Estrelas
A porta estava destrancada. Noah deu uma batidinha rápida na porta e a abriu sem hesitação. Encontrou Sina sentada no sofá, ao lado de um homem muito estranho. Ela olhou para Noah, parecendo aliviada. O homem o encarou com uma cara de poucos amigos.
– Ahm… Oi. - disse Sina para Noah, um tanto desconcertada. - Desculpa ter te feito esperar no carro. Melhor a gente ir nessa, né? Tá meio tarde.
Ela olhou para Lobo e sorriu.
– Obrigada pelo seu tempo. A gente se vê por aí.
Sina se despediu rapidamente de Hina e Heyoon. Noah, que estava na porta, nem chegou a entrar na casa. Sina saiu e o puxou com ela para fora daquele lugar.
– Aquele era o pai da Hina? O que aconteceu? - perguntou Noah, assim que eles entraram no carro.
– Não aconteceu nada. O que é uma droga, porque eu preciso saber o que ele está escondendo. A Hina ia me contar. Ela estava quase falando quando o pai dela chegou. Sério, Noah. Aquele cara é muito estranho.
– Estranho é pouco. - concordou Noah - Você viu o jeito que ele me olhou?
– Nossa, essa visita foi estressante. Aquele homem tem um jeito intimidador, eu fiquei tensa o tempo todo. Foi esquisito. Simplesmente esquisito. Mas sei lá, talvez eu esteja aumentando as coisas… Talvez não tenha nada de tão sério acontecendo. Eu só espero que ele não esteja maltratando as filhas dele. Ainda não consegui descobrir nada, mas vou ficar de olho. Com certeza, não vou deixar essa história de lado.
– É, eu sei. Mas nem pense em voltar aqui sozinha, OK? Aquele cara pode ser um psicopata ou sei lá o quê. - disse Noah.
Sina sorriu para ele e não acrescentou nada. O carro seguiu pela rodovia e Noah tentou não pisar muito fundo no acelerador. Pensou, meio desanimado, que respeitando o limite máximo de velocidade eles levariam uma eternidade pra chegar no apartamento. O lugar onde Hina morava era em outra cidade, e era tão distante que ás vezes Noah tinha a sensação de estar viajando.
O carro passava por uma rua longa e sem trânsito, sem postes de luz ou outros sinais de civilização, além do asfalto. Aquela era uma longa rodovia. Quando passaram por ela, mais cedo, não parecia tão deserta. Mas àquela hora da noite, a estrada se estendia infinitamente à frente deles, sem nenhum outro automóvel à vista.
O carro fez um barulho estranho. Sina, que estava quase dormindo no banco do passageiro, olhou atentamente para Noah.
– Ouviu isso? - ela perguntou. Outro barulho ainda mais alto respondeu a pergunta.
Noah começou a diminuir a velocidade do veículo e o jogou para o canto da pista, parando perto do mato alto que cobria os arredores.
– Ah, não. - reclamou Noah - Qual é, eu comprei esse carro há pouco tempo. Eu não acredito que ele vai estragar agora.
O rapaz saiu do carro e abriu o capô. Sina continuou sentada lá dentro, observando a expressão desolada dele.
– Más notícias, Deinert. O motor já era. Eu não sei o porquê, mas pode ter certeza que alguém vai ser processado.
A garota suspirou. Maravilha, agora eles estavam sozinhos no meio daquela estrada deserta, com um carro quebrado.
– Vou ligar pro seguro e mandar eles rebocarem o carro. Sério, alguém vai ter que me pagar uma indenização por isso.
Noah fez a ligação e avisou para Sina que o pessoal do seguro disse que chegaria em, no máximo, três horas.
– Três horas? Sério? - disse Sina, meio chateada. Três horas inúteis esperando, naquela estrada escura e deserta. E ela ainda estava planejando começar a adiantar um trabalho da faculdade, naquela noite. Mas agora, eles chegariam ao apartamento super tarde e ela não teria mais tempo de fazer nada.
Noah abaixou a tampa do capô, batendo-a com força só pra descontar a frustração.
– Tudo bem, Jacob. - disse Sina, saindo do carro. - Acho que eles nem vão demorar tanto pra chegar aqui.
O rapaz se sentou no capô do carro, enquanto choramingava:
– Mas meu carro é tão jovem.
Ele falou como se estivesse lamentando a morte de uma pessoa, e Sina não pôde conter uma risada.
Ela se sentou ao lado dele e olhou para o céu. Aquela noite estava especialmente agradável. Incontáveis estrelas cintilavam no céu escuro, acompanhadas pela lua cheia. Sina ficou fascinada com aquela visão. Há quanto tempo não parava pra admirar o céu? Vivia correndo de um lado para o outro, sem parar para notar as coisas incríveis que estavam ali, ao alcance dos olhos dela.
Sina olhou para Noah e viu que ele a olhava nos olhos. O coração da garota disparou, e ela respirou fundo. Tinha se esforçado tanto pra esconder aqueles sentimentos absurdos e incômodos que começaram a aparecer há algum tempo. Mas aí, Noah a encarava daquele jeito, com aqueles olhos esverdeados lindos, e todo o esforço dela parecia ir por água abaixo. “Droga. Garoto idiota.”, ela pensou. Por que é que ele tinha que fazer aquilo?
Enquanto olhava para Sina, Noah só conseguia pensar que todas as estrelas do céu estavam sendo refletidas no olhar dela. Também pensava no quanto precisava daquela garota, no quanto a queria. Chegou à conclusão de nunca, em toda a sua vida, tinha desejado tanto alguma coisa. Só queria ficar com ela. E se a tivesse, nem que fosse por um segundo, daria um jeito de nunca mais deixá-la ir. Se ele a beijasse, talvez nunca mais conseguisse soltá-la. Ele estava ignorando aqueles sentimentos por tempo demais. Estava chegando ao limite, e tinha a sensação de que ia explodir, ou morrer, se não dissesse a ela a verdade. Se não dissesse logo o quanto precisava dela.
No entanto, o olhar dele, como sempre, acabou recaindo sobre aquela pequena cicatriz no braço de Sina. E as memórias o invadiram, como acontecia toda a vez em que ele olhava aquela marca. Provavelmente, era tarde demais para consertar as coisas idiotas que fizera no passado.
Sina viu que Noah estava olhando de novo para a cicatriz no braço dela.
– As pessoas vivem me perguntando como eu consegui isso. - ela disse, sorrindo, enquanto passava os dedos pela marca gravada em sua pele. - Eu gosto de inventar uma história diferente para cada pessoa que me pergunta. É divertido. Uma vez, quando uma colega minha me perguntou como eu consegui essa cicatriz, eu respondi que tinha sido atacada por um jacaré, quando fui visitar o Acre. Ela não acreditou, é claro. Mas foi engraçado.
O modo como ela falou da cicatriz deixou Noah atordoado. Era como se ela mal se lembrasse do que tinha acontecido de verdade. Pior ainda, era como se ela não se importasse nenhum pouco.
– Por que você nunca me disse nada sobre o que aconteceu naquele dia, Sina? - Noah perguntou, com o coração acelerado. Tanto tempo evitando tocar naquele assunto, e agora finalmente ele estava trazendo à tona tudo o que tentou esquecer.
– Que dia? - ela perguntou distraidamente.
– No dia em você se machucou. Na minha casa. Por minha culpa. Por que você nunca disse nada? - ele perguntou, parecendo perturbado.
Ela olhou nos olhos dele, surpresa.
– Mas aquilo foi só um acidentezinho bobo! Não tem nada o que se dizer sobre isso. Nós éramos crianças, esse tipo de coisa acontece. E como pode ter sido sua culpa?
– É claro que foi. Você não se lembra do que aconteceu?
– Eu me lembro que foi um incidente idiota. Não foi culpa de ninguém.
Noah e Sina realmente se lembravam daquele dia. Sentados no capô do carro, à luz das estrelas e do farol baixo do automóvel, eles se lembraram mais uma vez.
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.............................Me apaixonei nesse cap sério kkk
⭐ Deixem a estrelinha ⭐
Xoxo Anny 🥂
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SOB O MESMO TETO - Noart
Fanfic[concluída] Sina e Noah se conhecem desde a infância e nunca se deram bem. Ironicamente, os dois são aprovados na mesma universidade e descobrem que terão que dividir o mesmo apartamento. Enquanto Sina acha que a convivência deles vai desencadear um...