Scorpius Malfoy
Eu não conseguia tirar a imagem de Rose chorando da minha cabeça. Queria abraçá-la, mas não poderia arriscar ativar algum tipo de gatilho nela. Queria dizer que tudo ia ficar bem, mas ao mesmo tempo sabia que aquelas palavras pareciam tão... Vazias. Não conseguia conter minha raiva ao pensar nela rodando pelos corredores sozinha, obstinada a encontrar um cara que não vai pensar duas vezes em machucá-la se tiver a chance, mas também compreendia o porquê dela querer fazer isso.
Eram muitos sentimentos conflitantes e dormir estava ficando impossível, mais do que já estava naturalmente. E por eu demorar muitas horas para dormir, mesmo com os remédios, acordar estava sendo um desafio cada vez maior. Ao menos eu tinha Fred pra não deixar que eu perdesse a hora.
— Scorpius, eu já te chamei três vezes. — ouvi meu amigo resmungar distante, mas meu corpo estava um caco e eu não conseguia me mover. Não queria me mover.
Fazia dois dias desde que eu havia conversado com Rose. Achei melhor não procurá-la até que ela o fizesse. Não por raiva ou orgulho, mas por respeito ao seu momento ruim. Só que isso não me impedia de ficar preocupado ou irritado. Ninguém tinha visto nada de estranho no castelo ainda, então as pulseiras estavam sendo inúteis até então.
— Cara, você tá precisando matar a aula hoje? Se precisar, eu falo com a McGonagall sobre você estar doente ou qualquer coisa assim.
— E você acha que pode enganá-la? — foi Charlie quem falou, rindo ironicamente. — Mais fácil ele só faltar mesmo e pedir mil desculpas depois.
— Não preciso faltar. Estou bem — resmunguei pulando da cama a contragosto. Aquele estresse todo ia me matar. Procurei meu frasco de remédio na cabeceira da cama, mas não encontrei. — Vocês viram meu remédio?
— Pra que você toma isso? — a voz de Lorcan me surpreendeu, vinda do banheiro. Ele tinha o vidro em mãos, analisando-o. Algo me dizia que aquilo não ia terminar bem. — Você é problemático ou só está bancando um?
— Lorcan, porra. — Fred o advertiu ao perceber que meus punhos se cerraram. — Olha a merda que você tá falando.
— Isso se isso aqui for realmente remédio. — ele desrosqueou o frasco, pegando alguns comprimidos. — Pode ser uma droga trouxa qualquer que ele tá viciadinho pra estar esse caco.
— Cala a boca. — falei entre dentes, sentindo meu corpo ficar mais tenso que o normal.
— Ih, não aguenta uma zoeirinha, Malfoy? — Ezra se juntou ao riso idiota de Lorcan.
— Por que vocês não vão tomar no cu? — Fred avançou para cima deles, arrancando o frasco.
— Não sabia que eram namoradinhos. Você realmente tem uma coisa pela família Potter-Weasley, Scorp. — Lorcan comentou rindo, enquanto saía do quarto com Ezra.
Precisei de muita, mas muita paciência para resistir a tentação de correr atrás deles e socá-los.
— Não liga pra eles. — Charlie tentou me acalma, inutilmente.
Lorcan e Ezra estavam sendo os mesmos babacas comigo de quando éramos primeiranistas e eu, um Malfoy, tinha acabado de ser selecionado para a Grifinória. Claro que a convivência amenizou as coisas, mas nunca fomos realmente amigos. Pensava que tudo aquilo era puro preconceito de crianças e que havia ficado no passado, mas bastou uma coisinha - ou melhor, alguém, mais especificamente Lily Potter - para eles passarem a me tratar como nada de novo, de uma forma mais agressiva do que passiva-agressiva, como costumavam fazer.
— Acho que eles esqueceram de quando eu azarei os dois por te importunarem. Tão precisando refrescar a memória. — Fred fez menção de sacar a varinha e se dirigir à porta, mas eu resmunguei, negando.
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Freedom
RomanceRose Weasley e Scorpius Malfoy. Presos ao peso de seus sobrenomes, até que o Chapéu Seletor resolve acabar com tais rótulos. A rivalidade de suas famílias nunca importou de fato, até que no sétimo ano eles se vêem obrigados a competirem por uma vaga...