– É a terceira vez que isso acontece só essa semana.
– E você acha que eu não sei? - gritou a senhora loira; seus olhos furiosos focados no rosto do diretor - E por que raios não vi o pai de mais ninguém nessa porc!... Nesse colégio?
– Sra. Hemmings, já conversamos sobre isso. Eu não posso esperar que os outros pais aceitem essa situação.
– E eu tenho que aceitar? Tenho que ver o meu filho, que não machucaria nem uma boneca de pano, ser agredido e o único a sair como culpado? Enquanto esses marginais ficam soltos pelo colégio como se não tivessem feito nada de errado?
As mãos calejadas pelos serviços domésticos fecharam-se no tecido grosso do jeans. A raiva de Liz só aumentava com a falta de reação do diretor a sua frente. O silêncio dos móveis escuros enlouquecendo-a tanto quanto o bigode comprido do velho.
– Meu filho não estuda mais aqui. Satisfeito? – gritou colocando os óculos de sol e se levantando; escondendo ao máximo as lágrimas que se acumulavam nos cantinhos dos olhos.
– Vai ser melhor para todos nós – sorriu o velho aliviado, seus ombros relaxando na cadeira de couro. – Tenho carinho pelo seu filho e desejo-lhe só o bem.
– Que a vida lhe dê em dobro o que desejar a ele – ralhou, vendo o rosto do diretor enrugar em surpresa – Passar bem.
Os saltos pequenos e confortáveis batiam fortes contra o chão encerado. Os fios dourados e mal tratados se enrolavam uns nos outros por culpa do vento frio que vinha das janelas. As lágrimas delicadas escorriam nas maçãs avermelhadas, mas logo sumiam por culpa dos dedos trêmulos que as espalhavam por ali.
Assim que alcançou o estacionamento, um senhor de meia idade ligou o carro e destravou as portas, apenas esperando que a Sra. Hemmings entrasse para dar partida. Seus olhos claros olhavam-na com curiosidade, mas desviaram-se sem esperanças quando ouviram um doloroso suspiro cortar o silêncio.
Andrew soube naquela hora que as coisas não tinham ocorrido como queriam, mas sim, como imaginaram. Acariciou sentimental o braço da esposa, lhe passando o máximo de conforto que podia.
– O que me mata é saber o quanto ele queria isso... O quanto ele desejou estudar nessa merda.
– Ele vai ficar bem – interrompeu-a antes que aquilo vira-se um drama maior. Já bastava ter acalmado seu filho até que fosse socorrido; não queria ter que fazer o mesmo com a esposa.
– Onde ele está?
– Lá em casa com o Ashton.
– Vamos rápido então... Ele vai surtar com a notícia.
A senhora Hemmings tinha razão. Seu filho esperneava e implorava enquanto derramava grossas lágrimas, seguindo os pais por todo canto da casa.
– Eu prefiro apanhar do que ficar preso aqui de novo! – berrava raivoso, partindo o coração dos pais.
– Luke, são mais três anos e você pode ir pra cidade que quiser fazer faculdade. Você não vai pra um colégio onde quebram seu braço e o diretor não faz nada!
A voz imponente de Andrew ecoou pela casa calando o pequeno Luke, que franziu seu nariz perfeitinho, fazendo força para conter os soluços. Liz tentou abraçá-lo, mas o loirinho rapidamente se desvencilhou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Can You Love Me Again? [muke]
FanfictionNuma noite qualquer, em uma pequena cidade conservadora chamada Hiwt, Luke Hemmings tem suas preces atendidas. Benção ou maldição? Hemmings tentará descobrir com a ajuda de seu melhor amigo Ashton, mas talvez seja necessário um outro alguém nessa jo...