Capítulo 3

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- Mr. e Mrs. Aguiar! - cumprimentou o Sr. Tremblay em inglês. - Que prazer em revê-los. É essa mesmo a escolhida? Ariela Aguiar?

Colocando as mãos nos ombros de Ariela, seu pai respondeu:

- Sim, é ela. Cumprimente o Sr. Tremblay, Ariela.

- Oi - foi tudo o que Ariela disse, não por não saber falar inglês muito bem mas por simplesmente não querer conversar.

- Provavelmente está confusa, não é Miss Aguiar? - perguntou o Sr. Tremblay. - Acho que não deve ter compreendido muito bem as palavras de seus pais. Bom, para mim será um prazer explicar tudo em detalhes, afinal, vim de Ottawa só para isso. Porém, peço que tenha paciência e espere que cheguemos na base de Winnipeg, lá será bem mais fácil de explicar as coisas.

"Pelo visto ele é gente boa, pelo menos", pensou Ariela, enquanto o seguia junto com os pais para fora do aeroporto. Muitas pessoas consideravam seu comportamento grosseiro e sem educação, mas esse era o jeito de Ariela manifestar sua carência familiar. Foi criada solitária, pelos professores na escola ou pelos funcionários do edifício em que morava que, de vez em quando, a faziam um pouco de companhia. Seus pais passavam semanas e semanas viajando, deixando-na por conta própria. Uma prima de terceiro grau costumava ficar com ela até completar 11 anos, mas há 2 anos já ficava completamente sozinha. Por causa de tudo isso, ela acabou se fechando também às amizades. Porém, ela ainda conseguia se manter relativamente de bem com a vida, se adaptando a um mundo fechado e solitário.

Um carro branco levou-os até uma casa acinzentada e ordinária. Quando desceram, Sr. Tremblay disse:

- É aqui!

Ariela fez uma expressão de descrença. "Então é isso a tal "base da EACI"? Tenha a santa paciência!", pensou ela.

Sr. Tremblay passou a mão pela fechadura e um teclado com números apareceu magicamente. Ele digitou uma senha e a porta se abriu. Mr. e Mrs. Aguiar o seguiram para dentro da casa e sinalizaram para que a filha fizesse o mesmo.

Não havia nada dentro da casa, a não ser uma escada que levava para um andar subterrâneo. Achando isso Quito estranho, Ariela seguiu o Sr. Tremblay desconfiada até a escadaria. Ela desceu sem enxergar nada, pois a iluminação estava péssima.

Quando chegou ao subterrâneo, não conseguiu acreditar no que via. Aquele lugar era realmente uma base, com diversos computadores, pessoas trabalhando e telões ultra tecnológicos. Haviam diversas portas que davam para mais cômodos, e ela logo pôde avistar sua própria foto em um dos telões. Na tela estavam escritos diversos dados seus, enfatizando suas qualidades.

- Atenção! - anunciou o Sr. Tremblay. - Deem as boas vindas à nossa representante, Ariela Augustin Aguiar, filha de nossos prezados funcionários Regis e Laura Aguiar!

Todas as pessoas pararam imediatamente seu trabalho e ficaram de pé para aplaudir Ariela. "Eu devo ter enlouquecido! Ou então me drogaram e estou tendo visões! Ah, meu Deus, quero minha sanidade de volta! Será que isso aqui é um manicômio?", pensou a menina.

Uma mulher loira, de uns 40 anos, caminhou até Ariela e segurou suas mãos.

- Acalme-se - disse ela, sorrindo calmamente. - Você pode pensar que está perdendo a cabeça, mas acredite quando digo que você está totalmente consciente. Isso pode parecer muito novo, mas com o tempo você vai entender que tudo faz sentido.

- Quem é você? - perguntou Ariela rispidamente, soltando suas mãos. - Isso aqui é um manicômio? Me falem a verdade!

- Meu nome é Anna - respondeu a mulher. - Serei sua mentora durante esses três meses de treinamento.

- Treinamento? - Ariela perguntou. - Treinamento de quê?

- Siga-me - pediu Sr. Tremblay, abrindo uma das diversas portas - Irei lhe mostrar. Enquanto isso, Mr. e Mrs. Aguiar, poderiam organizar as coisas de Ariela em seu novo quarto? - ele recebeu uma resposta afirmativa. - Ótimo, então.

A sala em que adentraram continha seis telas enormes com visão de 360° graus. Cada uma era extremamente diferente da outra, sendo a tela 3 a única familiar, denominada de "Dimensão Sigma". A imagem das telas se mexia e logo Ariela pôde perceber que estava sendo transmitido ao vivo.

- São essas, Ariela - disse senhor Tremblay. - As cinco dimensões do nosso paralelo.

Cinco DimensõesOnde histórias criam vida. Descubra agora