Capítulo 21

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Eles já estavam andando há duas horas. O caminho era sombrio, com morcegos atravessando o ar, galhos podres caindo por todo canto, lama preta sujando o chão e o céu sinistro e doentio criando um clima deplorável. Entretanto, não houve nada tão terrível que obrigasse Kilyan a usar sua garra, até Ariela começar a ouvir uma canção. Vozes melodiosas e harmônicas, envolvendo todo o Vale das Sombras.

       "Venha, venha, para nossa imensidão sem fim
         Deixe de lado todos seus conflitos
         E pensamentos ruins
         Vamos lhe mostrar o caminho
         O famoso caminho para o infinito
         É por aqui, siga o som devagarinho"...
        
A canção se repetia várias e várias vezes, conduzindo a mente de Ariela para um lugar que nem mesmo ela entendia. Tudo o que ela sabia era que devia seguir a música, achar o caminho que as vozes falavam... deixar que a melodia a conduzisse. Foi se afastando do grupo, sem se importar. Ouviu, como um som distante, a atraente e ao mesmo tempo preocupada voz de Kilyan chamando seu nome: "Ariela! Ariela! Para onde você está indo, Ari?!", mas tudo o que ela conseguia ouvir com clareza era a canção, cada vez mais linda...

Sentiu suas pernas deixarem o chão e se viu flutuar, como se estivesse pisando em nuvens. Ainda ouvia a voz de Kilyan e dos outros, mas pareciam sussurros, tão baixos que nem dava para entender. Ela se via em uma clareira dourada, rodeada por flores e folhas verdes, quando viu três fadas de uma beleza estonteante, com asas das cores do arco-íris. Eram elas que estavam cantando, elas que a estavam conduzin...

Ariela caiu com tudo no chão, sentindo uma enorme dor nas costas. Ela estava zonza e confusa, quando viu que estava diante de um precipício. Subitamente sentiu alguém a abraçar, e percebeu que era Kilyan. Ele a segurou pelos ombros e a ajudou a se levantar.

- O que aconteceu? - Ariela perguntou, esfregando as costas doloridas.

- As Bruxas do Submundo - respondeu Pandora, massageando suas costas. - Se escondem nas profundezas dos precipícios, cantando canções mágicas para atrair pessoas para suas casas afim de sugarem suas almas. Devia ter sido mais atenta e avisado vocês dessa ameaça, me desculpem.

- Tá... tudo bem - respondeu Ariela, voltando ao normal. - Melhor irmos andando. Acredito que não estamos tão longe da cachoeira.

E assim fizeram. Depois do ocorrido, Kilyan não soltou a mão de Ariela nem por um minuto, resultando em cochichos entre Pandora e Aarun. Algo acontecera entre os dois...

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