Night Ways [One Shots]

The last floor 🍓 (Hangyul)

"Onde Lee HangyuI e Tageuchi Hina vivem um relacionamento extraconjugal."

Inocência

Tageuchi Hina não conseguia tirar os olhos dos prédios altos de vidro do Palácio da Meia-noite. Estava acostumada com pompa e grandiosidade, mas não sabia que esta seria capaz de causar-lhe tanto desconcerto.

Sentiu as mãos frementes suando debaixo das luvas de cetim. As coxas roçavam umas contras outras embaixo do tecido de pedras prateadas e ela sentia a pele entre elas ficando cada vez mais dolorida. Estava com o maldito vestido há, pelo menos, quatro horas. Não conseguia entender onde a família real ou o príncipe herdeiro achava beleza e classe nisso. Parecia atos de ideias masoquistas ao seu ver. Mas se forçava a aguentar, pois sabia que seus pais dependiam de sua vitória.

O jardim do Palácio brilhava os globos de luzes coloridos que estavam suspensos por cordas acima do gramado. Os jogos de Inverno aconteciam bem no centro do jardim, onde pro players que representavam o reino coreano lutavam com algo visível apenas a eles. Os seus futuros sogros, o rei e a rainha, assistiam os jogos, provavelmente imersos na mesma realidade dos jogadores, através de suas lentes. Hina sabia que não levaria muito tempo até que dessem conta de sua ausência. Ela respirou fundo, ainda encarando o topo do octogésimo andar do prédio principal do palácio, com o pensamento mórbido sobre ela mesma caído daquela altura e se partindo em pedaços no imenso verde.

Ela sacudiu a cabeça e mordeu o próprio pulso, olhando para baixo. Era uma mania horrível, mas a leve dor a distraía.

"Não deveria estar aqui, gordinha."

Ela se sobressaltou com a voz e soltou um gritinho. Atrás dela, parcialmente coberto por um monte de arbustos, estava um garoto magro como um fio de palha. Cabelos lambidos caíam sobre sua testa e espinhas vermelhas rasgava os poros de sua testa. Não devia ser muito mais velho do que ela era, mas era o menino mais feio que ela já havia visto em sua vida. Ok, talvez fosse um exagero. Mas ela cresceu cercada de pessoas que poderiam consertar qualquer imperfeição com o dinheiro que fosse. Logo, não era normal lidar com tantos defeitos ao mesmo tempo.

Demorou longos cinquenta segundos para que ela notasse as palavras do garoto.

"Gordinha?"

Ele deu um riso seco. Os dentes tortos faziam os dedos de Hina se agitarem de agonia. Tinha fobia de coisas desalinhadas.

"Sim. Não vejo mais ninguém com braços grossos e barriga sobressalente aqui."

Hina sentiu, inicialmente, surpresa. Depois constrangimento até que, enfim, sentisse nada além do que raiva. Ela cerrou os punhos e agarrou o colarinho do garoto, jogando-o em cima do arbusto com força.

"E você, cacto, pensa que é quem? Sabe quem eu sou?", ela gritou.

"Se eu não soubesse, não teria vindo te avisar que meu irmão está te procurando."

"O que eu tenho a ver com seu irmão?", ela retrucou. "Nem te conheço e nem quero conhecer."

"Mas o meu irmão você conhece, alteza. Até porque ele é o seu noivo, certo?"

Hina piscou algumas vezes, sentindo a urgência embrulhar o seu estômago. Ela gaguejou um "Oi", depois um "Ai" e, enfim um "Al", de "alteza", que não conseguiu completar. Demorou um instante longo até que ela entendesse que aquele menino deveria ser o irmão mais novo do príncipe herdeiro Hanjoo. Constrangimento enrubesceu o seu rosto e ela juntou as mãos, curvando-se diversas vezes diante do garoto das espinhas vermelhas.

"Me desculpe. Me desculpe, alteza..."

Ele riu, sabichão e tirou algumas folhas do arbusto de seu terno azul.