Capítulo V

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Pela primeira vez em muitos anos a vergonha me vestiu da cabeça a ponta dos pés, perturbado, traído assenti

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Pela primeira vez em muitos anos a vergonha me vestiu da cabeça a ponta dos pés, perturbado, traído assenti. Um sentimento nunca visto, hoje, envolve-me, decerto minha consciência assombrada e dizendo que se encontra mais viva do que imaginei.

— Foste tu? — Antes nada me assolava, enfim, tenho uma mulher que torna meus demônios mais reais que um vasto conto de fadas. — Não minta, capitão.

— Não sei a que se refere. — O quente líquido escuro soou um belo escape para suas irrelevantes perguntas. — Contudo, o povo já tem seu santo inquisidor.

— Vais permitir que um inocente pague por seus crimes?

— Ela não é inocente. — Um sorriso abriu-se no final da frase e o café havia acabado para essa triste e caprichosa manhã de verão. — Ela matou, ela se condenou.

— Domitila é inocente, ela não matou a imperatriz. — Bradou Charlotte. — Salve essa mulher, George! — Suplicou.

— O imperador o salvará! — Afirmei, todavia me servindo de mais café. — Acredite: ela será a nova imperatriz.

— Não é o que se revela nessa infeliz manhã, Sr. Ward.

O povo condenou a marquesa de Santos e sua moradia fora apedrejada e lamentavelmente suas lágrimas não tiveram força suficiente para comover os desamparados órfãos da saudosa imperatriz e sobre os céus do Brasil a melancolia uniu diferentes credos e naquele dia não havia mais rivais, todos eram irmãos, todos frutos de uma só dor.

Uma tortura em forma de música e com graça e desprezo Charlotte torturava-me massivamente e inexplicavelmente um basta não tinha como profanar, pois, essa mulher detinha a chave de minha paz. Seus acordes ressuscitaram esperança e suas agudas notas traziam o reflexo de minha maldade diante dos meus olhos, não sei como explicar, mas perante as vidraças avistei a multidão que acompanhava em prantos o cortejo final. Eram meninos, jovens, velhos e crianças, não havia cor ou classe todos compartilhavam da mesma dor, todos em uma única sintonia, ligados pela partida de uma grande e bondosa imperatriz.

— Sim! Eu a matei. — Disse adentrando na sala que Charlotte trazia ao mundo a música que amansava e nostalgicamente revelava meus insanos pecados.

— Já sabia, capitão.

— Então, qual o motivo da pergunta?

— Gostaria de ouvir de vossa boca toda a verdade que nega em esconder.

— Qual o seu real objetivo, mulher?

Quando lhe fiz a suposta pergunta estava vestido de raiva, ódio e tais sentimentos que desconheço sua origem ou finjo já não lembrar.

— Solte-me está me machucando.

Não imaginei o tamanho de minha ira, entretanto, avistei o vermelho que se formava sobre seu braço e arrependimento tomou-me como em um dia de forte tempestade.

— Perdão. — A vergonha aclamava em minhas palavras, a vergonha reluzia em minhas vestes e atitude de meu corpo. — Não consigo me livrar de vossa mirada, todavia, a senhorita me enlouquece.

— Com sua licença, mas irei rezar pela imperatriz e almejo que meu filho esteja vivo. E, assim, ele não tenha que conviver ao lado do cruel homem que a vida me presenteou.

Maldição! Desejo matá-la e acabar com essa horripilante tortura que varre cada dia um pedaço da paz que me sobrou, Charlotte, qual é seu real objetivo, mulher? Diga-me antes que sua bondade me transforme por completo.

Açúcar: A vingança do barão/ Livro 2 da série Açúcar.Onde histórias criam vida. Descubra agora