Quando fica difícil disfarçar

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Scorpius Malfoy

Uma, duas, três colheres de açúcar no café. Exatamente três mexidas na xícara que sem fazer o som do tintilar do talher. A colher sendo pousada no pirex. Um pequeno gole com um pequeno som de aspiração. A degustação do sabor ao passar a língua nos lábios. O aceno com a cabeça indicando que estava no ponto adequado. A xícara sendo pousada no pirex, junto à colher. O jornal sendo aberto na seção de cultura. Sorri de lado com a cena.

Eram assim as manhãs de minha mãe. Meu pai descia geralmente quando minha mãe estava na metade da leitura, ao passo que ela já havia levantado muito mais cedo e provavelmente realizado muitas atividades como yoga ou uma simples ida ao comércio. Ele gostava de dormir até mais tarde e tomar um banho gelado que ele chamava de revigorante.

— Bom dia, querida. - meu pai deu um beijo carinhoso em minha mãe, como de costume. Ela sorriu em resposta, ainda concentrada em sua leitura, apesar de ter estendido a mão para acariciar seu rosto como sempre fazia para nos cumprimentar pela manhã. - Bom dia, Scorpius. - meu pai sempre me chamava pelo meu nome, mas eu gostava disso. Era uma relação interessante de respeito que possuíamos e eu gostava.

— Bom dia, pai. - respondi com a voz um pouco rouca ainda. Tossi um pouco para tentar normalizá-la.

Ao deixar Rose Weasley em casa tomei um pouco de sereno. Não sei quanto tempo fiquei parado observando a casa aconchegante de Rose ao fundo. Descobri onde era seu quarto pois consegui ver a luz sendo acesa e pude ter um vislumbre de seus cabelos ruivos. De repente me senti um pouco culpado, observando-a sem que ela soubesse. Mas Rose era... Curiosamente interessante. Eu havia percebido uma outra faceta dela naquela noite, que não era recheada de ironias ou deboche. Era apenas, humana. Como quando ela achou que a rejeitei. Bem, não sabia exatamente o porquê dela ter considerado aquilo. Apenas não quis que as coisas fossem daquela maneira. Mas não poderia dizer que queria que elas fossem de alguma outra forma. Quero dizer, eu não queria de fato beijar Rose. Não que tenha me arrependido...

Bem, só pude agradecer à Catherine que me mandou uma mensagem contando a respeito da ideia de Albus. Aparatei para casa finalmente e, bem... Acabou sendo a noite em que meti um soco na cara de James Potter que, apesar de não ter feito nada com Rose, mereceu por vários outros motivos.

- Scorpius, estive pensando... - mamãe começou enquanto descascava uma laranja. - O que acha de convidar seus amigos para virem aqui? Digo, vocês só encontram em festas e mais festas quando estão por aqui. Nós nunca de fato temos tempo para conhecê-los. Não precisa trazer todo mundo, só os mais próximos. - ela sorriu gentilmente e meu pai arqueoou uma sobrancelha.

— Querida, nós já falamos sobre isso...

— Shhh. - sibilou minha mãe com um olhar de raiva, mas ela logo suavizou ao olhar para mim. Franzi o cenho. Mamãe estava armando alguma coisa. - Não ouça o que seu pai diz, querido. Eu apenas tenho curiosidade de...

— Saber se você está de namoro por aí. - meu pai soltou enquanto bebia seu suco. No segundo seguinte ele cuspiu boa parte do que bebia, urrando de dor. Olhei horrorizado para minha mãe, que aparentemente tinha chutado ele por debaixo da mesa. Eu amava a relação dos dois, era uma surpresa atrás da outra.

— E tem algum problema com uma mãe querer saber se o filho anda em boas companhias? Quem disse em relacionamento? Falei de amizades. Amizades. - ela pontuou cada sílaba evitando olhar para meu pai.

Não pude evitar coçar a nuca ficando um pouco nervoso, pois não fazia ideia de quem chamar sem dar muito na cara. Bem, eu e Rose havíamos nos beijado, mas isso não significava nada. No entanto, minha mãe era astuta. Mas de qualquer forma ela não imagina que eu e Rose estejamos próximos.

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