Quando se é pego de supetão

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Scorpius Malfoy

Receber a visita de Catherine, Summer, Luke e Anthony, no encontro anual de meu pai com seus antigos amigos de escola, me ajudou a espairecer um pouco. Eu havia tentado entrar em contato com Amanda, mas ela respondera em um curto bilhete que precisava de um tempo, pois James havia lhe contado tudo o que tinha acontecido. Nem sequer na Inglaterra ela estava. Imagino que ela estava brava comigo, ou decepcionada, e isso estava me matando. A magoei, exatamente como não queria fazer. Se não fosse pela ideia estúpida da Rose em deixar tudo quieto, provavelmente as coisas não teriam chegado nesse ponto.

Eu estava mandando minha terceira carta - que provavelmente também viria sem resposta - quando Catherine se aproximou. Pude ouvir o barulho de seus saltos lentos ecoando pela biblioteca.

— Acho que nem tudo correu bem, no fim das contas. - ela deu um sorrisinho de lado, como uma forma de consolo, quando se posicionou ao meu lado. Assenti, enviando a coruja. - Dê um tempo pra ela. A Lore consegue ser... Bastante intensa quando quer. - Catherine arregalou os olhos e eu ri pelo nariz. Sim, Amanda era exatamente assim. Mais oitenta do que oito em 100% das ocasiões. E era isso que me preocupava. Não queria que ela me cortasse da sua vida. Mas não me admiraria se ela realmente fizesse isso.

— O que vocês andam conversando por aí? - Summer, a irmã mais velha de Catherine, veio em nossa direção. Ela sorriu para mim, divertida, e eu sorri de volta. Summer era dois anos mais velha do que nós e estava trabalhando como auror. Na época, seus cabelos eram longos e bem pretos. Pode-se dizer que ela talvez tenha sido a primeira paixão de muitos caras e talvez eu também fosse considerado culpado. Ela sempre esteve presente em minha casa, assim como Tony, Cat e Luke, mas por sermos de casas diferentes não tínhamos muito contato. Mas que garoto nunca teve uma paixão por uma menina mais velha bem resolvida?

Agora ela estava com um corte mais curto que o meu e seus cabelos eram roxos. E claro, a enorme cicatriz em sua bochecha também era algo novo e isso só a deixava mais badass ainda.

- Seu namoradinho está lá exibindo o álbum pessoal dele. - ela bateu no ombro da irmã, que revirou os olhos ao se afastar.

— Ele não é meu namorado. Não me enche, Summer. Por que você não vai falar você com o seu namoradinho. Olha só, falando no diabo.

Luke estava na porta, com as mãos no bolso. O mais velho dos Zabinis também um auror e tinha algumas cicatrizes, sendo que uma delas, a da sobrancelha, se deu quando ele, um Sonserino três anos mais velho, resolveu namorar Dominique Weasley. Os Weasleys não brincavam quando o assunto era família. Não pude deixar de sentir meu estômago embrulhar ao pensar o que Ronald Weasley faria comigo se soubesse do acontecimento no banheiro...

Bem, a questão principal era que Summer e Luke, apesar de não serem do mesmo ano, sempre foram muito unidos. Um dos fatores que me fez desencanar dela quando eu era mais jovem foi quando percebi que ela claramente gostava dele e que eu era somente um garotinho mais novo, filho do amigo do pai dela. Luke nunca correspondeu e, o que sei, é que brigaram por algo que Summer falou a respeito do relacionamento dele com Dominique. Desde então a presença dos dois nos encontros anuais já não era frequente e, quando acontecia, eles nunca ficavam muito tempo próximos um do outro.

Catherine não esperou Luke falar nada e saiu, trombando e propósito. Deixei uma risadinha escapar e Summer olhou cúmplice para mim, sorrindo levemente. Tentei lançar um olhar para ela que dissesse "Vai ficar tudo bem", mas acho que ela não precisaria disso, pois emanava uma força muito poderosa. Apressei-me em acompanhar Catherine. Tentei sorrir minimamente para Luke, mas seus olhos estavam vidrados em Summer.

— Está acontecendo algo que não sei? - perguntei assim que consegui alcançar Catherine. Ela parou e se virou, suspirando.

— Luke é um babaca. Eu sei que ele foi traído pelo projeto de veela oxigenada da Weasley e tudo o mais, só que ele não tem o direito de reaparecer na vida da tonta da minha irmã como se nada tivesse acontecido. Ficar sem falar com ela por anos por conta de um alerta que de fato se concretizou é ridículo. Ainda mais agora que ela está bem, mora com a namorada e finalmente está sendo feliz. Até a merda de um feitiço ela levou na cara pra proteger aquele idiota em uma missão e ele sequer foi grato na época. E ela ainda que dar trela para falar com ele? - a verborragia dela me deixou atordoado. Franzi o cenho tentando processar o amontoado de informação que Catherine havia despejado. Ela gesticulava muito e estava ficando ligeiramente vermelha. Seus cabelos aparentemente recém cortados, pois na última festa ela não estava assim, estavam desgrenhados pelo fato dela ficar puxando-os enquanto falava, claramente estressada. E depois Amanda que era intensa. Segurei os ombros dela com firmeza. Seus olhos azuis voaram em minha direção, surtando.

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