O que poderia fazer? No estado que me encontro, infelizmente, nada. E se uma alma viva não adentrar sobre essas portas temo que encontrarei quanto antes do desejado a mulher da minha vida.
Eu havia esquecido, eu sou um espírito, e posso adentrar em seu corpo e ler seus pensamentos e mesmo que não lhe agrade irei saber de seus segredos mais sombrios. Antes que permitisse essa ousada trapaça esse maldito covarde a quem desejo a morte arrombou a porta e munido de uma mera espada como se fosse um cavalheiro declarou-se o salvador de minha preciosa e amada Charlotte.
— Irei salvá-la e nem uma pedra lhe atingirá enquanto zelar por sua vida. — Profanou e de tão convencido acredito que ele se convenceu de suas incapacidades.
Salvar?
Seus pensamentos estavam vivos e navegavam com tranquilidade sobre os meus, tudo que Charlotte sentia, podia sentir igualmente. E nesse breve segundo quando o Sr. Capitão Coração adentrou sobre aquelas portas munido de grande valentia, ela já não sabia se ele, o Sr. Barbosa, era de fato um homem de confiança, afinal, ele era um pirata assim como os piratas que a sequestraram.
— Não confio em vós, Sr. Barbosa! — Ela se esquivou para perto da parede e no momento os piratas que a raptaram mostravam ser mais sinceros do que aquele homem a qual teve o prazer ou a infelicidade de se apaixonar.
— Sou, eu... — Ele respirou profundamente. — Não temas, deixe ajudá-la.
A confiança fora quebrada o laço da harmonia estava partido e mesmo que desejasse já não podia acreditar no que os ouvidos tanto escutaram, ou no que seus olhos um dia teimaram em ver, ou, até mesmo no que mandava seu insensato coração.
Por um instante ela se desconectou do mundo e lembranças do passado foram ressuscitadas.
O diálogo pesado e tórrido entre Fernando e Alicia fora olvidado e sobre sua mente ela viajou e viajou a lugares até então esquecidos. Recordou da infância e sorriu, lembrou que era feliz com coisas insignificantes e destas nada remetia ao luxo. Brincadeiras infantis tinham sabor de açúcar e os loucos desenhos nas nuvens eram como um baile de debutante, sim, uma garota que deixava a inocência para renascer em um corpo de mulher. O primeiro beijo não poderia ser esquecido e naquele dia nublado de outono em que as folhas caiam ao chão e pintavam o solo com seu toque alaranjado ela beijou o filho do jardineiro. O romance começou no outono e se estendeu até o findar dos dias mais gélidos do inverno. Quando a primavera denunciava sua chegada, ambos morriam de amores, mas esse romance estava fadado ao fracasso e mesmo que desejassem um ao outro o amor não superou os preconceitos da época.
No verão a gravidez não podia ser ocultada e o desprezo refletia na face de seus pais, por um instante acreditou ser uma irresponsável. Charlotte superou as adversidades e a velha, Londres deixou no esquecimento e os campos frios e úmidos da Nortúmbria abraçaram essa família como seu novo lar.
Sete anos se passaram e quando a paz parecia ser uma realidade o mal floresce na pele de seu tio desconhecido e amaldiçoado, Sr. George Ward, o barão de Liverpool.
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Açúcar: A vingança do barão/ Livro 2 da série Açúcar.
Historical FictionO temido barão George Ward Alarcon está de volta para varrer a terra com o sangue dos inocentes. Culpados ou não para ele pouco importa basta cruzar o caminho desse ser provido de ódio, trevas e amargura. E prepare-se para conhecer o ceifador honro...