Nada é como queremos

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Acordei sozinha na cama. O lugar onde Ana estava, se encontrava frio e vazio. Havia sido apenas um delírio da minha mente? Mas foi tão real, seus toques, seus beijos e seu sussurro admitido que sentia a minha falta. Eu vi dor em seus olhos, mas havia amor em seus toques.  Eu me senti amada, mesmo sabendo que logo depois ela iria embora. Ana tem o dom de me deixar confusa. Ela veio, me amou e foi embora? Como se eu fosse uma simples diversão. E eu sou apenas sua diversão. E isso me machuca. Ser a segunda opção é a pior coisa do mundo.

Após fazer minha higiene pessoal, desci pra cozinha. Escutei sussuros audíveis vindo da cozinha, parei próximo a porta e fiquei escutando o que diziam. Ana ainda estava aqui! Assim poderei conversar com ela.

- Não, tia! Não é assim!

- Então, poderia me explicar?

- Primeiro coloca as panquecas. Depois as frutas.

- Sim, senhora, mini chef.

Escutei suas risadas.

- Sua mãe vai matar a gente.

Nesse momento eu entrei na cozinha e vi a sujeira que estava. Com certeza matarei as duas. Minha cozinha estava cheia de farinha e leite caído na bancada.

- Com certeza eu vou matar vocês! - as duas me olharam espantadas. Me controlei para não rir, tinha que manter a minha posse de séria.

- Pao! Cê acordou. - sorriu sem graça e tentou limpar seu rosto que estava coberto de farinha. Estava uma graça!

- Sim. Meu ursinho não estava na cama. - cruzei meus braços e fiquei olhando ela. - Achei que ele havia ido embora.

Ana mordeu o lábio inferior e me olhou. Eu não sei o que estava passando por sua cabeça nesse momento. Seus olhos diziam tantas coisas que sua boca não queria falar. Mas eu queria escutar da sua boca tudo que seus olhos falavam. Por mim eu passaria o dia inteiro olhando para ela, para o seu corpo escondido em baixo daquela camisola que joguei no chão ontem. Não me importaria de tirar novamente.

- Mas a senhora não tem ursinho, mamá. - saí do meu transe e olhei sem graça para Fran. - A senhora tem eu como ursinho quando durmo na sua cama.

Olhei para Ana que limpava seu rosto e tentava não rir. Eu estava tentando achar um argumento bom para dar a Fran. Essa menina me deixa constrangida às vezes.

- Sua mãe quis dizer que ela acordou porque seu ursinho não estava na cama. E eu sou o ursinho. Entendeu, Fran?

Fran colocou seu indicador no queixo e olhou pensativa para cima. Sussurrei um obrigada para Ana que apenas sorriu.

- Então, a tia Ana é o seu outro ursinho? Depois de mim, lógico. - jogou seus cabelos curtos para trás e fez uma cara de convencida.

- Sim, mi amor. - alisei seus cabelos e beijei sua bochecha.

- A senhora deveria estar na cama, mamá! Tia Ana e eu estávamos fazendo o seu café da manhã!

- Desculpa, Fran! Mas a mamãe estava cansada de ficar deitada. O que as bagunceiras fizeram para mim? 

Fran começou a explicar, pelo que eu vi, era panquecas com frutas vermelhas. Estava com uma cara boa. Ana acabou revelando que ela que fez as panquecas, e estavam muito boas. O silêncio entre Ana e eu já estava me incomodando, ela só me olhava e não dizia nada. Graças a Deus Fran estava falando bastante e não notava a tensão que estava entre Ana e eu. Eu quero a minha Ana de volta, essa outra Ana está muito diferente. Ela não me olhava mais com aquele brilho nos olhos, não sorria alegremente quando eu dizia que a amava. Agora ela só me olha com dor, culpa e angústia. A luz do seu sorriso não existia mais. A nossa energia estava fraca, sem cor e magia. Eu estava me sentindo incomodada com a sua presença, o que eu nunca fiquei. Não gosto da sua presença de cupa e dor. Eu não quero isso! Quero que ela me ame verdadeiramente e que largue tudo por mim, porque eu largaria tudo por ela.

Eu não quero só ser as só as suas cartas, quero ser seus poemas, ser cada versões de suas canções favoritas, quero ser muito mais que uma amante, amiga. Quero ser o seu amor, o motivo dos seus sorrisos, quero ser tudo quer lá quiser que eu seja.

Fran cansou de falar e resolveu ir ver desenho. Olhei para Ana que baixou a sua cabeça. Eu não quero que ela se sinta mal com a minha presença, não quero mais ser um erro.

- Eu... Eu falei com a Heaven! - tentei sustentar o meu olhar com o seu, mas não consegui por muito tempo.

- E o que ela disse?

- Disse o que acontece em Vegas, fica em Vegas. - ri logo em seguida. Mas Ana continuou muda.

- E onde está o seu marido? - perguntou cinco minutos depois.

- Não sei e nem quero saber! - exclamei irritada. Não me importa onde Jason está.

E voltamos a ficar em silêncio. Esse silêncio me machuca. Sinto que pra Ana eu sou apenas um erro. Ela se levantou e se sentou em meu colo, Ana tem esse poder de me deixar completamente confusa. Em um momento ela diz que me ama, e no outro se afasta e diz que não podemos ser livres. Eu não entendo o que ela quer de mim! Suas mãos seguraram o meu rosto, seus olhos não olhavam dentro dos meus, eles somente olhavam meus lábios. Nada das ações de Ana estavam sendo verdadeiras. Eu sentia que ela não queria me contar algo que atormentava a sua mente. Seus lábios encostaram no meu, iniciando um beijo calmo e delicado. Passei minhas mãos por suas costas e subi minha mão esquerda para a sua nuca.

Não podia negar que o beijo de Ana era bom, eu amo o beijo dela, a doçura de seus toques e o seu sorriso. Eu farei de tudo para que Ana quisesse ficar comigo. Nem que eu tenha que largar tudo por ela. Encostei as costas de Ana na mesa, desci meus beijos para o seu pescoço, deixando rastros de beijos por toda a sua pele. Ouvi seus suspiros preencher a cozinha, suas mãos agarraram meus cabelos, desci as alças de sua camisola e chupei seu seio esquerdo, segurei sua cintura, Ana começou a rebolar lentamente em meu colo. Eu sei que é errado fazer isso, sabendo que Fran está ali na sala. Mas está sendo inevitável parar minhas ações. Continuei a chupar seus seios, eles sempre me levavam a loucura. Desci uma de minhas mãos até o seu sexo, adentrei meus dedos por dentro da calcinha e comecei a movimentá-los. Ana cravou seus unhas curtas em meu ombro enquanto jogava sua cabeça para trás.

Eu sabia que Ana só me procurava para sexo, pois talvez seu marido não a estava dando. Ela sempre diz que me ama que não há ninguém como eu. E eu acredito sempre porque eu quero acredita que podemos largar tudo e trilhar um novo caminho. Hoje eu não me sinto mais dividida, eu sei o que eu quero. Eu quero ter uma vida o lado de Ana. Ana Paula mordeu seu lábio inferior, reprimindo o gemido baixo. Em nenhum momento eu  tirei meus olhos dos dela, seu rosto vermelho e suado, a deixava mais linda. Ouvi seus sussurros suplicando por mais. Beijei o vale dos seus seios e subi meus lábios para a sua boca. Ana gozou gemendo em minha boca, e eu sabia que a qualquer momento ela iria embora, pois já havia conseguido o que queria. 

Ana saiu do meu colo e me deu um beijo calmo. Era hora dela ir e levar meu coração junto com ela. Chupei meus dedos e fechei meus olhos, seu sabor era único. Olhei para Ana Paula, que arrumava seus cabelos e subia a camisola. Em nenhum momento ela olhou em meus olhos, e isso já está me matando por dentro. Caminhou até a sala, conversou com Fran, que tinha os olhos grudados na tela - uma coisa que eu odiava - e eu em apressei até a sala. Segurei firme o braço de Ana e a mesma me olhou.

- A gente nem conversou, Ana. - lamentei acariciando seu rosto. A vi fechar os olhos e aproveitar a carícia.

- Eu tenho que ir, Paola.

- Fica mais um pouco... Eu só quero conversar com você.

- Não dá, eu tenho que ir. - ficou na ponta dos pés e me beijou. - Te amo.

E assim ela se foi. Se esquecendo que tenho sentimentos e só me usando para sexo. Minha mente diz que não haverá um amanhã, mas meu coração não quer acreditar.

Vem e me acaricia e vai embora com o sol
Me dói só ser tua diversão
Diz que me ama, que não a ninguém como eu
Que sou a dona do seu coração
Mas alguém mais está em tua casa

She (✔️)Onde histórias criam vida. Descubra agora