Capítulo 15

9 3 0
                                    

Ariela acordou numa sala ampla da enfermaria. Estava deitada em uma maca e percebeu que sua perna e sua cabeça já estavam curadas, restando apenas duas discretas cicatrizes. Olhou para o lado e viu Pandora a encarando. A garota estava de pé e parecia estar sem ferimentos.

- Pandora? - Ariela estranhou. - Por que você está aqui?

- Precisava saber se você estava bem - ela respondeu. - Me senti culpada pela faca cravada em sua perna, eu não devia ter sido tão agressiva.

- Não há motivo para isso - Ariela se levantou, dando de ombros. - Isso faz parte da Disputa, e veja: minha perna está curada!

- Não totalmente - disse Pandora. - Ouvi a enfermeira dizer que não conseguiu curar o ferimento completamente, então você provavelmente sentirá um pouco de dor ao correr por um bom tempo. Isso pode te prejudicar na prova final.

- Olha - Ariela disse, séria. - Essa prova nem importa mais para mim, e logo você entenderá porquê. Kilyan já foi pro dormitório? Nós dois precisamos falar com todos vocês.

- Já sim, e todos os outros também. Inclusive ele me perguntou sobre você e disse que vocês tinham algo importantíssimo para contar.

As garotas saíram da ala de enfermagem e foram em direção ao dormitório. Ao chegarem, perceberam que a Comandante estava dentro do quarto. Passaram discretamente por ela e Ariela sentou-se na cama de Kilyan, ao lado do garoto.

- Amanhã vocês darão início à Prova Final! - anunciou a Comandante. - Serão enviados para o noroeste da dimensão Phi e lá terão que achar o Troféu Dimensional. Acredito que seus mentores já explicaram sobre ele, então não perderei tempo.

- O quê?! - Pandora não conseguiu se segurar. - Eu terei que voltar para aquela dimensão?! E... no noroeste?! Isso é suicídio!

- Você não está no direito de contestar - respondeu a Comandante. - Cada um de vocês será enviado para um lugar diferente, embora na mesma região. Portanto, pode ser que se encontrem durante a prova e pode ser que não. Estaremos observando-os por braceletes que prenderemos em seus pulsos e, em caso de uma emergência, iremos resgatá-los, o que significaria o total de zero pontos nessa prova. Vocês podem passar dias nessa busca pelo Troféu e terão que arrumar maneiras de sobreviver se quiserem ganhar. Fui clara?

Os competidores não responderam e a Comandante tomou isso como um sim. Saiu do dormitório com a cabeça erguida, como se não tivesse acabado de anunciar a aventura mortífera dos competidores.

- O noroeste é a região mais perigosa de toda a dimensão! - disse Pandora aos colegas, desesperada. - É cheia de monstros, assassinos e todo tipo de coisa ruim que você puder imaginar. Eles querem nos matar!

- Eles são uns idiotas - disse Kilyan. - Todos eles dessa dimensão. Galera, vocês não vão acreditar no que eu e Ariela ouvimos antes da segunda prova.

- Eles usam essa competição como um meio de roubar tudo o que nossas dimensões têm direito, todos os nossos recursos! - exclamou Ariela, enchendo-se de fúria. - Atrás do portão da Ala de Enfermagem, eles construíram uma dimensão inteira aqui dentro dessa base, muito mais evoluída do que qualquer outra. Não precisava existir toda essa desigualdade. Se não fosse por esses canalhas da Ômega não existiriam tantas pessoas morrendo na dimensão de Pandora. Todas as cinco dimensões poderiam ser equilibradamente evoluídas e a Omega deveria ser o que sempre imaginamos: uma base de ADMINISTRAÇÃO.

- Hum - resmungou Magnelia. - Vocês acham mesmo que vamos acreditar nisso? Não somos idiotas, ok? Sabemos quando alguém está armando alguma estratégia para ganhar vantagem!

-  Magnelia, não é mentira! - disse Kilyan, sério e suplicante. - Você tem que acreditar na gente! Precisamos arranjar um jeito de acabar com essa soberania da dimensão Ômega!

- Ah, é? - debochou Magnelia. - E como exatamente vocês esperam fazer isso?

- É simples, na verdade - Aarun entrou na conversa. - Se isso que vocês estiverem falando for mesmo real, então basta destruir o Troféu Dimensional, certo?

- Exatamente isso - respondeu Ariela. - Mas precisamos arranjar uma maneira de fazer isso sem tocar no Troféu, porque num único toque de um competidor a competição acaba.

- E precisaremos destruir nossos braceletes para que não consigam nos rastrear e perceber o que estamos fazendo - completou Kilyan. - Correremos sérios riscos de morrer lá, já que não teremos ninguém para nos salvar caso aconteça algo, mas acreditamos que vale a pena o risco.

- Eu consigo fazer explosivos naturais - Aarun disse. - Talvez consiga fazer uma bomba lá mesmo, na dimensão Phi. Podemos jogá-la no Troféu para explodi-lo. Vamos marcar um ponto de encontro para que possamos nos reunir lá. Pandora, você tem alguma ideia de onde exatamente eles vão nos deixar?

- Há altas possibilidades de ser na região do Vale das Sombras, um dos lugares mais perigosos da dimensão. Fica bem no centro da área noroeste, às margens do rio Schlange. Vamos definir algum sinal, como um assovio ou algo assim para que possamos nos comunicar. Quando eu assoviar vocês sigam o som até o lugar em que eu estiver, pode ser?

- Certo - respondeu Kilyan. - Todos estão de acordo então?

Ariela, Aarun e Pandora responderam que sim em uníssono.

- Magnelia, falta só você - disse Aarun.

- Eu não...

- Se nós não destruirmos o troféu, sua dimensão será rebaixada - interrompeu Ariela. - Você foi a pior nas duas provas e consequentemente seria na última também. Você tem chance de se classificar a Phi, sabia? Não vê que isso só vai te beneficiar? A não ser que você queira o pior para todo o seu povo!

Todos encararam Magnelia. A verdade é que Ariela estava realmente certa.

- Está bem então - respondeu Magnelia, desgostosa. - Eu participo do plano idiota de vocês.

Cinco DimensõesOnde histórias criam vida. Descubra agora