Capítulo 17

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Assim que Ariela ouviu o assovio, percebeu que estava tomando a direção errada. Voltou-se para o sul, seguindo pela sombria floresta. Não estava frio, mas a garota sentia calafrios ao andar, além da contínua sensação de que havia alguém a seguindo.

- Quem está aí?! - gritou ela, cautelosa. - Mostre-se!

E o pedido de Ariela foi atendido. Uma enorme criatura que lembrava um lobo, porém com olhos vermelhos e garras gigantescas e afiadas surgiu das sombras. Seu olhar não transmitia fome, mas sim uma vontade insaciável de matar.

A garota empunhou seu galho quebrado, mas percebeu que não teria chances contra a criatura. Disparou a correr o mais depressa que podia, mas o lobo era rápido demais. Ariela tropeçou em suas próprias pernas, já que como Pandora dissera, a garota ainda estava machucada por causa da Segunda Prova. Quando o lobo abriu a boca para cravar os dentes na cabeça de Ariela, ela conseguiu se proteger com seu galho ridículo. Porém, não havia nada para a proteger contra suas garras. Assim, a criatura rasgou sem piedade parte da pele do braço de Ariela, fazendo-a gritar de dor. "É, acho que chegou a minha hora", ela pensou.

Nesse instante, Ariela viu a criatura cair repentinamente para o lado, uivando. Foi então que viu Kilyan empunhando uma enorme garra afiada, coberta pelo sangue do lobo. Inconscientemente, Ariela se levantou e jogou-se nos braços de Kilyan, abraçando-o e agradecendo. Assim que voltou para si, soltou-o e afastou-se, envergonhada. Kilyan olhou para seu braço, fazendo uma expressão de preocupação.

- Caramba, Ariela! - ele exclamou. - Esse machucado tá muito feio, temos que lavá-lo e enfaixá-lo agora!

- Pandora saberá o que fazer quando a encontrarmos - respondeu Ariela dando de ombros, fingindo que não estava sentindo uma dor excruciante. - Onde você arranjou essa garra? E como você me achou?

- Encontrei um felino de três metros morto enquanto caminhava - explicou ele. - Uma de suas garras havia se soltado da pata, então decidi pegá-la para usar como arma. Quanto a você, consegui ouvir de longe o som do lobo correndo. Fui averiguar e percebi que era você quem ele queria, então esperei o momento certo para intervir. Bom, talvez nem tão certo assim - completou ele, olhando para seu braço ensanguentado.

O caminho até Pandora não foi tão complicado. Ariela e Kilyan enfrentaram os perigos da floresta juntos, de modo que ninguém se machucou, apesar do pavor. Quando chegaram, perceberam que Aarun já estava lá, porém não havia nem sinal de Magnelia.

- Ah, graças a Deus pelo menos vocês dois estão aqui! - exclamou Pandora. - Já estávamos desesperados!

- Foi mal pelo atraso - desculpou-se Ariela. Quando percebeu isso, fez uma expressão rápido de surpresa. "Caramba, eu pedindo desculpas para alguém não é algo comum de se ver" - Fui atacada por um lobo gigante.

Pandora e Aarun responderam que compreendiam.

- Vocês encontraram Magnolia pelo caminho, por acaso? - perguntou Aarun, sério. - Ela não deu nenhum sinal de vida.

- Não vimos Maggie em lugar nenhum - respondeu Kilyan. - Será que... ela... ah, esqueça. Deveríamos procurá-la?

- Kilyan, não podemos desperdiçar nosso tempo - disse Ariela, segurando a mão do garoto. - Pandora, você consegue executar sua função sozinha?

- Consigo, sim - respondeu Pandora. - Vocês dois devem partir o mais rápido possível em sua busca pelo troféu. Quando descobrirem onde está, venham até aqui para que Aarun entregue os explosivos a vocês. Caso eu assovie, venham imediatamente para cá.

Ariela e Kilyan assentiram. Ariela refletiu sobre como aqueles poucos dias de competição já haviam amadurecido Pandora. Ela se lembrava do dia em que chegou e viu a garota definhada e tímida, sem ânimo para se comunicar, e olhava para ela naquele momento liderando o grupo numa missão tão importante. Na verdade, Ariela também havia amadurecido. Ela sentia um carinho diferente por seus "adversários". Seria possível aquilo ser o sentimento da amizade? Ariela nunca pensou que poderia ter amigos, nunca acreditou na amizade, mas ali estava ela, se importando com pessoas de dimensões diferentes. Ao ter esse pensamento, Ariela apertou a mão de Kilyan fortemente, murmurando um "obrigada". Sem entender o motivo do agradecimento, Kilyan simplesmente acariciou a mão de Ariela como um "por nada" e sorriu para ela.

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