Chegamos a NY de madrugada. Meu corpo inteiro doía pela viagem e pelas horas extras de trabalho que tive em determinado momento do voo, para ser mais precisa, no banheiro. Com o chefe. Acho que Clarissa percebeu nossa movimentação apesar de estar sentada em uma poltrona afastada, mas graças a Deus não disse nada. Fomos direto para o hotel e depois de uma ducha rápida, Brennan e eu nos enfiamos embaixo dos cobertores e em questão de minutos, estávamos perdido no mundo dos sonhos, ou no meu caso, dos pesadelos.
Eles estavam sendo mais frequentes agora que me sentia de certa forma ameaçada. Geralmente eu estava em um corredor escuro com várias portas. Abria uma por uma tentando achar uma saída, porém cada quarto tinha mais três portas o no final de tudo eu tinha que escolher entre viver e deixar Brennan morrer ou me matar e deixá-lo são e salvo.
A pior parte era sempre o tiro que eu tinha que dar na minha própria cabeça.
Fiquei consciente de repente. O suor fazia minha camisola grudar no corpo e minha boca estava tão seca que meus lábios começavam a rachar. Olhei para Bren que dormia tranquilamente e fui até a pequena cozinha do apartamento buscar água no frigobar. Joguei água no rosto, minhas olheiras estavam assustadoras e minha pele tinha uma consistência estranha. Era como se a vida tivesse me abandonado e eu fosse apenas um corpo em movimento. Comia, bebia e conversava, porém sem uma gota de vida nos olhos. Gemi baixo quando meu estômago embrulhou e bebi mais água, tentando aliviar aquela sensação incomoda. Voltei para o quarto, o relógio da mesa de cabeceira mostrava que era um pouco mais de quatro horas. Dormi mais de uma hora e estava com meu corpo totalmente esgotado, mas minha cabeça estava alerta. Olhei para Bren quando me deitei. Ele dormia tão calmo que por um momento senti inveja dele. Quem dera eu poder mergulhar assim em um sono sem me assustar com pesadelos no meio da noite.
Ele falou algo baixinho e me puxou para seus braços. Fechei os olhos com força, tentando fazer aquela sensação passar.
O despertador começou a fazer aquele maldito barulho irritante às seis e meia da manhã. A primeira reunião de Brennan seria oito horas, graças a Deus na sala de reuniões do hotel. Então não precisaríamos ter que enfrentar um trânsito caótico. Levantei da cama e fui direto para o banheiro. Tomei um banho gelado para tirar todo aquele suor do corpo. Depois me enrolar no roupão, fui acordar Brennan.
- Amor, acorda. - Cutuquei seu braço. Ele apenas se virou na cama e puxou o cobertor, cobrindo seu torso nu. Olhei para ele um segundo, tentando conter um riso. - Brennan. Acorda. Está na hora. - Ele abriu um olho bem devagar e quando viu meu cabelo molhado pelo banho e depois meu roupão, um sorriso de gato da Alice se formou em sua boca.
- O que tem debaixo desse roupão?
- Tem uma Claire ligeiramente atrasada para uma reunião importante.
- Ah é? E essa Claire "ligeiramente" atrasada tem tempo pra uma rapidinha?
- Não, na verdade nós não temos. Vamos ter que encaixar essa rapidinha entre o almoço e o evento de hoje.
- Mas o almoço é só uma da tarde. Você está perdendo um tempão ai falando. - Bren me olhou sugestivamente, mordendo o lábio inferior tentando conter um sorriso enquanto abria o laço do meu roupão. Dei dois tapas em sua mão e levantei da cama, também tentando controlar o riso e parecer séria diante dele. Essa história de rapidinha estava saindo do controle. Onde encostávamos nós marcávamos território e já estava na hora de parar com isso... Por enquanto.
- Bom e você está perdendo um tempão ai deitado. - Bati no pulso, mostrando que o tempo estava passando. - E além do mais, quanto mais cedo começarmos, mais rápido o dia irá passar. - Ele afundou a cabeça no travesseiro e soltou o ar com força. Quando ouviu o barulho do zíper da mala, jogou o cobertor pro lado e foi pro banheiro.

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Bem Próximo
RomancePLÁGIO É CRIME! Claire sempre viveu as sombras de Joseph, seu namorado conquistador e cruel, privando-se de suas vontades para estar sempre ao seu lado, acima de tudo, acima de todos. Até que finalmente leva um “choque de realidade” depois de cinco...