Sábado, um dos melhores dias da semana, senão o melhor. O dia em que podemos dormir até tarde, comer qualquer coisa fácil de fazer e passar o resto do dia sentado no sofá da sala, de pijama, a ver o que quer que passe na televisão e seja minimamente interessante.
Bom, pelo menos é assim que devia ser, mas parece que o Ashton tinha outros planos para mim naquele fim de semana em que tanto me apetecia descansar.
Depois de acordar abalada e com o rosto lavado em lágrimas levantei-me e fiquei um pouco à janela a ver o dia nascer. Nunca, desde que cheguei a Sidney, vi o nascer do sol. É algo mágico, ver o sol surgir por trás dos prédios enormes e começar a cobrir os parques enquanto a cidade vai despertando.
Quando me voltei a deitar, um pouco melhor da minha pequena crise, o Ashton abraçou-me como se soubesse que era disso que eu precisava. E agora aqui está ele, a chamar-me para que me levante, em pleno sábado, às nove e pouco da manhã.
"Já vou Ash, não sejas chato." - resmunguei, empurrando-o para longe de mim.
"Estou na cozinha à tua espera na cozinha. Veste alguma coisa quente, está frio hoje."
Poucos segundos depois deixei de o ouvir e pude finalmente tirar a almofada da cara, que usei para abafar o som da sua voz a chamar por mim. O quarto estava bem iluminado, prova de que ele tinha aberto todas as janelas possíveis existentes na divisão.
Revirei os olhos. Afinal porque é que ele estava tão bem disposto? Normalmente o seu humor de manhã é terrível, tanto que nem eu e muito menos os restantes rapazes lhe dirigimos a palavra pela manhã.
Levantei-me e, já que ele estava com pressa, decidi apenas lavar a cara em vez de tomar o meu habitual banho matinal. Vesti a roupa mais quente que consegui encontrar, isto é, umas leggins por baixo das calças de ganga, uma camisola fina com uma extremamente grossa por cima e um casaco a completar o look.
Quando cheguei à cozinha e me deparei com o Ash ele desatou a rir.
"Pareces um boneco de neve com essa roupa toda."
Ri um pouco, sem me ofender por ele se estar a rir das minhas claras figuras ridículas.
"Quem disse que está frio foste tu." - cruzei os braços, fingindo estar chateada com ele. Virei-lhe costas e esperei que ele viesse ter comigo, o que eu sabia que ele faria.
"Vá lá bebé, não fiques chateada comigo." - beijou a minha bochecha, enquanto me abraçava por trás, o que era um pouco difícil tendo em conta a quantidade de roupa que tinha vestida.
Ri e virei-me de frente para ele.
"Apanhei-te." - apertei a ponta do seu nariz.
"Ugh, tanto mel logo de manhã não, por favor." - Michael entrou na cozinha todo despenteado e com uma carranca enorme.
Parece que toda a gente decidiu trocar de lugar com Ashton e acordarem mal-humorados.
"Eu e a Daisy vamos dar uma volta, talvez voltemos tarde, avisa o Luke para ele não se preocupar." - Ashton disse para Michael que apenas encolheu os ombros, e puxou-me pela porta fora.
Um pouco mais à frente paramos de andar e entramos num café onde nos sentamos para tomar o pequeno-almoço.
"Onde vamos afinal?" - indaguei.
"Passear um pouco pelo Hyde Park, aproveitar a companhia um do outro, não importa. Qualquer coisa que faça contigo acaba por ser um boa coisa."
"Uau, estás muito romântico hoje. Acho que vou vomitar." - brinquei e vi o seu sorriso aumentar.
"Oh, mas de romântico eu não tenho nada. Não vês que sou um completo badboy, com imensas tatuagens e uma rapariga por noite!?"
O clima entre nós manteve-se descontraído enquanto passeávamos pela cidade de Sidney, em direção ao Hyde Park, que estava muito bonito, apesar de estarmos no inverno, as árvores não terem folhas e o chão estar coberto com neve agora suja pela quantidade de tempo à que tinha caído, ainda era uma visão estonteante.
Conforme íamos andado, mais eu ficava maravilhada com aquela paisagem. O Inverno não era, nem de longe, uma das minhas estações favoritas, mas tinha uma beleza única e inegável.
Surpreendi-me quando senti a mão de Ashton envolver a minha e entrelaçar os nossos dedos de forma leve, como que com medo da minha reação.
Olhei para cima mas ele olhava em frente, as bochechas levemente coradas de forma adorável e um pequeno sorriso nos seus lábios.
"Depois negas quando digo que és adorável." - constatei.
"Porque dizes isso agora?" - olhou para mim, confuso. - "E eu não sou adorável."
"Porque estás adorável." - ri e comecei a correr, olhando para trás de vez em quando. - "Aposto que não me consegues apanhar, senhor adorável."
Ele virou-me costas e, por um momento, pensei que se tinha ofendido por isso parei e chamei por ele, aproximando-me lentamente. Quando estava a menos de dois metros dele, ele virou-se para mim com um sorriso gigante no rosto e gritou enquanto me prendia nos seus braços.
"Já apanhei e consegui evitar que escorregasses e batesses com o cu no chão." - deu-me um beijo na bochecha.
"Certo, certo. Que tal comermos qualquer coisa? Tem uma barraca de cachorros quentes lá à frente, podíamos ir comer um." - fiz beicinho.
Depois de pedirmos os cachorros quentes, sentamo-nos num dos bancos do parque, a observar a paisagem e as pessoas à nossa volta, enquanto comíamos em silêncio.
Não muito longe dali era possível ver um casal com dois filhos pequenos, a brincar. A menina devia ter por volta de quatro ou cinco anos e gritava enquanto era perseguida pelo pai enquanto o menino, talvez com um ou dois anos, estava sentado a ouvir algo que a sua mãe dizia.
"Um dia..." - Ashton fez uma pausa, desviando o olhar do casal para mim e de volta para o casal. - "Aqueles vamos ser nós."
"Não sejas apressado Ash, temos todo o tempo do mundo para isso." - o que saía da minha boca era o oposto do que me dizia o coração naquele momento. Pelo canto do olhos vi o olhar triste dele pousar sobre mim. - "O que não quer dizer que não seja possível."
Peguei na sua mão e coloquei-a entre as minhas, chegando-me mais perto do seu rosto.
"Até esse dia chegar, podemos aproveitar a nossa juventude e fazer tudo o que queremos fazer. Que me dizes?"
A sua resposta veio em forma de beijo, tirando-me o folêgo.
Realmente, o Ashton Irwin apenas me surpreendia cada vez mais, revelando-se o oposto do que achei que ele era, a primeira vez que o vi.
E, constatei surpresa, não tinha medo que ele me tocasse, que me beijasse ou dissesse coisas impudicas. Era tudo uma grande novidade. Uma novidade bem-vinda.
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Secrets of Past (A.I)❀
Hayran KurguCom apenas treze anos Daisy enfrenta a dura realidade do mundo onde vive. Em meio à luxuria e perigo encontra um jovem encantador que capta o seu coração. Com a mente inocente de uma virgem, Daisy entrega-se ao pequeno vislumbre do amor. Junto com e...