Sentir

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Paola POV

Ainda sinto suas mãos em mim. Ainda sinto seus lábios percorrer por meu pescoço, como se quisesse sugar minha pele. Ainda ouço seus gemidos ecoando pela minha cabeça. Eu não sei o que deu em Ana, para agir daquela forma. Eu ainda estou muito confusa, não entendo porquê ela fez isso. Mas confesso que adorei ter suas mãos e lábios em mim. Fiquei com uma vontade imensa de matar o Fogaça, estava perto de beijar seus lábios, provar o sabor deles. Me sinto uma traíra, traí meu marido com a minha melhor amiga. Mesmo não tê-la beijado, eu toquei seu corpo e me deixei ser tocada. E eu amei isso.

Porque tudo tem que ser complicado? Já estava me cansado de esconder todo esse sentimento. Amor não é brincadeira, é algo sério. Com certeza teria transando com Ana, ali mesmo, no banheiro do meu camarim. Confeso que estou com medo de ir gravar amanhã, ver ela me ignorando, me olhando de forma raivosa. De certo ela pensou que eu a impediria de continuar, engano seu. Eu quis que cada toque fosse com lucidez. Eu quis cada toque, cada gemido e cada beijo em meu corpo.

Agora eu estou aqui, sentada na minha cama, lendo um livro que nem lembro o nome e com uma taça de Merlot em minha mão. Já havia colocado Fran na cama. Meus pensamentos estão fervendo em minha cabeça. Estou mais confusa que antes! Como é possível tantos sentimentos caber em um só ser humano? Como posso sentir tanto amor?

Às vezes a realidade vem a tona e me lembra que esse amor é impossível. Somos duas mulheres, somos casadas, somos heteros (da minha parte não) e Ana só me vê como amiga. Mas porque ela me tocou com desejo? Como se quisesse saber cada parte do meu corpo? Ou como se quisesse saber o meu sabor? Não sei! Só sei que seus toques me deixaram com o corpo em chamas.

Largo o livro e pago meu celular. Ao desbloqueá-lo, meu sorriso se abre, pois meu papel de parede era uma foto da Fran abraçada em Ana e seu sorrisos eram gigantes. Clico no aplicativo de mensagens, logo em seguida clicando na conversa de Ana. Olhei para a hora e já se passava das 22h. As horas passaram tão rápidamente! Só lembro que cheguei em casa com a cabeça a mil por horas e depois disso foi tudo no automático. Vi que a última vez que ela viu, foi as 09h. Comecei a digitar após largar a taça de vinho.

Paola
Oi, Ana!
¿Cómo estás?
22:05


Mordisquei o lábio inferior em nervosismo. Peguei a taça de volta e tomei o líquido todo que havia nela. Olhei para a mensagem e vi que só foi um risquinho. Bufei e bloqueio o celular. Coloquei a taça e o celular no criado mudo e apaguei o abajur. Amanhã terei que ir gravar novamente. E terei que olhar para Ana e perguntar o porquê ela fez aquilo.


{•}

Nove da manhã e eu já estava indo para a Band. Sinceramente, não dormi nada. Só fui dormir já era 06h da manhã. Tive que acordar as 07h para levar Fran para a escola e depois dei um pulo no La Guapa. Confeso que estou super nervosa. Não sei como agir perto de Ana, como chegarei nela e perguntar sobre ontem. Merda, aquela Paola tímida estava se mostrando de novo.
Respirei fundo ao estacionar na minha vaga. Saí do carro com minha bolsa em minha mão e caminhei até a entrada.

Ao chegar no meu camarim, Carol, Larissa e Dani já esperavam por mim. Me sentei sem dizer nada, o que foi estranhado pelas meninas. Larguei a bolsa no sofá. Agradeci mentalmente por não perguntarem nada. Fiquei apenas escutando o que elas falavam, mas as vezes meu pensamento voava alto. Estava tudo tão confuso dentro de mim. Eu fiquei confusa ao sentir que, talvez, a pessoa que eu amo, esteja retribuindo os meus sentimentos. Mas isso é loucura. Eu sempre estou me iludindo.

She (✔️)Onde histórias criam vida. Descubra agora