter sua respiração e seus batimentos cardíacos acelerados. Tinha a impressão de que as batidas de seu coração estavam fazendo um barulho ensurdecedor.

Ouviu passos. Passos que pareciam calculados, cautelosos, e que estavam se aproximando rapidamente. Vinham na direção dela.

Sina sabia que se aquela pessoa se aproximasse mais, com certeza a descobriria ali. O esconderijo que a garota improvisara era péssimo.

A pessoa avançou mais dois passos. E então o olhar de Sina se cruzou com o de Stenve Lobo.

— Você não devia estar aqui, menina. — disse Lobo, sacando a arma e apontando-a para Sina.

Ele se aproximou ainda mais e Sina sentiu o metal frio do revólver tocar sua testa.

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Aaaah que raiva o Wattpad postou o 39 de vês do 38 kkkk

Deixem a estrelinha ⭐

Xoxo Anny 🥂

SOB O MESMO TETO - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora