Capítulo 60

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Passamos o resto do dia espalhados pela casa, meu pai falou com as meninas e comigo também, ele parece preocupado com a mamãe, mas não tentou falar com ela.

Apesar de tudo que aconteceu, meu pai sempre amou a mamãe e parece que esse amor dura até hoje. Eles não tiveram nenhum namoro duradouro depois dos divórcio, o que alimentava a ideia da Malu em juntar os dois.

As meninas não me contaram como foi a conversa com a mamãe, mas me pediram para esculta-la quando ela tentasse falar. Eu já tinha prometido para a Elisa que tentaria, e faria isso por elas também.

- Amor- Henri fala chamando minha atenção. Estamos no quarto arrumando nossas coisas para voltar para casa da Mariah amanhã. - Quer ficar quanto tempo aqui?

- Pra ser bem sincera?- Pergunto e ele assenti. - Por mim podemos ir embora amanhã, não aguento mais um dia, mas tenho que desfazer a confusão com minhas irmãs.

- Você deveria pensar um pouco em você também.- ele senta ao meu lado na cama.- elas sabem se cuidar e você deveria fazer o mesmo.

- Eu sei. A gente fica até amanhã, se eu não aguenta vamos embora no outro dia.

- Na mesma hora, nem que a gente fique em um hotel bem longe deles.

- Tá bem.

- Te amo.- ele diz e em seguida me beija.

- Também te amo.- digo e o beijo.

Alguém bate na porta. Henri nega com a cabeça para que eu não atenda.

- Entre!- digo rindo do Henri.

- Com licença. - Minha mãe fala.- Desculpa atrapalhar, eu queria falar com você.

Henri me olha e olha pra ela.

- Claro. - Digo forçando um sorriso e me levantando. - vocês não foram devidamente apresentados então... Henri essa é a minha mãe, mãe esse é o Henrique, meu namorado.

- É um prazer conhecê-la. - Henri fala e aperta a mão dela gentilmente.

- Eu fico feliz por vocês. - Ela diz sorrindo. - podemos, Maya?

- Sim- digo.- já volto. - Digo para o Henri e saio do quarto acompanhando ela.

Andamos até um outro quarto, acredito que seja o dela.

- O que a senhora queria falar?- pergunto sem jeito, sem saber como iniciar a conversa.

- Conversar. - Ela fala e senta em sofá que tem no quarto. - Não fazemos isso a muito tempo.

Conversar? Tá, posso fazer isso. Você pode fazer isso, mantenha a calma.

- Do que quer falar?- Pergunto e ela ri franco

- Você sempre foi direta e determinada.- ela ri enquanto nega com a cabeça- eu escolhi ficar com você, com a sua guarda, e conforme você crescia mais você se parecia comigo- ela sorri para mim.- eu nunca fui uma mãe presente pra você, nem se quer fui sua mãe.

- Mãe...

- Não, Maya. Eu sei que fui ausente, seu pai me dizia isso todas as vezes que você ia visitá-lo, ele sentia isso em você, sentia que faltava algo pra você. Na sua adolescência nos aproximamos, principalmente no seu último ano da escola, eu já tinha começado o hospital e você ia bastante lá depois da aula, você deu um jeito de ficar comigo já que nunca dei esse jeito para está com você.

- Eu sentia sua falta, todas as minhas amigas tinham uma mãe ou um pai, alguém que pudessem contar como tinha cido o dia, ou se alguém implicava com elas na escola, e eu sentia que não tinha nenhum dos dois. - Ela me olha com ternura.

- Eu errei muito, sei que errei. As vezes eu penso se não deverei te deixado você ficar com seu pai, ou se deveria ter abandonado minha carreira, eu penso em como as coisas poderiam ter cido diferentes. - Ela olha para o chão e parece pensativa.

- Por que você não me ligou?

- Eu queria te ligar, todos os dias eu pensei em te ligar, mas eu achei que estava te castigado de alguma forma. Você escolheu ir embora, eu nunca quis que fosse embora, mas você sempre foi determinada e independente, não ligava pra minha opinião e fez o que queria. - Ela seca as lágrimas que caiam com um lenço. - Eu achei que te castigar fazia com que você voltasse ou que a dor fosse menor, mas ficava mais difícil a cada dia.

- Mas você conseguiu ministra-la muito bem, não é? - ri sem humor.

- Eu sou cirurgiã, Maya. Estudei para aprender a esconder meus sentimentos. Eu passei esses seis anos sozinha, ligava para as suas irmãs para saber de você, procurava sobre você na internet e nas redes sociais, inventava problemas no hospital para que com sorte você falasse comigo, nem que fosse por causa do trabalho...

- No começo eu ligava para tia Margareth todos os dias para saber como você estava, e quando a resposta começou a ser positiva parei de ligar, a senhora sempre ficou melhor sozinha.

- Eu nunca estive sozinha, você sempre esteve comigo, filha... até quando não merecia sua atenção, e eu me arrependo todos os dias por não ter feito o mesmo por você.

- Nós duas erramos, fomos orgulhosas e só pensamos em nós mesmas.

- Mas agora a gente podia compensar.

- Mãe, foram seis anos... Não se compensam assim com uma conversa.

- Eu sei, mas é um começo.- ela força um sorriso em meios as lágrimas.

- A senhora perdeu a minha formatura, fez o papai perder a minha formatura.- digo voltando a chorar.

- Eu sei, eu errei com seu pai também e principalmente com você e suas irmãs, eu estou disposta a mudar, a fazer diferente, eu quero que me perdoe e que possamos seguir em frente.

- A Elisa disse que se eu te ouvisse iria conseguir perdoar.

- E o que você acha disso?

Um silêncio percorre pela sala, eu conseguiria perdoa-la depois de tudo?

A voz da Elisa percorreu pela minha cabeça.

"Eu me arrependo todos os dias de não ter dito para ela o quanto a amava, mas você pode fazer diferente ela ainda está aqui, diga a ela que você a ama."

- Eu passei seis anos sem uma mãe e um pai, eu não quero passar nem mais um dia assim, eu não sei se consigo esquecer esses anos e nem se consigo perdoar o que a senhora fez nesses anos para me manter longe, mas eu estou disposta a tentar, se a senhora tiver também.

- Obrigada. - Ela fala aos prantos. - é claro que eu quero tentar, só quero a minha menina de volta. Posso te abraçar?- eu assinto com lágrimas nos olhos e ela vem ao meu encontro iniciando um abraço.

Ficamos abraçadas e chorando por mais alguns minutos, até o quarto ser invadido por toda a nossa família.

- Abraço em grupo?- Pergunto enxugando as lágrimas. Elas assentem e se juntam a nos em um abraço.

Antes de abraça-las pude ver o sorriso do Henri e as lágrimas nos olhos de Elisa, essa é a minha família.

Tem uma frase que ouvi uma vez que descreve todo esse momento.

"Ninguém sabe o valor do que tem, até perdê-lo."

Eu achava que tinha tudo, que a briga com meus pais não afetava a minha vida, que eu poderia seguir em frente sem resolver meu passado, mas estava enganada.

E assim é a vida. Acreditamos que a felicidade está no futuro e esquecemos de viver o presente ou consertar o passado. Valorizar a família quando ainda a temos, ou valorizar o tempo quando está acabando.

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Oi, leitores.
Tudo bem com vocês?

Deixei essa reflexão hoje para vocês, reflitam sobre isso e valorizem suas famílias e as pessoas que estão ao seu lado, hoje você sabe que os tem, mas não podemos prever o amanhã.

Beijos, Larissa.

Meu CEO Onde histórias criam vida. Descubra agora