Capítulo XII

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Ela bebia, ela comemorava e seu luto nunca foi real, nem deveria, teve uma serpente ao seu lado, um dragão, um cavaleiro do apocalipse, todavia paz e liberdade era o mínimo que a bela e amada Charlotte necessitava

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Ela bebia, ela comemorava e seu luto nunca foi real, nem deveria, teve uma serpente ao seu lado, um dragão, um cavaleiro do apocalipse, todavia paz e liberdade era o mínimo que a bela e amada Charlotte necessitava. Embalado e esculpido pelas trevas não importa, eu, fora assassinado e mesmo sendo um fardo repito e afirmo alguém me assassinou.

Nessa nova realidade o destino me moldou e o que mais enojei vestiu-se contra a minha vontade e agora vago sem rumo pelo mundo, deveras perambulo em busca de tranquilidade e o que encontro são gritos de lamúria e nesse novo eu, eu, sou um fantasma.

Eles me atropelaram e em pedaços acreditei estar, porém, esse desejo era impossível, pois não estava visível aos olhos humanos e a cavalaria da guarda real passou como em brado retumbante deixando-me perplexo com sua brutalidade e selvageria. Ao seu comando estava o intendente geral da polícia Sr. Antônio Pedroso e pelo semblante que apresentava acredito que o mesmo tem em mãos seu suposto assassino.

Apesar de sentir um grande alívio temi pelo que iria presenciar, afinal, seria este suspeito o meu verdadeiro assassino?

As ruas de pedras que tanto galopei, beijos ardentes e mulheres que mentiras em seus ouvidos narrei hoje não passam de meras palavras que foram jogadas ao vento e o mesmo sem piedade ao mundo desprezou. Doendo e partindo por completo o meu espírito o presságio do esquecimento me consome com uma força sem medidas e desse pecado não poderei esquecer.

O caminho é real, irreal, é o percurso, pois minha morada deveria ser as profundezas do inferno e neste intervalo me encontro nos portões brancos com bravos leões de pedra que emolduram o pórtico da entrada dessa louca, sombria e vulgar mansão. Quando comprei ela não passava de uma casa grande qualquer e sua história não me importava, mas quando ousei conhecer perdi essa oportunidade e como consequência as masmorras inglesas serviram como palácio. Não sou merecedor de pena e nem desejo comoção, porém quando adentrei pela segunda vez e tive o prazer de refugiar-me o mundo presenteou este esnobe homem com um sentimento do qual jamais acreditei existir. No alvorecer dos dias imaginei estar enlouquecendo e luxúria tentei convencer, mas, não, e quando o sufoco e o fogo queimavam bravamente a liberdade desejei. Este sentimento não era desconhecido fora apenas esquecido, sepultado sobre o orgulho que possuía e infelizmente para minha soberba ele floresceu em meio ao inverno avassalador da qual minha alma se enclausurou.

— Srta. Ward? — O intendente geral da polícia gritou e movido depressa adentrou roubando a calmaria daquela que um dia foi a minha residência.

— Acaso lhe incomodo? — Perguntou indignada a gulosa Germana. — Aceita um bolinho?

— Não! — Respondeu todo o rude o velho intendente. — Chame sua senhora ou terei que subir as escadarias.

Seria Charlotte a suposta mulher que ousou me assassinar, mas, ao observar aqueles lindos fios de cabelos dourados que refletiam diante do espelho uma tranquilidade incendiou a minha perturbada alma e acredito que maldade não possa fluir dessa mulher, motivos, sim, porém, não acredito que essa mulher sujou suas preciosas mãos com sangue de uma praga que à terra lentamente irá jogar no esquecimento.

Açúcar: A vingança do barão/ Livro 2 da série Açúcar.Onde histórias criam vida. Descubra agora