Cinco Dimensões

Capítulo 13

Era cedo da manhã quando os competidores foram acordados por uma sirene alta. A Comandante entrou no dormitório, falando em alto e bom tom:

- O café da manhã está servido no refeitório. Vistam-se com os trajes de luta deixados em seus armários, comam e desçam para a sala das provas. Estaremos esperando por todos para dar início a segunda prova.

Sem falar mais nada, a robótica mulher saiu do quarto junto com seus agentes. Ariela se levantou de sua cama e abriu seu armário. Seu traje de luta era um macacão justo preto com detalhes azuis nos ombros e na barra da calça. Havia também luvas azuis e um elástico para prender seu cabelo. Os trajes de seus oponentes eram quase iguais, se diferenciando apenas pela cor dos detalhes. Magnelia ficou com vermelho, Aarun com roxo, Kilyan com verde e Pandora com amarelo.

Foram até o refeitório e sentaram-se na mesma mesa da noite anterior. Aproveitaram as deliciosas comidas que a dimensão Ômega tinha para oferecer e se dirigiram à sala de provas. No caminho, porém, Ariela viu uma das salas que esteve sempre trancada entreaberta e decidiu espiar.

- Ariela, onde você está indo? - perguntou Kilyan em voz baixa, ao ver Ariela saindo de mansinho.

- Silêncio, garoto! - ela respondeu, fazendo cara feia.

Ariela se aproximou ainda mais da porta, de maneira que os outros competidores nem perceberam sua ausência.

- Caramba, Ariela - resmungou Kilyan, decidindo ir atrás dela. - Você ainda vai fazer nós dois sermos desclassificados!

- Você está vindo atrás de mim porque quer - retrucou ela. - Agora silêncio, se você continuar falando eles vão nos escutar!

Os jovens olharam pelo pequeno espaço aberto e se surpreenderam. Nas mãos de um velho homem de barbicha branca estava o tão surreal Troféu Dimensional!

- Já está decidido, então, onde deixaremos o troféu - disse o homem. - Cuidado ao atravessar o Rio Schlange, Agente Erliegen.

- Sim, senhor - respondeu o tal Agente Erliegen, um moço (idêntico a todos os outros agentes, porém um pouco mais musculoso) que estava ao lado do homem velho. - Levarei o Troféu com toda a cautela do mundo e o deixarei onde foi pedido.

- É surreal, não é, meu jovem? - comentou o homem. - Que esse Troféu seja tão poderoso! Com esse simples objeto conseguimos dominar todas as cinco dimensões do universo. São tão tolos os agentes das outras dimensões, cedendo seus filhos à uma luta por essas classificações bobas. Eles pensam que essa dimensão é unicamente administrativa, acredita? Bom, num passado distante realmente éramos, sim, algo perceptível por não termos nada além dessa base e por sermos clones uns dos outros. Mal sabem eles que conseguimos arranjar uma maneira de roubar grande parte dos benefícios das dimensões comuns e transformar essa base em um paraíso logo ao passar pelo portão trancado da enfermaria. Esse troféu não pode nunca ser destruído, ou então perderemos tudo isso. Todos os benefícios que o universo dá seriam distribuídos igualmente para as cinco dimensões, fazendo com que não haja mais classificações e que voltemos a ser somente uma dimensão administrativa.

- Realmente, senhor - respondeu o agente, com a mesma expressão de antes. - Não deixarei que o Troféu sofra nenhum dano perigoso durante o percurso, pode confiar.

Ariela e Kilyan trocaram olhares estupefatos e de queixo caído.

- Temos que fazer alguma coisa, Kilyan! - cochichou Ariela. - A dimensão Ômega está nos fazendo de palhaços! Temos que dar um fim a essa competição!

- Sim, nós temos - concordou Kilyan, segurando a agitada garota e conduzindo-a para o rumo da sala de provas. - Mas precisamos de um plano antes. Vamos executar essa tal segunda prova como se não soubéssemos de nada e depois reunimos os outros para armar uma estratégia e destruir esse Troféu.

- Mas Kilyan, temos que agir agora...

- Ari, agora não é o momento, você sabe. Vamos armar um plano em conjunto, pode confiar em mim.

- Certo, então - aceitou Ariela. - Você tem razão. Vamos logo para a prova, já estamos atrasados.